A DW África saiu à rua para saber
o que pensam os angolanos sobre os primeiros 365 dias do Presidente JLo no
poder. As opiniões dividem-se: há quem destaque o combate à corrupção e quem o
acuse de "artimanhas políticas".
João
Lourenço tomou posse há precisamente um ano, a 26 de setembro de 2017.
Quando assumiu funções, o terceiro chefe de Estado angolano assumiu o
compromisso de "tratar" dos "problemas da nação" ao longo
do mandato de cinco anos com uma "governação inclusiva".
"Neste novo ciclo político,
legitimado nas urnas, a Constituição será a nossa bússola de orientação e as
leis o nosso critério de decisão", apontou na altura João Lourenço,
falando pela primeira vez como novo Presidente de Angola.
Desde aí, a administração de JLo,
como é conhecido, continua a surpreender angolanos com discursos e algumas
ações tais como as exonerações de vários gestores públicos, onde foram alvos
figuras como a empresária Isabel dos Santos e José
Filomeno dos Santos (Zenú), ambos filhos do ex-Presidente José Eduardo
dos Santos. Zenú está em prisão
preventiva pelo envolvimento numa transferência
ilícita de 500 milhões de dólares e pela má gestão no Fundo Soberano
de Angola.
Exonerações implacáveis
Em apenas um ano de governação,
cidadãos angolanos, na sua maioria jovens, começam a acreditar num futuro
melhor para o país, tudo devido algumas aberturas que estão se verificar no
mandato de João Lourenço.
Os populares entrevistados nas
ruas de Luanda deram nota positiva às exonerações e também às recentes
detenções de ex-governantes. No último ano, o Presidente angolano afastou pelo
menos 230 governantes, administradores de empresas públicas e altas chefias
militares - e o povo passou a chamar-lhe "exonerador implacável".
O estudante de medicina Áureo dos
Santos diz que agora já se pode falar de combate à corrupção em Angola.
"Ele está trabalhar para as questões sobre a corrupção no nosso país. Está
a forçar as pessoas a acabar com as práticas de suborno, afirma o jovem, que
elogia também as políticas de investimento privado no setor do turismo.
"O país estava dependente do
petróleo e ele quer diversificar a nossa economia, dando oportunidade aos
empresários estrangeiros. E isso é importante para o desenvolvimento do
país", sublinha Áureo dos Santos.
Política externa mais aberta
Para Sidney Jorge, estudante de
Relações Internacionais, neste primeiro ano de governação o Presidente da
República procurou conquistar a confiança da comunidade internacional. "A
política externa do país está num processo de mais abertura para com outros
atores internacionais. O Presidente está nos Estados Unidos, onde vai tratar
vários assuntos para o país, e isso é vantajoso", diz.
António Pinto e Quintas
Francisco, ambos funcionários públicos, apontam as exonerações como o ponto
mais alto da governação. E defendem que João Lourenço deve trabalhar com
pessoas comprometidas com o país. "O Presidente tirou certas pessoas que
não estavam a fazer nada nos cargos que ocupavam", lembra António Pinto.
"Se continuar assim, tirando aqueles que não fazem nada, acho que vamos
ter uma Angola boa para viver e sentir orgulho de sermos angolanos",
sublinha Quintas Francisco.
Mas também há quem quem não veja
melhorias com o mandato de João Lourenço. O estudante Jair Pedro entende que o
Presidente angolano só quer ganhar a confiança do povo com exonerações e
discursos de combate à corrupção, para que votem nele no próximo mandato.
"Não acho que ele está a
tentar fazer o que é certo, combatendo a corrupção. É só mais uma artimanha
para ele ter mais credibilidade que o Zedú (José Eduardo dos Santos) e para
recuperar a confiança de outros países", afirma o jovem angolano.
"Ninguém é perfeito"
A verdade é que ainda não há nada
de relevante na política social da administração JLo, fora os concursos
públicos para admissão de novos professores e enfermeiros. Ainda assim, alguns
cidadãos acreditam que o Presidente poderá cumprir as promessas.
"Já se notam alguns passos,
mas não é suficiente porque sente-se ausência da resolução das questões sociais
como o saneamento básico e a saúde", afirma Sidney Jorge.
"Ninguém é perfeito. Estamos
todos sujeitos a errar. Se ele se levantou e disse que é a capaz de ajudar a
melhorar o país, acho que vai fazer o melhor", acredita Quintas Francisco.
António Pinto afirma que João
Lourenço precisa de mais tempo para mudar o país. "As pessoas devem
entender que não é em apenas um ano que ele vai dar emprego a todos", alerta
o funcionário público.
Borralho Ndomba (Luanda) |
Deutsche Welle
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