domingo, 9 de setembro de 2018

Mari Alkatiri, o político por detrás da crítica, o homem por detrás da politica!

Eusébio Corsino Araújo | Opiniaun | Business Timor

Mari Alkatiri, nasceu em Díli em 1949, filho de uma família que se faz em Timor XIX. Estudou em Angola e na altura da ocupação chegou a desempenhar uma profissão de agrimensor mas entre os nacionalistas já era uma figura muito ouvida nesse tempo. Foi então, um dos fundadores da Clandestinidade do Movimento para a Libertação de Timor-Leste, em Janeiro de 1970, e uma Associação Social-Democrata de Timor-Leste, que seria um cidadão da criação da Fretilin em 1974.

Depois de ter concluido o Liceu em Dili continuou os seus estudos de Topografia e Agrimensura em Luanda, Angola, sendo graduado em 1972, e durante a ocupação, cumprindo as ordens do CCF, partiu para Moçambique, onde se licenciou em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane sendo o responsável pela delegação externa da Resistência Timorense e entre os anos 1992 a1998, exerceu a função de Assessor Jurídico Senior numa Sociedade de Consultores Jurídicos em Maputo e Assessor de Direito Internacional e Direito Constitucional no Parlamento de Moçambique onde viveu até Outubro de 1999, altura em que regressou a Timor para assumir funções no I Governo de transição como Ministro dos Assuntos Económicos, assumindo depois a chefia do II Governo Transitório a seguir às eleições livres de Agosto de 2001 para a Assembleia Constituinte e o cargo de Primeiro-Ministro após a independência do país, a 20 de Maio de 2002.

Esse quase quarto de século fora de Timor é hoje usado como argumento político para desvalorizar a figura de Alkatiri, ridicularizando uma das três frentes históricas da luta pela independência de Timor-Leste, a facção armada, a política interna e a diplomática, acusando-o de “criar coelhos e galinhas nesse tempo, como se a ser verdade e a ser fruto da necessidade de subsistência familiar de Mari, isso tivesse qualquer relevância politica a não ser a capacidade de adaptação e de trabalho de Alkatiri. Entre isso e a vontade de criar abóboras de outros nada acrescenta ao debate politico nem à História de Timor-Leste que o tempo perpetuará.

Muçulmano moderado e tolerante num país onde a Igreja Católica manteve viva uma ideia de identidade diferente da do ocupante, Mari Bim Amude Alkatiri foi o primeiro primeiro-ministro do Timor-Leste até 2006, altura em que se demitiu para tentar acalmar o clima de violência que se vivia nas ruas e evitar segundo as suas palavras “governar sobre cadáveres”.

Mari Alkatiri no seu primeiro governo revelou ser um político lúcido, nacionalista, mas não populista tendo centrado a sua política na defesa dos interesses de Timor, assumindo que eles não coincidiam necessariamente com os da Austrália. A História não poderá negar e os números actuais do Fundo Petrolífero de Timor-Leste são a melhor prova de que nas negociações sobre a partilha dos recursos do petróleo Alkatiri lutou por uma maior autonomia de Timor-Leste e uma mais equitativa partilha dos benefícios. 

O Fundo Petrolífero de Timor-Leste, criado propositadamente para gerir os lucros do petróleo, foi inspirado no modelo da Noruega para evitar que o súbito fluxo de dinheiro proveniente da exploração do petróleo acabasse por servir de incentivo à corrupção das instituições ainda frágeis do jovem país e esse mérito pode Alkatiri reclamar.

Mari Alkatiri, que salvou Timor da gula do petróleo, nunca teve, contudo, direito a imagens românticas. Não correspondia ao estereotipo sexy do combatente nas montanhas que a imprensa internacional queria receber destas paragens nem ao charme ocidentalizado e romântico do Nobel da Paz e diplomata Ramos-Horta, o que é uma boa lição sobre os enganos que o jornalismo das causas consensuais pode alimentar. A 14 de Fevereiro de 2006, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, uma das mais altas distinções das ordens honorificas portuguesas, o que diz bem do reconhecimento internacional de Mari Alkatiri, além do o prémio 'Lifting uptheworldwith a Oneness'–agraciado durante a sessão 58 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em Nova Iorque a Outubro de 2003- onde se incluem outros recipientes como Nelson Mandela, o Papa João Paulo II ou Madre Teresa, o que fala por si próprio.

Mas a verdade é que há no trabalho político de Alkatiri um corpo rigoroso de ética estadista, desses entregues ao serviço público e à defesa dos interesses do seu país e do seu povo acima de tudo. Dezasseis anos depois da recuperação da sua independência, que a Fretilin ousara declarar em 1975, se hoje Timor-Leste consegue, apesar de todas as vicissitudes, existir como Estado, ao trabalho de Alkatiri se deve.

Mari Alkatiri enquanto secretário-geral da Fretilin e líder da oposição após 2007, manteve uma postura construtiva e colaborante o que lhe valeu até duras críticas sobretudo após o cargo de presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecusse, o enclave leste-timorense na metade ocidental da ilha a ser transformada em Zona Especial de Economia Social de Mercado, conceito que tanto abraça e defende. 

O projecto ZEESM pretende fazer de Oé-cusse, considerado o berço da nação timorense, um pólo de desenvolvimento nacional, regional e sub-regional, com a criação de um aeroporto, estradas e pontes, hotel, hospital, etc. Iniciado em 2015, Mari transformou no espaço de 4 anos o figurino do Oé-Cusse, passando de região inóspita e isolada, a motor de desenvolvimento e referência nacional, com Alkatiri, mais uma vez, a trabalhar para o desenvolvimento de Timor-Leste independentemente das críticas e da má imprensa que sempre teve.  

Com as penúltimas eleições, Mari assumiu de novo o cargo de Primeiro Ministro e com essa renovada esperança e capital de capacidade demonstrada de gestão encarou o desafio com uma equipa ministerial alargada, envolvendo parceiros políticos e membros reconhecidos da sociedade civil. Então com Ramos-Horta do seu lado, com a Igreja acreditada num homem novo que, entretanto, com a idade e experiência se soube renovar, Mari consegue inclusive ganhar a confiança das instituições civis, militares e de segurança. É agora, apesar das criticas, mais aberto à mudança, mais confiante e mais dialogador sem perder a noção da responsabilidade e da necessidade de combater a pobreza e promover o desenvolvimento sustentado do seu povo.

Porém, as cadeiras do Parlamento não o favoreceram e o fantasma do passado não deixa de o perseguir pelo que não conseguiu evitar que o impasse politico se instalasse no seu novo governo. Nos dias difíceis de combate político que se seguiram após as eleições, em muitos casos num cenário de surdos e de indiferença para com o Estado e o povo Mari, agora como primeiro-ministro do VII Governo,soube encontrar o equilíbrio na gestão casuística dos momentos até ao momento em que por força das circunstâncias o Presidente Lu Olo se vê perante a necessidade de convocar novas eleições. Eleições essas, cuja campanha correu num ambiente de calunia, difamação e ameaças pessoais à figura de Mari Alkatiri e que montada numa estratégia de conquista de poder por parte da coligação entre Xanana e Taur Matan Ruak acabou por ser vencedora. A ignorância em que estes sempre quiseram manter o povo deu frutos e chegam novamente ao poder no VIII Governo. 

Aqui chegados, ainda assim, Mari Alkatiri não é poupado e diariamente os órgãos de propaganda desta máquina maquiavélica de poder lança ataques pessoais e de carácter à sua pessoa. Não é a Fretilin que é visada, não é a figura do seu Secretário Geral que agora na oposição mantém uma postura de sentido de Estado e de equilíbrio, prova até pela recente aprovação em Parlamento do Orçamento de Estado na generalidade mas sim o homem e personalidade histórica de Mari.

Num dia é acusado de corrupção, no dia seguinte de má gestão, no outro de não ser católico e a perseguição pessoal política espalha-se pelas redes sociais e até órgãos de informação que sem critério, ética ou princípios replicam essas calúnias como se de factos provados se tratassem. Por estes dias é apontado como o responsável pelo desaparecimento de 20 milhões como se fosse Mari um prestigiado ilusionista por aqueles que durante a última década, esses sim, fizeram literalmente desaparecer 7 biliões do fundo de infraestruturas sem que um km de estrada sem buracos se veja no território. Os 20 milhões se desapareceram talvez estejam mais nos bolsos daqueles que têm apartamentos na Expo em Lisboa ou que se divertem em festas privadas no Bali que na conta pessoal de Mari.

Mari, nunca foi e porventura nunca terá querido ser, um líder populista e passou sempre uma imagem de exigência, rigor e isenção que não agrada certamente, a uma cultura de corrupção e nepotismo, alimentada pela aculturação indonésia de outros tempos, mas daí a ser parte daquilo a que os seus detratores o querem colar vai uma enorme distância. A política em Timor-Leste ainda não se libertou da guerrilha das montanhas nem do jugo de poder de alguns líderes populistas e apenas preocupados com a salvaguarda dos seus interesses pessoais.  

A memória do povo é curta e ninguém parece mais interessado em saber quem e porquê perpetuou o atentado a José Ramos-Horta, ou da lista de 16 companhias que venceram em 2008 contratos de fornecimento de arroz, em negócios que totalizaram 56 milhões de dólares, ou quem ordenou o ataque contra os militares da GNR em Julho de 2009, ou de quem partiu a ordem para calar de vez Mauk Moruk ou das verdadeiras razões da expulsão dos juízes portugueses, entre muitos outros factos que têm feito parte do dia a dia de Timor-Leste sem que a verdadeira história seja contada. Não, o importante é destruir politicamente Mari Alkatiri e talvez o consigam, mas, seja qual for o desfecho deste braço de ferro entre adversários que outrora foram irmãos e que hoje para o futuro da nação deveriam ser camaradas, o que é facto indiscutível é que pesem todos os reveses que Alkatiri tenha sofrido no seu percurso politico já ganhou o seu lugar na História de Timor-Leste.

Hakerek nain hosi: Eusebio Corsino Araujo (Mau Laka CASCOL) | Business Timor – loron 03 Setembru 2018

  
- Publicado em Timor Agora

Síria | A ofensiva de Idleb, as encenações e o resto



A guerra contra a Síria regressa às primeiras páginas. Na iminência de perderem Idleb, o bastião mais importante que ainda têm em seu poder, os batalhões terroristas - "moderados" ou não - e a coligação de potências ocidentais que os sustenta criam um clima de terror e mistificação em que abundam as palavras "massacre" e catástrofe humanitária, sem esquecer o alarme contra um possível novo ataque com "armas químicas". Para isso, os "Capacetes Brancos" estão no terreno com as suas equipas de encenação, à espera do momento indicado pelos serviços secretos britânicos. Tudo para que a agressão continue, apesar das vitórias do exército sírio e seus aliados.

Na foto: Idleb, cidade síria onde a paz também foi roubada pelo terrorismo internacional financiado por grandes potências

O ANTÍDOTO PARA A PROPAGANDA GLOBAL

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Escarificação – Cultura ou Violação dos Direitos Humanos?


O conceito de cultura é polissémico e complexo, inclui várias dimensões, como as crenças, a moral e os costumes, entre outras. Nesta perspectiva, a escarificação é cultura ou violação dos direitos humanos?


Na linha de pensamento de Edward Tylor, a cultura como um todo engloba grande variedade de culturas em que cada uma delas é característica de um certo grupo de indivíduos, daí que, conforme advogava o grande mestre das Ciências Sociais, Marcel Mauss, qualquer investigação etnográfica apresenta sempre dificuldades subjectivas. Este grande nome da etnologia e da antropologia, Mauss (1950), professor do Institut d’Ethnologie da Universidade de Paris I – Sorbonne, já falecido, defendia que para qualquer estudo de âmbito sociológico há princípios de observação a respeitar para procurar-se a objectividade, tanto na exposição como na observação.

É precisamente imbuído desse espírito, aceitando que o conceito de “cultura” (ou “culturas”) nem sempre acarreta consensos, e ciente de que se deve respeitar as diferentes partes que integram os fenómenos sociais (geografia humana, religião, língua, etc.), entendi que poderia ser interessante partilhar algumas fotografias que postei na minha conta do facebook. Estas imagens incríveis, praticamente todas da autoria do fotógrafo francês Eric Lafforgue, referem-se à técnica da escarificação (marcas realizadas na pele com lâmina ou outro objecto cortante) praticada em alguns países.

Trabalho de Eric Lafforgue

O fotógrafo viajou por vários países africanos para melhor compreender a técnica da escarificação. Numa entrevista concedida ao Daily Mail, Eric Lafforgue terá referido que uma rapariga de 12 anos de idade, em sessão de escarificação, terá permanecido em silêncio durante 10 minutos. No final terá confessado que “estava à beira de um colapso” mas que o importante era ficar com as marcas, um sinal de beleza dentro da tribo, e que não tinha sido obrigada.

Ao ler os comentários de reacção às imagens postadas na minha conta do facebook achei interessante verificar que as opiniões diversificavam em função das origens socioculturais de cada interveniente. Alguns dos comentaristas estavam totalmente a favor da escarificação. Na opinião destes, as escarificações simbolizam os costumes dos países em questão, tais como o processo de transição de rapaz para adulto, a forma de ostentar a beleza das mulheres ou para diferenciar as tribos. Outros participantes, com opiniões diametralmente opostas, de reprovação total, alegaram que é uma óbvia violação dos direitos humanos à luz da Carta Universal dos Direitos do Homem.

*Publicado em Jornal Tornado

M. Azancot de Menezes, Díli, Timor-Leste

*Professor universitário

*M. Azancot de Menezes também colabora no Timor Agora e no Página Global

- Documentado com várias imagens no original,  Jornal Tornado

O que relatório do Pentágono realmente revela sobre poder militar da China?


A crescente capacidade de defesa de Pequim é destacada no recente relatório do Pentágono sobre o poder militar da China, diz Dean Cheng, perito da Fundação Heritage e especialista em questões políticas e de segurança na China, em um artigo para o The Daily Signal.

Desde 2015, quando Pequim interrompeu a publicação de seus "Livros Brancos de Defesa", "há poucas boas fontes de informação sobre um dos maiores exércitos do mundo", relato o analista, enfatizando a importância do documento americano e explicando seus destaques.

A edição deste ano do relatório analisa as implicações da Iniciativa do Cinturão e da Rota da Seda, embora a considere um projeto principalmente econômico e político, "com um impacto militar direto limitado".

Segundo o analista, esta análise reflete a abrangente abordagem chinesa em relação à segurança nacional.

Para entender "o desafio" que Pequim significa para os EUA, é necessário "incorporar não apenas as preocupações" sobre o Exército e o Governo chineses, mas também "a consideração de seu compromisso diplomático e econômico em todo o mundo".

Cheng relata que no relatório estão incluídas as mudanças que ocorrem desde dezembro de 2015, além das reformas fundamentais no Exército Popular de Libertação, proporcionando "uma nova imagem das várias melhorias" nas Forças Armadas da China.

O documento aborda o alcance crescente do Exército chinês, que supostamente está adquirindo capacidades que lhe permitiriam atacar os EUA, e destaca a triplicação do número de efetivos de seus "fuzileiros navais" como "uma das mudanças estruturais mais importantes [da Marinha] em 2017".

Outro fato relevante, segundo o analista, foram as mudanças na organização e na doutrina do Exército Popular de Libertação, com destaque para as reformas realizadas pela Comissão Militar Central.

Agora que a comissão inclui o ministro da Defesa e a recém-criada Comissão Central de Inspeção Disciplinar, responsável pela erradicação da corrupção, é sugerido que o foco "está nas capacidades de combate e também na disciplina política e geral", garante o perito.

Pequim alega que tal relatório contribui para estimular a ideia de "ameaça chinesa", enquanto o especialista argumenta que, na realidade, é "a falta de transparência, o alcance e as melhorias objetivas" das capacidades da China que geram "um sentimento de ameaça", e não o relatório propriamente dito.

A China rejeitou firmemente as conclusões do documento, alegando que o Pentágono distorce suas intenções estratégicas, enquanto o porta-voz do Ministério da Defesa da China, Lu Kang, explicou que o programa de modernização do exército visa defender "os interesses de soberania, a segurança e o desenvolvimento do país", além de "salvaguardar a paz, a estabilidade e a prosperidade em todo o mundo".

Sputnik | Foto: REUTERS / China Daily

Chemnitz, uma cidade alemã comprovadamente nazi


Chemnitz é uma cidade do estado da Saxónia, na Alemanha. Localiza-se no leste do país. A sua aglomeração urbana, incluindo a cidade de Zwickau, tem cerca de 350 mil habitantes. Entre 1953 e 1990 designou-se Karl-Marx-Stadt, assim consta na Wikipédia.

As manifestações nazis e ataques a refugiados e imigrantes, as mortes causadas, não deixam sombra de dúvidas que Chenmitz é uma cidade alemã comprovadamente dominada pelo nazismo, com todos os condimentos do racismo e da xenofobia.

Na Alemanha a extrema direita, o nazismo, cresce com a rapidez dos fungos. Isso não está a acontecer a um país historicamente estranho a tais políticas de desumanidade. Aliás, por grande parte da Europa os partidos e as ideologias próximas ou impregnadas pelo nazismo estão cada vez mais descarados. Chamam-lhes populistas… São só isso? 

Fascistas, nazis, racistas, xenófobos, carrascos assassinos da humanidade, é o que são.

Como Chemnitz existem outras cidades. E de governos de países da UE e suas imediações que, parcial ou totalmente, são ocupados por nazis mascarados de democratas de direita.

Redação PG

Sinais do isolamento de Merkel são cada vez mais claros - opinião


Ministro Seehofer volta à carga contra a chanceler federal e deixa claro que conservadores alemães não falam mais a mesma língua, observa o jornalista Jens Thurau.

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, andava quieto. Depois de semanas tumultuadas, nas quais a parceria estreita e de décadas entre os dois partidos conservadores alemães, a CDU e a CSU, fora questionada abertamente, os ânimos voltaram a esfriar. Mas, se a chanceler federal Angela Merkel pensou que o pior já passara, se enganou.

Seehofer chamou a questão de como lidar com a imigração de "mãe de todos os problemas". Primeiro, numa reunião interna, depois em público. E enumerou tudo o que aconteceu desde que, há três anos, o "Nós vamos conseguir" de Merkel deu um nome a uma política de refugiados relativamente liberal: a sociedade se dividiu, o partido populista AfD se estabeleceu como uma força à direita dos partidos conservadores e a reputação dos partidos tradicionais junto aos alemães se erodiu cada vez mais.

Então tudo isso é consequência da política de refugiados? É uma questão complexa e difícil de responder. Talvez a resposta mais próxima da verdade seja dizer que o acolhimento de pessoas ameaçadas de todo o mundo foi o catalisador de muitos conflitos internos que já existiam há muito tempo: leste contra oeste, democracia liberal contra "democracia guiada", papel e significado do Estado de Direito, questões sociais.

Mas fica cada vez mais nítido, e pelo jeito Seehofer quis destacar isso mais uma vez, que apesar de todo o horror diante das manifestações e da perseguição a requerentes de refúgio em Chemnitz, a chanceler não tem mais maioria favorável à sua política de refugiados. Nem na Alemanha, nem na Europa.

Por falar em Chemnitz: com alguns dias de atraso, fica claro que, na análise dos acontecimentos, não se encontra mais um linguajar comum entre os conservadores. A chanceler fala em perseguição e é contestada pelo governador da Saxônia, Michael Kretschmer, que como Merkel também é membro da CDU. E também Seehofer observa que ele entende a indignação das pessoas se requerentes de asilo assassinam um alemão, como teria acontecido em Chemnitz.

Internamente, Merkel disse constantemente que o motivo pelo qual ela se candidatou a chanceler federal nas eleições de 2017 foi a preocupação com o dilaceramento da sociedade alemã, com uma possível devastação da União Europeia.

Um ano depois fica cada vez mais claro: até agora, ela não avançou nem um passo. A Europa elege populistas (Itália), cai cada vez mais no nacionalismo (Reino Unido e outros), esvazia o Estado de Direito (Polônia). E, na Alemanha, os descontentes, os radicais, aqueles que desprezam a democracia, os adversários internos só conseguem chegar a consenso em um ponto: a culpa é de Merkel.

O que mantém Merkel no poder é o fato de que a erosão atinge outros partidos de maneira até mais forte do que a CDU – a começar pelo SPD e pela CSU na Baviera. Mas por quanto tempo isso ainda vai continuar? Já se cria o sentimento de que Merkel está se isolando na chancelaria federal – um sinal perigoso.

Há dez dias que toda a Alemanha olha para Chemnitz, vê cidadãos furiosos, extremistas de direita que procuram a violência, simpatias abertas por slogans nazistas. E uma poderosa manifestação contrária por meio de um show de rock organizado por pessoas que, há tempos, já não se preocupam somente com a política de refugiados, mas com o clima que predomina no país, com a sociedade, com o futuro da democracia.

E Merkel? Ela também irá a Chemnitz – mas só em outubro. A data exata ainda está em aberto.

O clima na Chancelaria Federal está cada vez mais solitário.

Jens Thurau (rk) | Deutsche Welle | opinião

Alemães têm mais medo de Trump que de terrorismo


Risco de que políticas do presidente americano tornem o mundo mais perigoso ocupa primeiro lugar na lista de temores dos alemães, aponta estudo. No ano passado, ataques terroristas eram principal preocupação.

Antes mesmo da posse de Donald Trump, diversos analistas internacionais já temiam que o seu mandato provocasse agitações pelo mundo. Alguns tuítes depois, tal receio se confirmou. Mas pensar que o novo homem na Casa Branca possa tirar o sono de muitos alemães ainda causa surpresa.

De fato, o presidente dos EUA, que gosta de se vangloriar de seus atos usando superlativos, pode reivindicar mais um deles: o medo de um mundo mais perigoso devido às políticas de Trump ocupa o primeiro lugar no estudo "Os Temores dos Alemães 2018".

Na pesquisa do ano passado, o antigo magnata do setor imobiliário sequer aparecia na lista. Agora, com 69% das menções, a política de Trump se tornou o maior pavor dos alemães.

Realizado pela 27ª vez e financiado pela companhia de seguros alemã R + V-Versicherung, o estudo aponta que o medo da política americana supera todos os outros temores – mesmo aqueles decorrentes do terrorismo e de outros tópicos frustrantes, como desavenças no âmbito do governo federal, disputas em torno da imigração e pagamentos a países altamente endividados da União Europeia (UE).

É verdade que a grande maioria dos cidadãos alemães está consideravelmente preocupada com tensões provocadas pela imigração, disse Brigitte Römstedt, porta-voz da R + V. Mas no contexto da política mundial, "tais preocupações são visivelmente ofuscadas".

"Mais de dois terços dos alemães estão aterrorizados com o fato de que as políticas de Trump possam tornar o mundo mais perigoso", aponta.

Seria de se supor que a maioria dos alemães se veja a uma distância segura das políticas de Trump. Mas eles se sentem de fato ameaçados pelas ações do presidente americano.

"Ficamos surpresos com os resultados", disse em entrevista à DW o cientista político e diretor do estudo, Manfred Schmidt. A explicação é óbvia. Trata-se de uma preocupação no campo da política internacional, a qual tem grandes implicações para as políticas externa e de segurança alemãs.

Em sua crítica à política de segurança dos países europeus e da Otan, Trump mostra estar pronto para uma grande mudança de rumo – o que teria consequências para toda a arquitetura da política de defesa alemã.

"Isso porque nós até agora acreditamos que o poder protetor dos Estados Unidos nos garantiria a segurança de que precisamos e que não podemos conseguir através de nossos próprios meios. A Alemanha estaria indefesa sem a ajuda dos americanos", avalia Schmidt. Nesse sentido, a política externa dos EUA se torna um assunto alemão.

"Creio que esse é um dos maiores desafios das políticas externa e de segurança da Alemanha – um desafio para o qual a política alemã ainda não está bem preparada", considera Schmidt. 

Refugiados e confiança nos políticos

Conforme o esperado, outros temas abalam os alemães além das relações transatlânticas, tal como a questão dos refugiados. Com 63% e, portanto, seis pontos percentuais abaixo do primeiro lugar, aparece a preocupação de que a Alemanha esteja sobrecarregada devido ao alto número de refugiados. No ano anterior, tal ponto preocupava 57% dos entrevistados, ficando em sexto lugar.

Além disso, 63% dos cidadãos temem que o maior afluxo de estrangeiros cause tensões entre alemães e estrangeiros que vivem no país – dois pontos percentuais a mais do que no ano anterior, ocupando o terceiro lugar no estudo atual.

Em quarto lugar, com 61%, está o medo de que os políticos estejam sobrecarregados com suas tarefas. O resultado foi seis pontos percentuais maior que o do ano anterior (55%, oitavo lugar).

"O medo de que a política esteja fora de controle é inequívoco e está por trás das preocupações expressas não apenas neste ano, mas também em anos anteriores", afirma Schmidt.

Segundo ele, o temor de que a chegada de solicitantes de refúgio e migrantes econômicos sobrecarregue o país e as autoridades também se reflete na preocupação de que as autoridades não possam assegurar garantias elementares. A frustração política também se deve à frustração com as demoradas negociações para a formação do novo governo após as eleições de 2017.

"Provavelmente também pesa a desunião da grande coalizão de governo, assim como a divisão dos partidos da União (CDU e CSU) em questões importantes, também quanto à política de refugiados", avalia Schmidt.

Na primeira posição no estudo do ano passado, o medo do terrorismo caiu para o quinto lugar, com 59%. Em 2017, tal preocupação obteve 12 pontos percentuais a mais. Para os responsáveis pelo estudo, isso se deve ao fato de que, felizmente, grandes ataques terroristas não se materializaram nos últimos tempos.

Nas posições de seis a dez no ranking apareceram: os custos da crise da dívida da UE para os contribuintes (58%), extremismo político (57%), desastres naturais (56%), substâncias nocivas presentes em alimentos (55%) e cuidados na terceira idade (52%).

Preocupações econômicas desempenham um papel ainda menor. Apenas 25% dos entrevistados temem perder seus próprios empregos – o menor valor já registrado. Menos de 40% temem uma tendência de queda na economia.

Ralf Bosen (ip) | Deutsche Welle

Suécia realiza hoje eleições e extrema-direita poderá tornar-se a segunda força do país


A Suécia vai hoje a votos e estas eleições gerais poderão ficar marcadas pela ascensão da extrema-direita, através dos Democratas da Suécia (SD), e pela perda de influência dos grandes partidos do 'establishment' (ordem estabelecida), social-democratas e conservadores.

Hoje, 7,5 milhões de eleitores suecos inscritos são chamados às urnas para eleger um total de 6.300 cargos em todo o país, incluindo os 349 deputados que estarão nos próximos quatro anos no Parlamento sueco e vários cargos autárquicos e municipais.

As sondagens foram umas das grandes protagonistas da campanha eleitoral, muito porque projetaram um panorama político inédito para um dos últimos países europeus governados pelo centro-esquerda, onde a social-democracia está a perder a favor da extrema-direita.

De um lado está o atual primeiro-ministro sueco, o social-democrata Stefan Löfven, e do outro lado está um adversário que ambiciona romper com o 'establishment', o líder dos Democratas da Suécia (SD, força política de extrema-direita, xenófoba e eurocética), Jimmie Akesson.

Nos dias que antecederam a votação, as sondagens indicaram que o SD poderia tornar-se hoje na segunda força política da potência escandinava, enquanto os sociais-democratas terão possivelmente o seu pior resultado e o Partido Moderado (conservadores) ficarão em terceiro lugar.

Na semana passada, Stefan Löfven, primeiro-ministro desde 2014, destacava, num comunicado, que estas eleições iam ser "um referendo ao [Estado de] bem-estar social na Suécia", país com um generoso sistema social, com uma economia saudável e uma reputação de tolerância e de acolhimento.

Até à data, os partidos do 'establishment' nunca manifestaram disponibilidade para dialogar com o SD ou para integrar esta força política numa eventual futura coligação governamental, mas o partido, mesmo que não chegue já ao poder, tem vindo a ganhar influência no debate político sueco, muito porque o próprio foco do discurso político mudou.

Pela primeira vez, uma campanha eleitoral na Suécia foi protagonizada pelas questões migratórias e pelas suas consequências ao nível da segurança dos cidadãos e do "Estado de bem-estar social".

A votação de hoje será a primeira a ser realizada desde que a Suécia, país com uma população que ronda os 10 milhões de habitantes, recebeu 163 mil requerentes de asilo em 2015, o maior rácio per capita da Europa no acolhimento de migrantes.

Em poucos meses, o Governo de Estocolmo teve, no entanto, que recuar nas políticas de acolhimento e o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, admitiu que o país não estava a conseguir lidar com tal fluxo migratório.

Apesar do endurecimento das leis migratórias e do reforço dos controlos fronteiriços, muitos suecos sentem-se abalados por um crescente sentimento de insegurança, alimentado por relatos de violações, carros incendiados e violência de gangues em bairros normalmente associados com a população imigrante e com uma elevada taxa de desemprego.

Um cenário que tem sido fértil para a agenda anti-imigração dos Democratas da Suécia, que durante a campanha eleitoral anunciaram também a intenção de apresentar um pedido no parlamento para que a permanência sueca na União Europeia (UE) vá a referendo.

Na sexta-feira, o partido divulgou que o líder tinha sido ameaçado de morte.

As assembleias de voto abrem hoje às 08:00 locais (07:00 de Lisboa) e encerram às 20:00 locais (19:00 de Lisboa). O processo eleitoral também prevê um período de votação antecipada que arrancou no passado dia 22 de agosto.

Com vários partidos a disputarem o escrutínio, é expectável que nenhuma força política obtenha a maioria (175 assentos parlamentares), o que significa que o país poderá testemunhar semanas ou mesmo meses de negociações para uma futura coligação governamental.

Lusa | em Diário de Notícias

Sucatear


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Sucatear é termo muito utilizado no Brasil para designar a atividade dos políticos de Direita, e as suas recorrentes práticas de imposição de subfinanciamento intencional a empresas e serviços públicos, com o propósito de os colocar em crise e, desse modo, demonstrarem a necessidade da sua privatização. A estratégia de sucateamento é ainda, em particular, uma forma de ação política permanentemente utilizada pelo neoliberalismo à escala global contra o Estado social e contra a propriedade coletiva.

Os exercícios de sucateamento atingem muitas vezes os objetivos pretendidos. A empresa ou o serviço sucateados são "justificadamente" vendidos baratinhos. Depois, os capitalistas privados, fazendo pequenos investimentos conseguem retirar desses serviços e empresas chorudas rendas, exatamente porque as crises anunciadas eram fictícias, no todo ou em áreas estratégicas. E não são poucos os casos em que os promotores das "crises" têm o cuidado de colocar em evidência uma ou outra dificuldade que essas empresas ou serviços tinham, pois, como sabemos e António Aleixo bem explicitou, "Para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade". Em regra, nesses processos, os resultados positivos para os privados surgem garantidos, também, por contratos extravagantes com o Estado.

Entretanto, existem outros casos em que o sucateamento não resulta e tudo desagua em desastre. As empresas ou serviços em causa vão sendo degradados de forma prolongada, degenerando-se e morrendo antes que as privatizações ocorram. De certa forma, o mesmo se passa com o enfraquecimento de instituições e propriedades coletivas, como agora aconteceu com o Museu Nacional no Rio de Janeiro, que chegou a um estado tal de fragilização que "simplesmente" ardeu. Os cortes orçamentais nas empresas e serviços que são propriedade pública, a sobreposição de interesses imediatos e egoístas sobre valores perenes das sociedades, são hoje políticas demolidoras à escala nacional e global. A construção de um estádio de futebol vale mais que o mais importante museu de um continente; os custos da lavagem dos carros dos deputados brasileiros são o triplo do orçamento daquele importante museu. Isto sim, é crise: nos processos de- desenvolvimento das sociedades. No Brasil como em Portugal e na maioria dos países.

São muitos os casos de sucateamento em Portugal. Vêm de longe e acentuaram-se no período da troica e do Governo PSD-CDS. Sucateou-se o território, sucateou-se o SNS, sucateou-se a Escola Pública, sucateou-se a TAP, sucateou-se a CP e outras empresas públicas de transportes, sucateou-se os CTT e o que faltava sucatear na PT e noutras empresas do setor energético ou da Banca, sucateou-se a Proteção Social e tentou-se sucatear a Segurança Social. Sucatearam-se os Direitos no Trabalho e a Cidadania. Sucateou-se em nome da necessidade de emagrecer o Estado ("o monstro anafado"), em nome da imperatividade de reduzir impostos às grandes empresas e a detentores de rendimentos pessoais elevados, em nome de educar o povo a não "viver acima das suas possibilidades" e de o obrigar a aprender a ser poupado e obediente ao sacrossanto mercado e às políticas, mesmo que desastrosas, das instâncias europeias.

Quando a casa abre fendas, vai abaixo ou simplesmente pega fogo, os mesmos que quiseram sucatear, são os primeiros a dizer, aqui d"el-rei que o Estado falhou. É caso para lhes perguntarmos, então em que ficamos? Continuamos e aprofundamos as políticas e as práticas que conduzem a desastres pesadíssimos? Abandonam-se os interesses do coletivo da sociedade na estruturação e prestação de direitos fundamentais como a saúde, a educação e a justiça, na dignidade e valorização do trabalho, na cultura e na preservação da memória, na defesa do ambiente, na colocação de valores sociais e humanos na organização económica?

É duvidoso que alguma vez a Direita nos responda. Prefere, como se diz em português corrente, "fazer o mal e a caramunha", na expetativa de vir a erguer sobre uma montanha de sucata os lucrativos empreendimentos do futuro. A palavra sucatear tem, pois, de estar no nosso léxico.

*Investigador e professor universitário

Trabalhar 4 horas “à borla” | Banco de horas na ID Logistics é “ilegal”


Sindicato afirma que o banco de horas imposto pela empresa não cumpre o previsto na lei. Os trabalhadores são sujeitos a fazer mais quatro horas diárias«à borla», com casos de 12 horas num só dia.

A acusação é feita num comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), que denuncia várias situações de irregularidades dentro da empresa de logística.

Segundo o CESP, o regime de banco de horas imposto pela empresa é ilegal, visto que não houve uma proposta escrita da ID Logistics aos trabalhadores para que, no prazo definido, pudessem rejeitar por escrito.

«O regime ilegal de banco de horas da empresa obriga os trabalhadores após as oito horas de trabalho a fazer mais quatro horas diárias à borla, havendo situações de trabalhadores com mais de 500 horas no suposto banco de horas da empresa», lê-se no documento.

O sindicato salienta ainda que o Código do Trabalho prevê ainda um aumento máximo diário até duas horas diárias, 50 horas semanais, tendo o acréscimo por limite 150 horas por ano.

Para o CESP, «o banco de horas é apenas mais uma forma da empresa ter os trabalhadores a trabalhar “à borla” e de poderem dispor da vida dos trabalhadores conforme lhes interesse, sem atender ao direito dos trabalhadores de saberem qual é o seu horário», condicionando a sua vida pessoal e familiar.

Salário entre os mais baixos do sector

No comunicado, o CESP afirma ainda que um operador de armazém da ID Logistics com dez anos de casa aufere o mesmo salário que outro trabalhador com apenas um mês, ou seja, o Salário Mínimo Nacional.

Uma situação «inaceitável» salienta o CESP, pois «só em inflação e aumento dos preços dos bens de primeira necessidade, os salários dos trabalhadores desvalorizaram mais de 10%, o que significa que (...) os trabalhadores da ID Logistics vivem muito pior e têm cada vez mais dificuldades em conseguir que o salário estique até ao final do mês».

O sindicato refere ainda que, dentro da empresa, os trabalhadores das agências de trabalho temporário não recebem os salários, em que «todos os meses  pagam tarde e a más horas». 

«Os salários de todos os trabalhadores têm de ser pagos até ao último dia útil do mês a que se referem», reitera o CESP, que frisa que tal situação causa inconvenientes aos trabalhadores e às suas famílias, tais como custos com os atrasos no pagamento de empréstimos.

BE acusa Governo de arrogância. “Centeno é força de bloqueio”


Mortágua diz que há uma "mudança visível" na atitude do Governo, com a aproximação das eleições legislativas. Sobre o Orçamento, revela que houve uma atitude de confronto por parte do Executivo.

O PS mudou. Quem o diz é Mariana Mortágua. Em entrevista ao Expresso(acesso pago), a deputada sublinha que, com a aproximação das eleições legislativas, o Executivo de António Costa tem revelado uma “postura um pouco mais arrogante”. Sobre o Orçamento do Estado para 2019, a bloquista revela que houve uma atitude de confronto por parte do Governo e deixa duras críticas ao ministro das Finanças. “Centeno é uma força de bloqueio a mais avanços”, diz.

Com a discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano à porta, Mariana Mortágua revela que houve “alguma falta de empenho” do Governo para que as negociações pudessem acontecer de forma antecipada. Mais, a economista realça que se verificaram “algumas atitudes” por parte do Executivo que “provocaram um certo choque na maioria parlamentar”, nomeadamente no que diz respeito às longas carreiras contributivas, às rendas da energia, aos professores e às leis laborais.

Ainda assim, a deputada nota que, não é por terem sido feitas “em cima do momento”, que as conversações estão comprometidas e reforça que já se perspetivam bons resultados “em alguns campos”. Mortágua identifica duas preocupações essenciais do seu partido: o reforço do investimento público na saúde e nos transportes.

Por outro lado, a deputada deixa duras críticas ao ministro das Finanças, acusando-o de ter na cabeça “mais preocupações com a sua carreira internacional” do que com o Orçamento do Estado português.

Neste sentido, Mariana Mortágua sublinha que Mário Centeno tem mantido algumas contradições, isto é, ao mesmo tempo que “defende a política europeia até ao limite, diz que o sucesso dos resultados se devem a uma política de devolução dos rendimentos que a UE não queria”.

A deputada conclui que “Centeno é uma força de bloqueio a mais avanços dentro do Governo” e enfatiza que foi por isso que ainda não avançaram uma “série de investimentos que são muito necessários ao país”.

ECO – Economia Online

Portugal tem "um grande potencial mineiro" por aproveitar


O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse hoje, em Gouveia, que o país tem "um grande potencial mineiro" por aproveitar e o Governo pretende que os projetos nesse sentido avancem com o apoio das populações.

"Portugal tem um grande potencial mineiro ainda por aproveitar. Está a ter projetos mineiros e a despertar um interesse grande, outra vez, nas minas e nos recursos geológicos do país", disse o governante no final de uma visita à antiga área mineira de Castelejo, em Gouveia, que foi reabilitada ambientalmente através da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM).

Manuel Caldeira Cabral disse que o Governo pretende "que esses projetos avancem, mas avancem também com o apoio das populações".

"Porque a mensagem clara que queremos deixar às populações é que o processo será levado até ao fim. O processo de exploração mineira, que cria emprego, que cria riqueza, que cria desenvolvimento, mas depois, também, quando se chega ao fim da vida de uma mina, no encerrar desse projeto, resolvendo os passivos ambientais" e garantindo que "isso faz parte de todo o projeto mineiro e os projetos têm de englobar também isso", justificou.

O ministro adiantou que na reabilitação das antigas minas são utilizadas "algumas das 'royalties' que as próprias minas que estão em funcionamento pagam", alavancando esses recursos "com os fundos estruturais", o que permite "acelerar muito estes projetos".

"De facto, nós estamos a conseguir fazer em dois anos e meio quase tanto como se fez nos últimos dez anos, em termos de recuperação de passivos ambientais nas minas", disse o ministro da Economia.

Segundo Manuel Caldeira Cabral, o Governo pretende, no decorrer da atual legislatura "ainda acelerar mais" o processo, sendo que neste momento "estão já 40 milhões lançados em obras de melhoramento ambiental" no país.

"Continuamos a estudar os outros problemas que ainda existem para, progressivamente, resolver todos estes passivos ambientais", anunciou.

O ministro referiu, ainda, que em cada um dos espaços recuperados haverá uma utilização diferente, com o envolvimento das autarquias e dos agentes locais.

No caso de Gouveia, o presidente da Câmara Municipal, Luís Tadeu, disse que a autarquia tenciona equacionar várias utilizações para o antigo espaço mineiro de Castelejo, nas áreas culturais, desportivas e de lazer.

Adiantou que as autarquias de Gouveia, Fornos de Algodres, Mangualde e Nelas tencionam criar uma "rede" das antigas explorações mineiras para atrair "mais turistas" para os territórios.

"Está tudo em aberto e, agora, tudo é possível, fruto desta intervenção", rematou Luís Tadeu.

O ministro da Economia visitou hoje as obras de reabilitação ambiental da antiga área mineira de Castelejo, em Gouveia, e da Quinta do Bispo, no município de Mangualde, distrito de Viseu, onde foi lançada a primeira fase das obras de recuperação.

Os dois projetos representam um investimento total de 7,7 milhões de euros.

Lusa | em Notícias ao Minuto

Portugal | Frederico Varandas é o novo presidente do Sporting


Frederico Varandas, da Lista D, venceu as eleições para a presidência do Sporting com 42,32% dos votos e é o 43.º líder do clube leonino.

Frederico Varandas alcançou 42,32% dos votos (8717 votantes) contra os 36,84% (9.735) recebidos por João Benedito, que ficou em segundo lugar nas eleições. José Maria Ricciardi, o terceiro candidato mais votado, teve 14,55% dos votos, ficando à frente das listas lideradas por José Dias Ferreira (2,35%), Fernando Tavares Pereira (0,9%) e Rui Jorge Rego (0,51%). Houve ainda 2,2% de votos em branco e 0,31% nulos.

João Benedito teve mais sócios a votar em si do que Frederico Varandas, pelo que a vitória deste último se deve ao número de votos aos quais cada sócio votante tem direito. Isto porque, de acordo com os estatutos do clube, quanto mais antigos são os associados, maior é o número dos votos que lhes correspondem.

Sem esconder a comoção e a alegria à chegada à Praça Centenária, Frederico Varandas afirmou que esta foi uma vitória da "independência, resistência, resiliência e da superação". Não esquecendo os agradecimentos aos candidatos derrotados e aos adeptos, o presidente eleito pediu esforço coletivo: "O Sporting não vai ceder, não vai vacilar e nunca vai abdicar dos seus valores e ideais. O lema desta candidatura é unir o Sporting, mas chegou a hora de passar das palavras aos atos. Unir é efetivar a união", defendeu. "Queremos por o Sporting a vencer, um Sporting digno. Não é fácil mas é um grande orgulho. É um momento histórico, o melhor dia da minha vida", disse.

No final do discurso da vitória, Frederico Varandas tirou do bolso a medalha de prata alcançada pelo Sporting na final da Taça de Portugal, que os leões perderam frente ao Aves (2-1), logo após os incidentes em Alcochete, e deixou uma promessa. "É esta medalha que mais cedo ou mais tarde irá com o troféu de campeão nacional para o museu. Prometo isso! É uma missão que vou tentar cumprir até ao fim", concluiu.

O médico de 38 anos, proprietário de uma clínica de recuperação física, foi eleito para um mandato de quatro anos, depois de ter sido diretor clínico do Sporting, entre 2011 e 2018, funções que já tinha desempenhado no Vitória de Setúbal, entre 2007 e 2011.

Com a eleição de Varandas, que foi o primeiro a assumir a candidatura à sucessão de Bruno de Carvalho, o advogado Rogério Alves assume a presidência da Mesa da Assembleia Geral do clube, enquanto o juiz conselheiro Joaquim Baltazar Pinto a liderança do Conselho Fiscal e Disciplinar.

Durante a campanha, Varandas anunciou a integração na estrutura diretiva do clube dos antigos futebolistas Hugo Viana e Beto.

Este foi o ato eleitoral do clube com maior afluência de sempre, com 22.510 sócios votantes, 19.159 de forma presencial e 3351 por correspondência, de um total de 51.009 com direito a voto.

Jaime Marta Soares: "É um dia de festa, um dia de transição"

O ainda presidente da Mesa da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, que agora vai passar o testemunho a Rogério Alves, felicitou o novo presidente do Sporting."É um dia de festa, um dia de transição", afirmou.​​​​​​ E aproveitou para fazer um "desabafo": "Esta votação mostrou que o Sporting não tem dono, é dos sócios".

Marta Soares, que tinha prometido celeridade na divulgação dos resultados, compareceu no Auditório Artur Agostinho, no Estádio José Alvalade, "No futuro temos de fazer alguns apuramentos", admitiu Jaime Marta Soares.s de sete horas depois do fecho das urnas. O ainda presidente da MAG falou em problemas informáticos para justificar o atraso. "No futuro temos de fazer alguns apuramentos", admitiu.

João Benedito: Varandas "é o meu presidente"

João Benedito felicitou Varandas pela vitória e endereçou-lhe felicidades para o futuro. "Quero dar os parabéns ao Frederico Varandas pela vitória. Tem não só a percentagem dos que votaram na lista dele, mas também todos os que votaram na lista A. É o meu presidente e o de todos os que votaram na lista A para que o Sporting tenha um futuro risonho", afirmou o antigo guarda-redes de futsal do Sporting, aos jornalistas.

Ricciardi felicitou vencedor em comunicado

José Maria Ricciardi, terceiro mais votado, felicitou Frederico Varandas pela eleição para a presidência, através de comunicado escrito, desejando-lhe "os maiores sucessos", realçando ser tempo de todos contribuírem para um futuro grandioso. "A candidatura de José Maria Ricciardi felicita o novo presidente do Sporting e deseja-lhe os maiores sucessos para o nosso clube, bem como a toda a equipa que o acompanha. A partir de hoje é o nosso presidente", lê-se na nota enviada à agência Lusa.

"Queremos também agradecer aos sócios do nosso clube que hoje (sábado) participaram numa votação histórica, tranquila, com elevação e que transmitiram um exemplo de maturidade democrática para a sociedade portuguesa. Agradecemos ainda a todos os que nos acompanharam nesta jornada. É agora tempo de todos contribuirmos para um futuro que queremos grandioso", terminou o banqueiro.

Rogério Alves apela à união do clube

O novo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Rogério Alves, afirmou-se satisfeito com a vitória de Frederico Varandas, apelando à união do clube. "Temos de trabalhar intensamente para o Sporting, para que o Sporting seja vencedor. Unidos seremos vencedores", salientou o novo responsável de Alvalade, que encabeçou a lista de Frederico Varandas para o órgão.

"É uma reação de contentamento, alegria e de esperança, com muito sentido de responsabilidade. As eleições são um meio não são um fim, não se ganham eleições para se ganhar eleições, ganham-se eleições para trabalhar para o Sporting", afirmou.

Rui Jorge Rego: "É o presidente de todos os sportinguistas. Eu não vou fazer oposição"

O candidato menos votado à presidência do Sporting Rui Jorge Rego assegurou que não vai fazer oposição a Frederico Varandas, que foi eleito no sábado, admitindo que o resultado ficou aquém do que esperava."Desejei (ao vencedor) a melhor sorte do mundo e que o Sporting seja um clube campeão. É o presidente de todos os sportinguistas. Eu não vou fazer oposição", afirmou o advogado, em declarações aos jornalistas, em Alvalade.

Rui Salcedas com Lusa | em Jornal de Notícias

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