quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Angola | Pobreza e Ensino Superior


Jornal de Angola | editorial

Angola enfrenta  uma  grave  crise económica e financeira. Milhares de famílias vivem  muito mal no país, em virtude dessa crise.

Os rendimentos auferidos pelas famílias  são ainda insuficientes  para  fazer face a todas as suas necessidades, muitas delas básicas. Como afirmou um prestigiado economista angolano, há muitas famílias  que têm de  recorrer a esquemas de sobrevivência, para poderem resolver muitos dos seus problemas.

É importante que se conheça o país real , para  que se tomem  as medidas mais adequadas à actual situação que vivemos.  Conhecendo-se o país real  é  mais  fácil  identificar   os problemas e procurar  as melhores terapias para os problemas. 

Sabe-se que as nossas autoridades  querem que o combate à pobreza passe pelo relançamento da economia  real ( de bens e serviços), de modo a que  haja  um grande número de empresas a funcionar , com vista a diminuir  consideravelmente o desemprego.
 Um elevado número de empresas  foi à falência,  na sequência da crise económica e financeira ,  deixando  muitos cidadãos no desemprego, com reflexos negativos na vida de  milhares de famílias.  Trata-se de um problema  que deve merecer a atenção urgente de quem governa. Uma elevada taxa de  desemprego gera  outros problemas.  Que haja políticas públicas  que  vão no sentido  de se reduzir o número de desempregados no nosso país.

Nas actuais circunstâncias, a nossa equipa  económica tem de trabalhar arduamente  para encontrar as melhores soluções  para que o país  volte   a crescer economicamente.   Os problemas são complexos , mas a verdade é que as famílias  esperam  do Governo  soluções   que possam  melhorar as suas condições de vida. 

Muita coisa anda mal no nosso país, pelo que importa que se estabeleçam prioridades.  Nenhum governo do mundo resolve  todos os problemas  de uma só vez. Mas há problemas  que têm de ser resolvidos, com a maior celeridade. 

Instituições de ensino superior, com destaque para a Universidade  Católica de Angola, têm feito estudos  sobre a situação económica do país.  Convém que os governantes prestem  particular atenção aos  estudos sobre a situação da nossa economia produzidos pelas  nossas universidades. Em tempo de crise  convém que o Governo esteja mais próximo das universidades para eventualmente  recolher destas subsídios que podem ajudar o país a sair da crise.  As universidades são centros de saber  e vale  a pena  aproveitar o conhecimento decorrente da sua  investigação científica. 

A pobreza é um mal que pode ser erradicado no nosso país. Que os nossos melhores quadros superiores   sejam  mobilizados para colocarem o seu conhecimento ao serviço de programas de combate  à pobreza. Temos no país instituições de ensino superior interessadas em ajudar  o Governo a resolver muitos  problemas do país.

ÁGUIAS E PARDAIS!


Martinho Júnior | Luanda

Há que nos preocuparmos em que seja feita uma radiografia séria ao processo histórico angolano desde os alvores da independência até hoje, por que nada é linear e a margem de relatividade é muito grande, em muitos aspectos!...

Também não devemos estar à espera que sejam outros a fazer essa radiografia, calando a voz, o engenho e a arte dos intervenientes, calando seus sentimentos, suas afirmações de princípio, suas aspirações de futuro, suas emoções, seu sacrifício e a formação de sua consciência crítica capaz de levar por diante um movimento de libertação com tantas responsabilidades em África, em relação à humanidade e também forjador do respeito devido ao planeta!

É imperdoável que em tempo de revolução das novas tecnologias, estejam tantos angolanos confinados a capacidades que têm sido ultrapassadas no tempo e no espaço, desde a década de 80 do século passado a esta parte e assim remetidos a um silêncio à beira do comprometimento, que deixam para outros a advocacia de suas próprias causas patrióticas, vividas ao longo de pelo menos 4 décadas!

A ausência de tiros por si não é paz, quando os níveis de subdesenvolvimento nos remetem teimosamente para a cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, quando os desequilíbrios sociais, com todas cargas de injustiças sociais tendem a agravar-se, quando até a memória e os ensinamentos do Presidente-fundador, se reduzem à sua poesia, quando ao invés duma consciência crítica capaz de forjar uma cultura de inteligência nacional e patriótica, existe apenas uma visão que não consegue sair dos horizontes viciados das mentalidades formatadas por outros interesses que quantas vezes em nada coincidem com os soberanos interesses e aspirações do povo angolano!...


Na guerra ainda foi admissível a acomodação daqueles que assumiram as trincheiras do movimento de libertação, até por que foi nessa acomodação que foi possível a camaradagem de armas, a mobilização recíproca de vontades, primeiro para se alcançar a independência, depois em defesa da independência, da soberania e do povo angolano...

Mas na paz, ao invés de proliferarem os incomodados, por que a miséria incomoda, a pobreza incomoda, a doença incomoda, a ignorância e o obscurantismo incomodam… as mentalidades formatadas acomodam-se e perdem de vista os horizontes próprios dos que têm muito mais que ver com o futuro do que com o passado!...

Retirar em nome da civilização, espaço e manobra à barbárie implica um enorme esforço de formação da consciência crítica patriótica para que haja energia, força e cultura de inteligência na adopção da lógica com sentido de vida, pelo que jamais será com mentalidades formatadas por outros que haverá capacidade própria para romper caminho face aos desafios do presente e do futuro!

A visão arguta das águias, a partir das alturas, nada tem a ver com a visão rasteira dos pardais!

Comentário de Martinho Júnior, no retorno à Internet - 5 de Outubro de 2018.

Fotos de minha autoria, tiradas a 2 de Dezembro de 2014 ao Pórtico que dá entrada ao espaço da Bandeira Monumento e ao Museu Militar de Angola, (fortaleza de São Miguel), em Luanda.

Brasil, pão sem açúcar


Pedro Ivo Carvalho | Jornal de Notícias | opinião

Aos olhos de um europeu, mesmo que esse europeu seja um brasileiro com pouco açúcar, como os portugueses, todas as teorias sobre o tsunami político que varreu o Brasil são simultaneamente atendíveis e falhas. Porque a complexidade das causas que levaram a que uma das mais representativas democracias do Mundo se veja na iminência de ser "usada" para instituir uma ditadura, torna a distância geográfica num muro que, não sendo intransponível, se apresenta como um vigoroso obstáculo para um exaustivo entendimento do fenómeno. Ao ler o extraordinário texto da jornalista e escritora Eliane Brum no jornal "El País" fica a perceber-se melhor o quão difícil é aceitar, primeiro, e compreender, depois, a real dimensão desta tentação coletiva para o suicídio de quase 50 milhões de pessoas. Em 30 anos a cobrir eleições, escreve Eliane, nunca viu nada assim.

Prevaleceu, em larga medida, o voto do ódio, ódio ao estabelecido, ódio à captura que o PT fez do Estado, à corrupção a que sucumbiu como todos os outros partidos de que se gabava estar nos antípodas. Sem um pingo de autocrítica, acrescente-se. Ódio visceral e transversal a uma crise institucional e económica que assola o Brasil há décadas.

Bolsonaro é odiado e amado pelas mesmas razões. O que o torna a ele, como a tantos outros fascistas, mais difíceis de anular. A narrativa serve-se da ausência de um discurso conexo. Bolsonaro é o homem com o dedo no gatilho que demasiados brasileiros informados acreditam será redentor. Se dúvidas houvesse, ficou agora provado à saciedade que a categorização moral destas personagens só serve para lhes insuflar o ego e a base eleitoral. Até ao dia 28, a luta não será entre Haddad e Bolsonaro, não será entre Esquerda e Direita. Não será entre o Bem e o Mal. Será entre continuar a viver em democracia ou abdicar dela em favor de uma ditadura que não escondeu a ninguém ao que vinha. E isso é que torna tudo tão assustador. A clareza da mensagem e da escolha.

* Diretor-adjunto do JN

Brasil | A Carteira de Trabalho neoescravagista de Bolsonaro


Algumas coisas valem mais pelo simbolismo que representam do que por qualquer outra coisa. É o caso da proposta do plano de governo do candidato presidencial Jair Bolsonaro de criação de um novo tipo de Carteira de Trabalho, dita verde e amarela, que seria voluntária, para novos trabalhadores. Quem ingressar no mercado de trabalho, de acordo com a proposta, poderá escolher entre um vínculo empregatício baseado na carteira tradicional (azul) — mantendo o ordenamento jurídico atual —, ou a verde e amarela, com contrato individual sem as garantias da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 

A proposta bolsonarista vai além da “reforma” trabalhista, sancionada pelo presidente usurpador Michel Temer, eliminando, na prática, todos os vestígios da legislação celetista. Seria o retorno às relações de trabalho que precederam o salto da Revolução de 1930, restituindo a lógica de que ao trabalhador só cabe cumprir as metas e as ordens patronais. Não há a menor margem para prevalecer o vínculo tradicional com essa possibilidade à disposição do capital que, como se sabe, exerce um poder despótico sobre o trabalho. Essa regulação impõe a dedução de que a escolha entre um ou outro vínculo empregatício é mera fantasia, um engodo explícito.

O simbolismo que essa proposta encerra é o de que o programa de governo ultraliberal e neocolonial de Bolsonaro representa a destruição de toda a arquitetura social do pós-Revolução de 1930. Além do arcabouço jurídica celetista, o programa de governo da extrema direita promete avançar sobre o Estado e promover um verdadeiro desmonte do setor público a fim de favorecer os interesses privados. Faz parte dos alvos desse anunciado vendaval neoliberal, também, a estrutura sindical. Com isso, um governo bolsonarista teria menos resistência organizada dos trabalhadores.

Seria a destruição de barreiras erguidas, com duras lutas, contra a truculência e a exploração patronal. Nesse processo, um novo papel foi conferido ao Estado, concebido como agente principal da construção econômica, indutor do desenvolvimento e figura central para uma política de distribuição de renda. Com isso, a intervenção estatal direta e indireta foi legitimada e os valores igualitários, tais como justiça social e solidariedade, passaram a compor a agenda pública. O programa de governo de Bolsonaro é a negação dessa trajetória, a radicalização da antítese à Revolução de 1930 que paira sobre o Brasil desde o início da década de 1990.

As leis trabalhistas são a síntese do embate entre capital e trabalho que atravessou todo o século XX. Até os anos 1940, os trabalhadores empregaram lutas heroicas e, aos trancos e barrancos, foram arrancando conquistas aqui e ali. Pode-se afirmar que as refregas das três primeiras décadas daquele século representaram verdadeiras aulas de organização em sindicatos e federações, e inculcaram a primeira noção de força nos trabalhadores brasileiros. Quando o governo do presidente Getúlio Vargas instituiu a CLT, no dia 1º de maio de 1943, ele reuniu em um sistema único todas as leis trabalhistas aprovadas anteriormente.

Bolsonaro, como deputado federal, sempre apunhalou a classe trabalhadora: votou a favor da chamada reforma trabalhista e da terceirização que cortou históricos direitos trabalhistas e votou contra a PEC que estabeleceu direitos às empregadas domésticas.

Agora, como candidato dos banqueiros, de grandes grupos econômicos e de um sistema de velhos e novos políticos inimigos do povo, descaradamente, propõe acabar com a verdadeira Carteira de Trabalho, a azul, a que garante os direitos, por uma fajuta, dita verde amarela, pela qual os (as) trabalhadores (as) do Século XXI retrocedem, em termos de direitos trabalhistas, ao período da República Velha.

Em contraposição, o candidato Fernando Haddad faz sua campanha tendo como símbolo de seus compromissos a imagem de que o povo trabalhador deve ter em uma das mãos uma carteira de trabalho, obviamente, a azul, e na outra um livro. Empregos, salários dignos, direitos; e Educação, da pré-escola à universidade. São dois direitos constitucionais, sagrados do povo, que Haddad, uma vez eleito presidente, se compromete em garantir.

Vermelho | editorial

Notícias falsas inundaram redes sociais do Brasil


10 de Outubro

O tribunal eleitoral ordenou que o Facebook removesse links para 33 notícias falsas que visavam Fernando Haddad e Manuela D'Ávila. Notícias falsas inundaram redes sociais do Brasil com material sugerindo que eles querem "sexualizar" as crianças. Acadêmicos e ativistas digitais lutam para conter a maré crescente de notícias falsas e dizem que uma cobertura precisa da campanha corre o risco de ser abafada pelo grande volume de mentiras espalhadas pelo Facebook e WhatsApp (The Guardian, Inglaterra)

Brasil | Como dialogar — de verdade — com quem vota num fascista


Inútil argumentar racionalmente com os que optaram pela extrema direita: espalhar amor e acolhimento é nossa maior defesa agora

Débora Nunes | Outras Palavras*

Milhões de brasileiros, e sobretudo brasileiras, nos enchemos de alegria e emoção com as manifestações de 29.09.2018. O sentimento de estarmos juntos e sermos fortes contra o obscurantismo propiciou essa emoção prazerosa, essa euforia emancipada que a liberdade nos dá. As imagens inesquecíveis da maior manifestação feminista da história do mundo falam por si: milhões de pessoas desfilando em paz, cada uma portando em si mesma os traços de suas escolhas. Gente poeta e músico cantando suas rimas pela liberdade; gente preta ostentando sua cores, seus cabelos frizados, suas homenagens aos ancestrais; gente gay e sua bandeira multicolorida rindo e dançando pela euforia de serem quem são e se amarem sendo assim; gente de todo tipo se abraçando ao encontrar um companheiro ou companheira de lutas nesse Brasil que exigiu tanto de duas gerações pra restabelecer a democacia e sair da semi-escravidão. Lindo de ver pra nós que estamos nesse desafio cotidiano de sermos nós mesmos, de pagar o preço de viver como acreditamos ser o certo, de buscarmos profundamente a igualdade e a emancipação. Sobretudo nós, mulheres.

Mas como nos viram aqueles que ainda não declararam sua autonomia, nem sentiram o sabor da liberdade de serem quem são? Olharam pra nós com medo. Viram o perigo de que os valores tradicionais “da família” pudessem ser abalados inclusive em suas casas. Viram nossos sorrisos, beijos e abraços como “libertinagem” confrontando seus próprios desejos escondidos de serem espontâneos. Viram aquela massa de mulheres botando por terra o establishment, o “modo normal de ser”, como algo de desestruturador de suas vidas. Essa vida que buscam manter intocável, mesmo que doa, com medo da incerteza do novo, com medo da liberdade.

A liberdade causa medo porque significa também responsabilidade, significa ter que estar à altura do que virá, sem poder controlar. A corrida em busca de um “pai severo” que livre os que têm medo da incerteza fez as intenções de voto para o candidato da direita subir. Os argumentos que envolvem o comunismo, a Venezuela, Cuba, os “ladrões do PT” são só uma desculpa, na maior parte das vezes. Muito pouca coisa, racionalmente, poderiam fazer as pessoas terem medo de um governo do PT, cujas escolhas de aliança com as elites foi oposta àquela de Chavez, de confronto total.

Quando uma criança tem medo de um monstro imaginário atrás da porta, o abraço da mãe, ou pai, é muito mais efetivo que a frase “não tem monstro nenhum, filho”. Não adianta argumentar racionalmente com esses que resolveram votar na extrema direita. É muito mais uma necessidade de se sentirem protegidos e amados, sem pagar o preço da responsabilidade pelos próprios atos. Não deixar que essa onda de medo atinja a nós mesmos e espalhar amor e acolhimento é nossa maior defesa agora. Reforçar o “campo mórfico” da compaixão em face do medo dos outros, vibrando empatia pelas fraquezas tão humanas de quem tem medo é mais poderoso que esbravejar contra o que nos ameaça. Vamos conversar calmamente com quem está confuso, confiar nas vitórias que já tivemos até aqui e manter a paz de espírito para vencer. O que acontecer nos encontrará fortes e dispostxs a defender a liberdade, a igualdade e a fraternidade, valores universais destinados a ganhar, como nos mostra a História.

*Inês Castilho - Jornalista, cineasta e pesquisadora, integra o corpo editorial de Outras Palavras, foi editora do jornal Mulherio, realizadora dos filmes de curta-metragem "Mulheres da Boca" e "Histerias" e cofundadora do Nós Mulheres, primeiro jornal feminista de São Paulo.

- Publicado em 7 de Outubro de 2018

Portugal | Depois do silêncio, a ingerência e as suspeições


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Pedro Passos Coelho, em carta aberta publicada pelo jornal "Observador", insurge-se contra a não recondução de Joana Marques Vidal, Procuradora Geral da República. Depois de meses de silêncio, ocupado que tem andado com a preparação das aulas, o ex-primeiro-ministro decide não só se meter no assunto precisamente na qualidade de "ex-primeiro-ministro que propôs a nomeação" de Joana Marques Vidal, como não se coíbe de deixar um deixar um manto de suspeição repousar pelas cabeças do actual primeiro-ministro como do próprio Presidente da República ao referir "motivos escondidos" que subjazem à não recondução da Procuradora.

Escusado será dizer que essas suspeições são graves mas caem em saco roto, desde logo porque a comunicação social não está minimamente interessada em referir a gravidade da carta de um ex-primeiro-ministro insinuando que com o afastamento da Procuradora se pretende fragilizar e travar investigações em curso, cerceando assim a margem de actuação da própria Procuradoria-Geral da República. 

Passos Coelho nunca se recomporá daquilo que lhe aconteceu no pós-eleições, chegou, viu e efectivamente venceu, mas a sua intransigência, a sua obtusidade e inépcia apenas lhe conseguiram um conveniente lugar numa faculdade, muito longe da vida emocionante de cortar salários e pensões, privatizar tudo e mais alguma coisa e fragilizar, para gáudio dos seus apaniguados, o Estado Social. Talvez se devesse dar algum desconto ao ex-primeiro-ministro, afinal de contas aquele foi um desgosto incomensuravelmente doloroso.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão | em 26 de Setembro de 2018

Obrigado, Saramago!

Saramago, esse 'monstro' das letras, foi devidamente comemorado e homenageado há poucos dias. António Costa, primeiro-ministro de Portugal, foi um empenhado leitor e amigo que organizou as etapas de homenagem ao nobel escritor. Sem truques políticos, do coração e da mente. Da amizade e prontidão que Pilar, companheira de Saramago, agradeceu, também do coração.

O PM de Espanha, Pedro Sánchez, também esteve presente na paisagem vulcanizada de Lanzarote, nas Canárias, e muitos outros que quiseram prestar honras e reconhecimento ao Nobel da Literatura português que não estando fisicamente presente, porque faleceu, anda por aí, com cada um dos que o lêem. Estando mais presente para uns do que para outros.

Também em Portugal aconteceram homenagens. Onde nasceu, no Alentejo. Onde morou. Foi edificante o que a neta disse numa reportagem à TSF. Ela sabe que tem o avô vivo no virar de cada página ou nos espaços por onde passeavam de mão dada. Só que agora o avô é ainda mais cidadão do mundo, já o era mesmo quando nem ele sabia.

Saramago, sempre.

Obrigado.

MM | PG

Portugal | Alçapões na taxa de atividade


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Foi definido, em 2010, no quadro da Comissão Europeia, que os países membros da União Europeia (UE) conseguissem, em 2020, ter empregada 75% da população com idade compreendida entre os 20 e os 64 anos. Portugal estará agora, segundo várias fontes, próximo de 73,5 %. Relembro também que Portugal já teve, em 2007 e 2008, uma população ativa que ultrapassou os 5,5 milhões de cidadãos, o que era considerado um fator positivo. Faço estes registos para colocar várias interrogações e, a partir daí, enunciar algumas questões que me parecem pertinentes.

O país pode atingir aquela meta estabelecida para 2020? Uma taxa de atividade elevada é sempre um sinal consistente de desenvolvimento? Que relação se tem vindo a revelar entre a evolução da população residente e da população ativa? E uma e outra estão a renovar-se de forma equilibrada em termos de escalões etários, ou há fortes desequilíbrios e quais os seus significados? Onde e como estão os escalões da população mais jovem? Será que poderemos voltar a ter 5,5 milhões de ativos? O aumento do emprego nos últimos anos de que forma influenciou o aumento da população ativa e da taxa de atividade? Que influência têm as políticas salariais e de condições de trabalho na evolução da população ativa, da população residente e no comportamento nada uniforme da taxa de atividade quando analisada por grupos etários?

Parece-me perfeitamente possível o nosso país chegar à meta de taxa de atividade colocada pela UE para 2020, mas podemos ter uma taxa de atividade elevada escondendo problemas complexos que bloqueiam o nosso desenvolvimento, desde logo uma população mais envelhecida e bem menor.

Observemos alguns factos com que Portugal se depara. Primeiro, a taxa de atividade dos jovens (dos 20 aos 24 anos) é muito baixa e, apesar da retoma económica e recuperação de emprego iniciadas a partir do final de 2013 e acentuadas a partir de 2015, aquela taxa para o grupo etário em causa apenas se situava em 58,5% em 2017. Isto mostra que é preciso criar muito mais emprego e desenvolver práticas de recrutamento nos setores privado e público sem barreiras à entrada dos jovens.

Segundo, este panorama é ainda pior para as mulheres, pois em todos os escalões etários as mulheres têm menores taxas de atividade, em particular por terem sido muito penalizadas no período mais negro das políticas austeritárias.

Terceiro, os escalões etários dos 25 aos 54 anos revelam, para ambos os sexos, valores muito positivos e o escalão entre os 55 e 64 anos, ao contrário do que seria de esperar, tem vindo a assumir valores progressivamente mais elevados, contudo exigem-se análises mais finas sobre estes comportamentos.

Quarto, os valores e considerações que apresento nos três tópicos anteriores estão muito longe de contar a totalidade da "história" da taxa de atividade em Portugal. Há vários problemas conexos e de difícil resolução com que temos de lidar e os números referidos não os revelam, nem são sequer os indicadores mais adequados para retratar o que se passa com o emprego e com a evolução demográfica: i) a população residente perdida entre 2011 e 2017 é de dimensão apenas ligeiramente superior à população ativa que desapareceu no mesmo período, sendo jovens uma parte grande dessas diminuições, o que significa envelhecimento acelerado da sociedade e que, provavelmente, já não recuperaremos os níveis elevados de população ativa que já tivemos; ii) a dimensão da população ativa está a ser negativamente influenciada pelos fluxos migratórios - emigração que diminuiu nos três últimos anos mas não estancou, e reduzida entrada de imigrantes - e a persistência de baixos salários e fracas condições de vida não inverterá nenhum dos dois movimentos.

Um simples enunciado de interrogações faz saltar à vista desarmada vários alçapões, mas estudos que se debrucem seriamente na construção de explicações fundamentadas farão saltar muitos mais. Trata-se de um exercício fundamental quando nos aproximamos de um longo período eleitoral propício à discussão das políticas a seguir, quer a nível europeu, quer nacional. É tempo de cortar raízes à demagogia.

* Investigador e professor universitário

Polícia de Vegas quer interrogar Ronaldo como "pessoa interessada" no caso


As autoridades norte-americanas confirmaram pela primeira vez a intenção de interrogar Cristiano Ronaldo pelos crimes de que é acusado por Kathryn Mayorga. No entanto, devido ao facto de o jogador não estar nos Estados Unidos, ainda não há data marcada para tal.

A polícia de Las Vegas admitiu, na noite de segunda-feira, que pretende interrogar Cristiano Ronaldo depois de Kathryn Mayorga ter reaberto o processo de violação e os advogados o terem acusado da prática de onze crimes contra a norte-americana.

"Ainda não sabemos quando é que vai acontecer, mas a qualquer momento nós vamos ter de o ouvir", confirmou um porta-voz da polícia de Las Vegas ao "Mirror Online".

Ao italiano "Tuttosport", um porta-voz da polícia daquela cidade do Nevada afirmou que Cristiano Ronaldo "não está acusado de nenhum crime", sendo que o jogador deverá ser ouvido no processo enquanto "pessoa interessada no caso", já que a norte-americana o envolve no processo.

Além da intenção de interrogar Cristiano Ronaldo, embora ainda não haja uma data marcada pelo facto de este não se encontrar em solo norte-americano, as autoridades confirmaram também que, contrariamente ao que foi divulgado pelos advogados da queixosa, as provas da alegada violação não desapareceram.

De modo a preparar a defesa, o jogador da Juventus deslocou-se este domingo a Portugal de forma a reunir-se em segredo com os seus advogados. Esta segunda-feira, foi visto com a namorada, Georgina, no bar de uma unidade hoteleira situada na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

Ao todo, são onze os crimes de que Ronaldo é acusado por Mayorga: violação sexual, tentativa de assédio sexual, coação para fraude, agressão a uma pessoa vulnerável, conspiração, difamação, abuso de processo, tentativa de silenciar o caso, tentativa de concretizar um acordo de não divulgação, negligência e violação de contrato.

João Manuel Farinha | Jornal de Notícias | Foto Reuters

Bom dia, é o Curto | Bolsonarismo, novo termo para vómito

Depois de cerca de duas semanas de “férias” regressamos com o “pequeno almoço” habitual: o Expresso Curto, do tio Balsemão – um velhote catita e pessoalmente muito simpático, leve, que lá por ser rico é impossível de não simpatizar. Sim. Pois. É Bilderberg, faz parte disto e daquilo… Como há “doentes” para tudo também há os que não o conhecendo pessoalmente e profissionalmente o odeiam. Pois. O ‘cota’ é fixe, podem crer… Assim, olho no olho…

O Curto, do Expresso pode ser 'Bilderberguiano' mas tem sumo que até nem é veneno. Há bem piores, muito piores, no jornalismo e nos títulos da imprensa portuguesa. É uma opinião baseada em constatações. Pois. Adiante.

Usamos o Curto desde tempos ditos “imemoriais” (ou senão tínhamos de pesquisar), estivemos no PG a perder mais de uma dezena deles. Hoje aqui está o dito por João Silvestre, jornalista e blá-blá-blá na profissão. O trato é o Orçamento, podia lá deixar de ser. Leia aqui mais em baixo.

Bolsonarismo

Para não perder sobre Bolsonaro, o pesadelo brasileiro, sugerimos a prosa de Martim Silva, no Curto do passado dia 8: Bolsonaro a um passo de ser Presidente do Brasil. E as democracias um passo mais perto do abismo

Sobre esse trambolho psicopata e fascista, ex-capitão de um exército no mesmo tom (vimos, e a história também) temos a dizer simplesmente que os brasileiros de classe média-baixa e os da classe que o previsível presidente fascista denomina de “lixo” por serem alarmantemente pobres, todos esses, estão tramados. Estúpidos, facilmente manipuláveis e iludidos, votaram no trambolho psicopata. Agora já não há volta dar na segunda-volta eleitoral. Vão sofrer as estopinhas por tão grande burrice meus queridos amigos brasileiros. Claro que uns quantos desses, subservientes, se vão safar, a roubar, a bufar, a tramar até a família para tirar alguns proveitos. Claro que sim. Volta tudo ao antigamente de Getúlio e dos Coronéis. Pois. Escolheram esse “rolo” de carne e mente podre… Comam-na, porque a fome é negra. Ou senão revoltem-se quando se fartarem. O quê? Com a polícia o exercito a proteger o regime bolsonarista? Nem pensar. As armas não são do povo. Vai valer nesses tempos duros que aí vêm cantarem e transformarem pele de gato em batuques. Lamentemos.

Avançando, lá trazemos Curto com Pedro Santos Guerreiro, em 5 de Outubro recém passado. Aquela data em que Pedro Passos Coelho e cúmplices defecaram quando eram governo e o múmia Cavaco PR junto com a Dona Maria em segunda versão. A primeira, o original, foi do Salazar. Afinal estão muito bem uns para os outros.

Pedro, no Dia da República, feriado, saiu-se com “Ronaldo, Azeredo, você e o Expresso de hoje”

Ronaldo. Pois. Ora aí temos a “caca suja” do “maior e melhor do mundo”. O poder corrompe e ilude os impacientes de que é eterno e porta aberta à impunidade. Claro que há sacanice da tipa americana e advogados que levantaram novamente a “poeira” ao processo judicial. Ronaldo pagou (ao que sabemos) mas agora os ianques querem mais. O Ronaldo do aeroporto do mesmo nome (riso) e dos carrinhos de venda de pipocas, preservativos e gelados do Funchal (inventei esta agora) fez o mal – mesmo que não tenha feito – e agora vai ter de novamente se aguentar com a caramunha. Ora semilha!

Azeredo, Tancos, exército, Justiça, bá-blá-blá… Hoje não nos metemos nesse “mistério”. A “história” ainda está muito mal contada. Investiguem, investiguem, investiguem… Vão ver que há muito de importante a desenterrar.

Estamos grandes nesta abertura do Expresso Curto. Então mergulhem no Curto de hoje, no Orçamento. E no mais que vier. Amanhã cá estaremos, sem tantos exageros. Pois. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Orçamento: o que sabemos que não sabemos e o que desconhecemos completamente

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

Há sempre uma espécie de cortina de fumo nos dias que antecedem a apresentação do Orçamento do Estado. Este ano não está a ser exceção. São informações, nem sempre coincidentes, que se multiplicam e nem sempre ajudam a perceber o que realmente estará no documento que irá marcar, para o bem e para o mal, a vida dos portugueses. A coreografia é ainda mais complexa quando há uma negociação em curso entre Governo e partidos de Esquerda. Porque sem os votos do PCP, PEV e Bloco de Esquerda não há Orçamento para ninguém.

Depois de uma primeira fase em que pouco se sabia, com exceção das linhas gerais que já estavam no Programa de Estabilidade que o governo enviou a Bruxelas em abril, estamos agora numa fase em que, pelo menos, já sabemos muito do que não sabemos. Sabemos, entre outras coisas, que vai haver aumentos de salários, atualização extraordinária de pensões e que serão tomadas medidas para aliviar a fatura de electricidade. Mas não sabemos exatamente como serão concretizadas algumas das principais medidas.

Nos salários, que é um dos temas quentes, o PCP considera curta a verba de 50 milhões de euros destinados por Centeno que, num cenário alargado a todos os funcionários, dará 5 euros por mês a cada um. A próxima ronda de negociação com os sindicatos foi reagendada para amanhã. E hoje é dia de debate quinzenal no Parlamento sobre o tema “Economia e Emprego” mas onde se espera que o Orçamento do Estado seja um dos pratos fortes.

O Governo apresentou ontem o Orçamento aos partidoscom assento parlamentar. Fê-lo, como escrevia o Miguel Santos Carrapatoso no Expresso Diário de ontem, com o défice na lapela. “O PSD e o CDS estão muito preocupados com as contas públicas, mas está para aparecer o primeiro Governo PSD/CDS que consiga melhores resultados do que nós em matéria de défice orçamental e dívida pública”, dizia o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos. O JN fez a compilação das posições dos vários partidos.

Claro que há coisas que já sabemos. Já sabemos que o défice vai ser de 0,2% em 2019, pelo menos é isso que Centeno disse ontem aos partidos e que já tinha garantido ao Expresso quando assegurou também que, para este ano, a meta se mantém em 0,7%. Sabemos também que, para o próximo ano, o cenário macroeconómico conta com um crescimento de 2,2% (menos uma décima que em 2018).

Sabemos também, segundo a edição de hoje do Negócios, que as novas progressões que seriam devidas em 2019 serão faseadas e que, na prática, os funcionários públicos só recebem 66% do que teriam direito.

E depois há também tudo aquilo que não sabemos sequer desconhecer e que está reservado para o dia da apresentação. Diz a experiência que estas serão as más notícias - aumento de impostos indiretos, por exemplo, como a tributação do açúcar - que, por estes dias, não são tão badaladas. Não sabemos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

O caso Ronaldo continua a dar que falar em todo o mundo. Multiplicam-se as notícias sobre a investigação, sobre o facto de o jogador ter estado em Portugal esta semana para preparar a sua defesa e sobre inúmeras outras coisas. E, claro, opiniões para todos os gostos. O grupo Pestana, com quem o futebolista tem uma parceria na hotelaria, mantém-se ao lado do jogador. Mas, dizem os especialistas, a marca CR7 pode mesmo ser afetada. O tema faz manchete no Correio da Manhã de hoje que escreve que Real Madrid obrigou Ronaldo a pagar em 2009.

A tempestade Leslie pode estar a caminho da Madeira, segundo as autoridades americanas, mas, para já, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ainda não emitiu nenhum alerta.

Foram detidas mais duas pessoas no âmbito das agressões no centro de estágios do Sporting em Alcochete. Um deles, como avançou o Expresso online, é o oficial de ligação aos adeptos. E, segundo a CMTV, Bruno de Carvalho está a ser investigado.

A Ryanair, que tem estado sob forte pressão de greves com tudo o que isso implica, anunciou que vai criar 12 novas rotas em Portugal no próximo ano: três desde Lisboa, seis do Porto e três de Faro. Polémico como sempre, o presidente da companhiairlandesa explica a recusa de ir ao Parlamento num pedido do Bloco de Esquerda: “Porque nós não somos políticos. Nós não vamos a parlamentos falar sobre problemas laborais e, se tivermos problemas laborais, falamos com os sindicatos e com os nossos funcionários".

Em sentido contrário, a TAP suspende voos para a Corunha, Vigo e Oviedo por falta de tripulação.

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, é o único arguido no caso dos emails do Benfica. A confirmação foi dada pela Procuradoria-Geral da República.

As audições na Comissão Parlamentar de Inquérito às rendas da energia continuam. Ontem Rui Cartaxo, assessor de Manuel Pinho quando este era ministro da Economia, disse não saber se era normal a EDP preparar diplomas para o Governo.

Já há terrenos à venda na área ardida do incêndio de Sintra e Cascais. Mas o autarca de Cascais, Carlos Carreiras, já disse que vai impedir a construção.

Na ‘crónica criminal’:

- foi capturado em Madrid o suspeito de liderar um grupo de criminoso em Portugal que devia estar em prisão domiciliária

- a Polícia Judiciária deteve mais dois elementos dos Hell´s Angels, num caso que tem já 60 arguidos e um outro detido na Alemanha

Vasco Brazão, o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar envolvido no caso de Tancos, subarrendava casa das Forças Armadas no Airbnb, revelou a TSF.

Os empregadores portugueses são os menos escolarizados da União Europeia.

A Standard & Poor´s subiu o rating do BCP que continua, ainda assim, em nível de ‘lixo’ financeiro. E admite estar vulnerável a uma OPA, escreve o Negócios de hoje. Já o Santander viu a agência de rating manter a sua notação que é já de investimento.

O juiz Ivo Rosa vai ficar em dedicação exclusiva ao processo Marquês. Vai deixar o caso EDP.

Manchetes dos jornais: ”Enfermeiros fizeram greves em mais de 100 dias deste ano” (Público); “Alívio no IRS em 2019 para recibos verdes”(JN); “Real Madrid obriga Ronaldo a pagar” (Correio da Manhã); “Ivo Rosa quer saber se precisa de proteção policial”(i); “BCP admite que está vulnerável a uma OPA” (Jornal de Negócios); “Ricciardi acusa: «Sporting está em pré-falência”(Record); “Aperta-se o cerco [a Bruno de Carvalho]”(A Bola); “Herrera manda”(Jogo)

Lá fora 

O Brasil é neste momento um dos principais focos de atenção em todo o mundo. A vitória de Bolsonaro na primeira volta das presidenciais, a escassos pontos da maioria, tem deixado muitos em suspenso com a possibilidade de haver um fascista – com todas as letras e sem sequer o disfarçar – no Palácio do Planalto. Não faltam análises, comentários, cenários e tudo e mais alguma coisa sobre este evento político da maior relevância que está a dividir o Brasil.

Quem não parece assustado são os mercados financeiros que têm reagido favoravelmente – têm até celebrado como escrevia o Financial Times - ao resultado de Bolsonaro, talvez entusiasmado pela sua mistura de ideias de extrema-direita com liberalismo económico. A fazer lembrar Pinochet e os seus Chicago Boys. Nem por acaso, Paulo Guedes, o responsável pela estratégia económica de Bolsonaro, estudou, precisamente, na Universidade de Chicago onde, conta a Folha de São Paulo, entrou keynesiano e saiu ultraliberal. O DN foi tentar perceber o porquê desta euforia da bolsa.

A situação política brasileira está cheia de contradiçõescomo ilustrava o artigo de ontem de Daniel Oliveira no Expresso Diário – “O equívoco de um imigrante quando vota num fascista” - onde alertava muitos dos que, em Portugal votaram Bolsonaro, que fora do seu país são alvos iguais aos outros sempre que algum Bolsonaro ou sucedâneo barato se aproxime. Vale também a pena recuperar o artigo que Rui Tavares assinou no Público no final de agosto, a propósito do encontro entre o húngaro Orban e o italiano Salvini. Este foi também tema do último episódio da Comissão Política, o podcast da secção de política do Expresso.

Nos EUA, demitiu-se a embaixadora na ONU, Nikki Halley, ex-governadora da Carolina do Sul. Mas já recusou a ideia, entrentanto avançada, de que estaria a preparar-se para entrar numa corrida à Casa Branca.

Um caso que está a ameaçar as relações entre EUA e Arábia Saudita é o desaparecimento na Turquia do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que trabalha para o Washington Post. Trump, insuspeito de simpatias excessivas por jornalistas, principalmente de periódicos como o Post, Trump já teve palavras duras para com Riade e, ao seu estilo, deixou até uma ameaça velada. Thomas Friedman escreve no New York Times de ontem sobre o “amigo” Khashoggi e analisa a atual situação política saudita sob liderança de Mohamed bin Salman.

O novo juiz do Supremo Tribunal dos EUA, Brett Kavanaugh, teve ontem a sua primeira intervenção depois de ser oficialmente no nomeado. Os primeiros três casos em participou foram sobre crimes com armas de fogo.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial estão reunidos em Bali, na Indonésia. Ao longo da semana, o FMI divulgou três documentos onde analisa a economia mundial: o World Economic Outlook que tem previsões para o crescimento mundial; o Global Financial Stability Reportsobre o setor financeiro e o Fiscal Monitor sobre política orçamental. Vitor Gaspar, director do departamento de Assuntos Orçamentais do FMI, dá hoje uma entrevista ao Negócios onde diz que as regras orçamentais europeias são demasiado complexas. É precisamente em Bali que Centeno vai estar durante dois dias na qualidade ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo.

E o que nos dizem os relatórios do FMI? Dizem-nos, entre outras coisas, que o crescimento mundial vai abrandar e que Portugal não só é uma das economias mais lentas a sair da crisecomo ainda tem uma das piores situações patrimoniais do setor público a nível mundial. Mostram ainda que o FMI não é assim tão bom a prever recessões. E deixa também um alerta sobre os riscos do populismo e das guerras comerciais para o andamento da economia mundial. Martin Wolf escreve no Financial Times sobre como evitar a próxima crise, precisamente a partir de alguns dados publicados pelo FMI.

O governo italiano dispara contra Bruxelas em dia de pressão nos mercados. Os juros da dívida italiana dispararam. Em causa está a disputa sobre o défice italiano de 2019. Portugal também sofreu e as taxas passaram 2% pela primeira vez em quatro meses.

FRASES 

“Pelo que conheço do Cristiano, não acredito nesta acusação e até prova em contrário é inocente”, Tony Carreira, músico

“Está para aparecer algum Governo PSD/CDS que tenha melhor défice e menor dívida pública”, Pedro Nuno Santos, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares

O QUE ANDO A LER 

”Gestão, Economia e Política – Vivências e Reflexões”, de Eduardo Catroga, foi ontem apresentado no Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade de Lisboa, por Luis Marques Mendes. O livro de quase 500 páginas acompanhou-me nas últimas semanas na preparação da entrevista que o economista e gestor deu ao Expresso publicada na edição do último sábado onde falava da situação económica do país, das contas públicas e, claro, do seu “amor” EDP que não quer que seja “uma PTzinha”.

A obra percorre a vida de Eduardo Catroga sem nunca deixar de ter um pé no presente. E sem nunca deixar de ter a sua opinião sobre temas tão quentes da atualidade como a investigação da Manuel Pinho e às rendas da EDP ou sobre o governo da ‘geringonça’.

Há também espaço para algumas revelações, como por exemplo ter sido duas vezes convidado por Passos Coelho para ministro da Economia, e para muitos detalhes curiosos sobre importantes períodos recentes da vida portuguesa como foi a negociação do Orçamento do Estado de 2011 que liderou em nome do PSD poucos meses antes do resgate da troika.

Continue connosco. Sempre no Expresso Online e às 18 horas com os principais temas do dia no Expresso Diário. Tenha uma excelente quarta-feira.

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