Polícia prometeu reforçar
"Operação Resgate", que está em curso em Angola. Mas críticos
do Governo dizem que, para a população, "nada mudou" e lamentam falta
de alternativas.
Para o politólogo angolano
Agostinho Sicatu, a "Operação Resgate" não trouxe nada de novo.
Segundo o especialista, a polícia continua a agir como no passado, antes
da operação começar, em novembro.
"É uma operação que a
polícia vem levando a cabo há algum tempo. A única coisa que mudou é o nome:
'resgate'. Mas são as mesmas ações, aumentou até o grau de tortura aos
cidadãos. Hoje, os cidadãos vão tendo mais medo da polícia. Mas, de modo geral,
não mudou absolutamente nada", afirma Sicatu. "Na vida do cidadão,
não trouxe nenhuma novidade."
Promessa de "mais
força"
A "Operação Resgate"
visa "repor a autoridade do Estado". Até aqui, muitos
estabelecimentos comerciais e igrejas já foram encerrados. Mas os fiéis
continuam a exercer a sua liberdade religiosa, ainda que à porta fechada, como
constatou a DW no Zango II, em
Luanda. E , nas ruas da capital, as vendedoras ambulantes
voltaram à sua atividade, embora de forma cautelosa.
A polícia
prometeu, para este ano, "mais força" na "Operação
Resgate". Angola "precisa de ordem, disciplina e respeito pelas pessoas
e instituições", afirmou na semana passada o comissário-chefe Paulo de
Almeida.
O ativista Benedito Jeremias
concorda que o Estado precisa de resgatar os seus valores, mas também defende
medidas preventivas, como a criação de postos de trabalho para a juventude,
a maior
franja da sociedade no desemprego.
"É verdade que o Estado
precisa de ser organizado, as instituições precisam de ser organizadas, a
sociedade também deve obedecer às leis que estão estabelecidas para evitar o
açambarcamento ou a danificação das instituições públicas, mas, para tudo isso,
o Estado precisa de preparar-se."
Para Benedito Jeremias, o sucesso
da "Operação Resgate" depende, em grande medida, da eficácia das
políticas públicas.
Com a "falta de políticas
públicas sérias, capazes de fomentar emprego de qualidade, as pessoas encontram
no mercado informal uma alternativa para a sua empregabilidade", diz o
ativista. "O Estado, ao tomar essas medidas, está a criar também
dificuldades para as pessoas."
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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