sábado, 19 de janeiro de 2019

Repressão Patronal | Arménio Carlos: “Não foi a Cristina que difamou a empresa”

Marcha Solidária com Cristina Tavares, contra a repressão e os despedimentos ilegais Créditos/ Facebook
Na Marcha Solidária com Cristina Tavares, que decorreu este sábado em Santa Maria de Lamas, foram anunciadas novas iniciativas de apoio à trabalhadora, vincando-se a ilegalidade do seu despedimento.

A marcha foi convocada em solidariedade com Cristina Tavaresfuncionária que a Fernando Couto Cortiças despediu, no passado dia 10, na sequência do processo disciplinar que a empresa corticeira instaurou à trabalhadora, em Novembro do ano passado, por denegrir a imagem da empresa. A trabalhadora tinha denunciado as condições em que fora reintegrada, em Maio último, por ordem judicial, após ter sido despedida anteriormente.

Para justificar este despedimento, a empresa acusou a operária de ter proferido «afirmações caluniosas», mas, para o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte (SOCN/CGTP-IN), a situação configura-se como uma «retaliação», uma vez que o processo disciplinar foi instaurado a Cristina Tavares poucos dias depois de a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ter dado como provada a existência de uma atitude repressiva constante contra a funcionária por parte da empresa, que foi autuada em 31 mil euros.

«Não à repressão, não aos despedimentos»

Entre a centena e meia de participantes na marcha de hoje, que decorreu entre o Parque de Santa Maria de Lamas e a sede da APCOR (Associação Portuguesa da Cortiça), na mesma localidade do concelho da Feira, «havia muitas dezenas de trabalhadores e activistas sindicais, sobretudo do distrito de Aveiro, mas também dos de Coimbra, Porto e Braga», disse ao AbrilAbril o coordenador da União de Sindicatos de Aveiro (USA), Adelino Nunes.

O dirigente sindical sublinhou que a marcha «foi bem ruidosa, com muitas palavras de ordem». Solidários com Cristina e denunciando a situação em que se encontra, os participantes exigiram «Trabalho com direitos» e disseram, sobretudo, «Não à repressão» e «Não aos despedimentos».

Numa mobilização que, para além do movimento sindical, contou com representantes de organizações e partidos políticos como o Movimento Democrático de Mulheres, PCP, Partido Ecologista «Os Verdes» e BE, já no final o SOCN anunciou que solicitou uma reunião aos partidos com assento na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira.

Adelino Nunes disse ainda ao AbrilAbril que o sindicato vai promover a realização de uma nova iniciativa solidária no próximo sábado, dia 26: um cordão humano frente à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

«Não foi a Cristina que difamou a empresa»

No final da marcha, junto à associação patronal da cortiça, intervieram João Ribeiro, da Interjovem, Alírio Martins, presidente do SOCN, e Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN.

O sindicato, além de prosseguir com a queixa-crime já apresentada contra a empresa, por assédio, anunciou que vai avançar com a impugnação do despedimento, referiu o coordenador da USA.

Por seu lado, o secretário-geral da Inter sublinhou a necessidade de manter a solidariedade com Cristina Tavares, bem como com outros trabalhadores em idênticas circunstâncias, tendo feito um apelo para que tais casos sejam denunciados aos sindicatos.

Na intervenção final, Arménio Carlos, que destacou a ilegalidade do despedimento desta trabalhadora, afirmou que «não foi a Cristina que difamou a empresa», mas foi esta que agiu em «retaliação», ao arrepio da decisão judicial.

A melhor testemunha de Cristina Tavares é a ACT, «que confirmou que a trabalhadora estava a ser assediada, humilhada e sujeita a um trabalho improdutivo», frisou Arménio Carlos.

Abril Abril

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