Daschbach (foto google) |
Díli, 11 fev (Lusa) -- O
Presidente da República timorense disse hoje que está "preocupado"
com o caso de um padre norte-americano suspeito de abuso sexual de menores no
enclave de Oecusse, afirmando que cabe à justiça lidar com a questão.
"Preocupa-me de certa
maneira este caso", disse à Lusa, no Palácio Presidencial. "Mas devo
dizer que a justiça tomará conta deste caso", afirmou.
A publicação timorense Tempo
Timor revelou na semana passada que o padre Richard Daschbach teria sido
afastado pela Congregação da Doutrina da Fé (CDF) no Vaticano depois de
acusações de que abusou de várias crianças que estavam ao seu cuidado em
Oecusse.
Citando responsáveis católicos
timorenses, a Tempo Timor revelou que Dascbach tinha admitido os seus crimes à
congregação Societas Verbi Divini (SVD ou Sociedade da Palavra Divina), tendo
sido inicialmente retirado do enclave.
Daschbach, 82 anos, natural de Pittsburg,
nos Estados Unidos, vive em Timor-Leste desde 1966 e, em 1992, estabeleceu duas
casas de abrigo de crianças, a TopuHonis, em dois espaços no enclave de
Oecusse.
O caso chegou a conhecimento de
responsáveis timorenses há quase um ano, mas só agora foi tornado público.
Na semana passada, o comandante
da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) disse que o padre já foi interrogado
e que o caso está a ser investigado.
"O processo ainda esta a
andar. Já foi interrogado pela investigação criminal e o processo está a andar.
Já falámos também com o Ministério Público sobre a situação e até já falámos
com o bispo", disse Júlio Hornay, recusando-se a fazer comentários
alargados sobre o caso.
O primeiro-ministro timorense,
Taur Matan Ruak, também disse que cabe à polícia e à justiça investigar o caso
do padre norte-americano suspeito de abusos de crianças num orfanato que geria
no enclave de Oecusse-Ambeno.
"Deixo a Justiça tomar
conta. O processo está a andar. Tenho muito respeito por isso. E deixo que a
polícia e a justiça tomem conta do assunto", disse hoje aos jornalistas no
Palácio Presidencial depois do seu encontro semanal com o chefe de Estado.
Taur Matan Ruak confirmou que ele
próprio, acompanhado da sua mulher, Isabel Ferreira, visitou em março do ano passado
a sede da SVD em Díli, quando as suspeitas foram levadas aos responsáveis da
congregação.
"Eu não tinha intenção de
passar cartão de imunidade para o padre. Simplesmente, como ser humano,
por questão de respeito, visitámos para saber o que se passava e manifestar a
nossa preocupação sobre as questões", disse Taur Matan Ruak que, nessa
altura, era presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e dos líderes da
coligação Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).
Citado pelo Tempo Timor, o
supervisor regional da SVD, Yohanes Suban Gapun, disse que durante essa visita
Taur Matan Ruak pediu para que deixassem o padre voltar para Oecusse.
"O senhor Taur Matan Ruak e
a sua mulher vieram visitar-nos e falaram com Daschbach. Também me pediram se,
por favor, o deixava voltar a Oecusse porque muitas pessoas gostam dele ali e
ainda o respeitam muito. Por favor, deixem-no ir para Oecusse também porque
está velho e deixem que morra lá em paz", contou.
Apesar de Daschbach ter admitido
perante várias pessoas a autoria dos crimes continua a viver em liberdade em
Oecusse, não tendo sido ainda formalmente acusado pelo sistema judicial
timorense.
ASP // JMC
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