A luta contra os efeitos das
Alterações Climáticas não pode ser dissociada da luta contra um sistema
injusto, que explora intensivamente os recursos naturais, impõe padrões de vida
consumistas e promove negócios de morte.
Duarte Caldeira* | opinião
Nos dias 28 e 29 de Março (1)
realiza-se em Setúbal a segunda edição da Conferência Internacional Riscos,
Segurança e Cidadania, subordinada ao tema “Gestão do Risco e Alterações
Climáticas”.
A organização é da Plataforma de
Setúbal, uma parceria entre a Câmara Municipal de Setúbal, Centro de Estudos e
Intervenção em Proteção
Civil , Instituto Politécnico de Setúbal e Instituto de
Geografia e Ordenamento do Território, da Universidade de Lisboa.
Depois do êxito da primeira
edição deste evento, reunido em 30 e 31 de março de 2017, da qual resultou um
documento de orientação estratégica designado “Declaração de Setúbal”, a edição
deste ano refletirá a problemática do Risco face ao desafios colocados perante
os efeitos das Alterações Climáticas, e identificará linhas de ação inadiável,
nomeadamente no domínio da adaptação das comunidades e dos Estados a esta
evidência, que só os arautos da exploração desenfreada dos recursos ousam pôr
em dúvida.
A frequência e severidade das
catástrofes que vão ocorrendo pelo mundo – veja-se a situação que está a ser
vivida em Moçambique, em consequência dos efeitos provocados pelo ciclone Idai,
uma das maiores tempestades ocorridas no Hemisfério do Sul – força-nos a
pensar, a adaptarmo-nos, a prepararmo-nos e a mudarmos de atitude, assumindo
que estamos perante uma situação que a todos diz respeito e que, por
consequência, todos convoca.
Urge desenvolver estratégias
locais e nacionais de redução do risco, através de uma ligação ativa à
sociedade e à comunidade científica. É essencial adotar políticas preventivas e
formar a consciência de risco dos cidadãos, para que eles se mobilizem e se
assumam como primeiro garante da sua autoproteção e da comunidade em que se
inserem.
Mas é aos Estados que cabe uma
especial responsabilidade, na adoção das medidas necessárias ao cumprimento das
metas definidas no primeiro acordo universal para combater as Alterações
Climáticas, aprovado durante da 21ª Conferencia de Paris na Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que entrou em vigor em novembro
de 2016, após obter a ratificação de 55 países.
Este é o quadro de referencia que
orientou os organizadores desta Conferencia, um fórum do qual se espera
relevantes contributos e que contará com a participação de prestigiados
oradores nacionais e internacionais, com o objetivo central de influenciar a
qualidade da decisão politica dos governantes, nomeadamente portugueses, num
combate civilizacional na defesa da segurança de pessoas e infraestruturas,
ameaçadas pelas consequências de décadas de subordinação aos interesses dos
grandes grupos económicos mundiais.
A luta contra os efeitos das
Alterações Climáticas não pode ser dissociada da luta contra um sistema
injusto, que explora intensivamente os recursos naturais, impõe padrões de vida
consumistas e promove negócios de morte.
Se ainda não se inscreveu neste
fórum de reflexão cívica e científica, ainda está a tempo de o fazer. Marcamos
encontro em Setúbal, nas próximas quinta e sexta feira.
*Abril Abril | (1) - Ligeira
alteração PG no inicio do segundo parágrafo, referente aos dias da realização
da Conferência.
Imagem: Alerta às alterações
climáticas. Concentração de estudantes realizada em Coimbra, 15 de Março de
2019. Créditos/ João Pinto Ângelo
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