País está na 105ª colocação entre
180 e próximo da zona vermelha, onde estão Venezuela e outros países onde
situação é difícil para a imprensa, afirma a ONG. Primeiro lugar é da Noruega,
e o último, do Turcomenistão.
O Brasil, a Venezuela e a
Nicarágua são os países latino-americanos onde a liberdade de imprensa piorou
em 2018, segundo a classificação anual divulgada nesta quinta-feira (18/04)
pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), que também alerta para a situação ruim
no México e em Cuba.
Na 105ª colocação, o Brasil está
localizado perto da "zona vermelha", assim como a Venezuela e outros
países onde a situação é "difícil" para a imprensa, como Burundi,
Iraque e Turquia.
Pela primeira vez em três anos, a
Coreia do Norte não é a última colocada (posição 180) da lista, onde está agora
o Turcomenistão. A Noruega está em primeiro lugar, seguida da Finlândia e da
Suécia.
"Em essência, o clima no
qual os jornalistas trabalham simplesmente se deteriorou em todo o
mundo", disse Sylvie Ahrens-Urbanek, do escritório alemão da RSF. Segundo
ela, a profissão está convivendo com um "clima de medo".
Ela considera especialmente
alarmante a crescente retórica de ódio contra jornalistas na Europa e nos
Estados Unidos, apesar de lembrar que o fenômeno é mundial. O ano de 2018 foi
marcado em todo o mundo pela redução de onde se pode praticar o jornalismo com
garantias.
Brasil
A deterioração do Brasil responde
a um ano "particularmente agitado", com o assassinato de quatro
jornalistas e a crescente fragilidade dos profissionais independentes que
cobrem temas ligados à corrupção ou ao crime organizado, afirmou a ONG.
Para a RSF, a eleição do
presidente Jair Bolsonaro, após uma campanha marcada pelo discurso do ódio e da
desinformação, "marca um período sombrio para a liberdade de
imprensa" no Brasil.
As redes sociais, especialmente o
Whatsapp, serviram para espalhar notícias falsas e desacreditar os veículos de
imprensa críticos ao presidente, transformando os jornalistas em "alvos
prediletos" dos seguidores de Bolsonaro.
Venezuela
Sobre a Venezuela, a "deriva
autoritária" do governo de Nicolás Maduro aproxima o país da "zona
negra", onde está o grupo em pior classificação, que tem na Eritreia, na Coreia
do Norte e no Turcomenistão os últimos colocados.
Em 2018, a repressão da
imprensa independente na Venezuela se intensificou, com prisões arbitrárias de
jornalistas e violência das forças da ordem contra os repórteres.
As emissoras de rádio e televisão
mais críticas ao governo tiveram suas licenças de transmissão cassadas, além de
a imprensa estrangeira ter sofrido com prisões, interrogatórios e até expulsões
da Venezuela.
Nicarágua
Mas o país da América Latina que
mais caiu no ranking de classificação foi a Nicarágua, descendo 24 posições,
para o 114º lugar, em plena "zona vermelha", por conta da repressão à
imprensa independente feita pelo governo de Daniel Ortega.
No contexto do agravamento da
crise política no país e do aumento das manifestações contra o governo, a RSF
diz que "o jornalismo é constantemente estigmatizado e atacado com
campanhas de assédio e ameaças de morte, além de prisões arbitrárias".
"Durante as manifestações,
os repórteres da Nicarágua consideraram que os opositores são frequentemente
atacados e muitos deles foram forçados ao exílio para evitar a acusação de
terrorismo e prisão", acrescenta.
Cuba e México
O relatório também lembra que,
pelo 22º ano consecutivo, o pior país para a imprensa na América Latina é Cuba,
na 169º posição, apenas 11 colocações à frente do Turcomenistão.
A melhoria da cobertura da
internet na ilha, que facilita o trabalho de "blogueiros" e alguns
jornalistas independentes, não esconde que o regime, agora comandado por Miguel
Díaz-Canel, segue controlando permanentemente a informação e usando a
repressão, levando ao exílio as vozes mais críticas.
Na "zona vermelha"
também se encontra o México, principal cemitério de jornalistas, dez deles
assassinados em 2018, vítimas do crime organizado e de autoridades corruptas.
A autocensura, ligada à
intimidação da classe política, cresceu em El Salvador , Honduras
e Guatemala, enquanto que a situação está "alarmante" na Bolívia,
113ª da lista, por causa da censura imposta pelo governo de Evo Morales aos
veículos de imprensa críticos.
O Chile, entretanto, caiu oito
posições devido aos ataques sofridos para a proteção de fontes de jornalistas
que trabalham nas reivindicações dos Mapuches ou a corrupção da classe
política.
AS/efe/dw
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