terça-feira, 16 de abril de 2019

Pequeno guia para abandonar o Google


Roteiro para sair do labirinto de uma das mega-corporações tecnológicas. Ela já provou incontáveis vezes não merecer nossa confiança – mas julgamos estar presos, por não ver alternativas. Elas existem

Gabriela Leite | Outras Palavras | Imagem:  Pawell Kuczynski

Há alguns anos, viralizou um meme com dois porquinhos surpresos com sua vida grátis na fazenda. Abaixo, uma eloquente comparação com a rede social mais famosa do planeta: se não está pagando para usar, é porque é você quem está sendo vendido. De fato, a lógica da internet seguiu esse caminho. Foi uma bruta transformação: um espaço de gigante potencial de liberdade e troca de conhecimento foi engolido por grandes empresas que controlam os dados de seus usuários, vendem sua atenção, manipulam seu humor, delatam sua rotina para agências de inteligência, intensificam o hiperindividualismo, influenciam eleições… Tudo isso num regime de oligopólio, cujos integrantes aniquilam (ou engolem) qualquer iniciativa que desafie sua hegemonia.



Mas como fugir? O jornalista Nithin Coca contou, no Medium, sua experiência em deixar de usar todos os produtos de uma dessas brutamontes tecnológicas: a Google. Conta que, a princípio, era um grande fã da empresa, que sempre aparecia com um novo serviço genial — e gratuito. Ora, se não chegamos ao ponto de ir ao abate, após habitar esse confortável curral, certamente já pagamos a conta com nossos dados, nossa privacidade, nossa liberdade. Nithin passou a perceber que deixamos de adotar os serviços do Google porque são os melhores, mas porque parece não haver alternativas.

Mas há: várias iniciativas resistem, muitas delas ainda com o enorme benefício de proteger suas informações — afinal a ideia não é sair do Google e migrar para a Microsoft ou a Apple, veja bem. Vamos a algumas das alternativas.

Primeiro, bem, a busca. Duckduckgo já é conhecido por muitos, mas ele também cita o Startpage. Nenhum dos dois coleta seus dados ou cria um perfil de consumo para indicar as marcas “certas”. Para substituir o navegador Chrome, fácil: o Firefox. Muito conhecido, bem mais rápido, é mantido por uma fundação sem fins lucrativos que luta pela liberdade e privacidade na internet. Se seu problema é a localização, também já pode abandonar Google Maps e Waze. Para o computador, ele indica o HereWeGo, para celular, o Maps.mePara substituir o Gmail, escolheu o ProtonMail, um servidor que se preocupa tanto com segurança quanto com a facilidade de uso. Vale a pena ver a lista completa: há opções para o Hangouts, o Google Drive, e até sistemas operacionais que substituem o Android, nos celulares.

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