Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias
| opinião
1. Comemora-se hoje mais um
aniversário da Revolução de Abril. Já lá vão 45 anos desde esse dia libertador.
Para alguns, sobretudo entre os
que são mais velhos do que a nossa democracia, é ainda um dia para relembrar a
ditadura mesquinha e violenta, recuperar as propostas de futuro desenhadas a
partir de armas enfeitadas com cravos, e até para sair à rua, reivindicando o
compromisso contínuo com os três "d" de Abril: democratizar,
desenvolver e descolonizar (a mentalidade de colono perdura). Para outros, sobretudo
entre os que são mais novos do que a nossa democracia, é pouco mais do que uma
efeméride histórica, com direito a folga e, quem sabe, onde abril não esteja
para águas mil, um banho de sol e um mergulho no mar. Admiro os primeiros, não
censuro os segundos. Foi também para democratizar o ócio que Abril se fez. Não
é preocupante que metade dos inquiridos numa sondagem publicada hoje no JN
tenha chumbado num teste sobre Abril (falhando mais de metade das oito
perguntas). Não saberão de cor os nomes dos protagonistas, mas sentem, pelo
menos em parte, os efeitos da generosidade dos capitães de Abril e de toda uma
geração que transformou, no próprio dia, um golpe militar numa revolução
popular.
2. As autarquias são um dos
pilares de uma democracia saudável. As câmaras com a sua escala para resolver
problemas fundamentais, mas caros (água, esgotos, escolas, habitação). As
freguesias, pela proximidade e a resolução dos pequenos problemas quase porta a
porta. Quando a bancarrota se declarou e a troika se instalou, o Governo
PSD/CDS tentou iludir os credores e os portugueses com uma reforma estrutural
no Poder Local. De cima para baixo, foram extintas 1168 freguesias. Foi preciso
esperar seis anos, mas avança finalmente uma proposta para remendar (não para
repor) uma decisão desprovida de sentido político, social e financeiro.
* Chefe de redação
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