Grupo de lesados do BES/Novo
Banco aguardava a chegada do primeiro-ministro a Avintes, Vila Nova de Gaia,
com apitos e bombos
O primeiro-ministro, António
Costa, foi ontem (14.4) recebido em
Vila Nova de Gaia por um grupo de lesados do BES/Novo Banco
que, ao som de apitos e bombos e junto a bandeiras negras, gritava "devolvam
o nosso dinheiro".
"Ganharam todos. Só os
lesados é que foram vigarizados"ou "Vergonha, não há
justiça" são algumas das frases das faixas e cartazes colocados ao
longo da rua de frente para o pavilhão municipal de Avintes, Gaia, onde o
secretário-geral do PS, António Costa, e do cabeça de lista às eleições
europeias, Pedro Marques, vão almoçar com centenas de militantes socialistas
numa ação de pré-campanha eleitoral.
O programa previa que António
Costa chegasse às 12:30, tendo o primeiro-ministro chegado cerca das 13:30,
acompanhado por Pedro Marques e pelo presidente da Câmara de Gaia, o socialista
Eduardo Vítor Rodrigues.
À saída do carro, Costa ainda
chegou a ser puxado por um dos representantes do grupo de lesados do BES/Novo
Banco, mas com a intervenção da segurança acabou por entrar no recinto debaixo
de um coro de gritos, som de apitos e megafones.
A este ruído juntou-se o som de
nove bombos do Grupo de Mareantes do Rio Douro, uma coletividade local que
desfilou em frente aos lesados do BES/Novo Banco ao longo do final da manhã e
depois ladeou a entrada do primeiro-ministro no recinto de Avintes.
Antes, o líder da Distrital
PS/Porto, Manuel Pizarro, foi junto dos lesados do BES/Novo Banco para perceber
as reivindicações do grupo e prometeu recebê-los na quinta-feira. Aos
jornalistas disse "perceber o desespero daquelas pessoas",
mas frisou que "neste momento estão em causa apenas 7% dos lesados
porque não quiseram chegar a acordo".
Ao início da manhã, em
declarações à agência Lusa, António Silva, um dos lesados do BES/Novo Banco,
contava que o grupo fez "pelo menos 40 manifestações" e,
garantiu, "estar pronto para só parar quando reaver o dinheiro" que
considera ter sido "roubado".
"Somos vítimas de uma burla.
Existia uma provisão e as entidades prometiam segurança, mas já se passaram
cinco anos e não temos o nosso dinheiro, o dinheiro de uma vida. Continuamos a
zero", disse António Silva.
Ao lado, Manuel Sousa, emigrante
em França há 49 anos, contou que partiu para Paris "em criança para
trabalhar muito" e agora volta a Portugal "sem nada".
"Sou lesado, sou roubado. Fui para
França porque meu país não me oferecia uma alternativa, mas nunca desisti da
minha pátria onde quis sempre fazer o depósito das minhas poupanças, mas um dia
dei com as minhas contas a zero. O Novo Banco é o culpado e o Governo tem de
fazer alguma coisa", referiu.
TVI24 | Lusa | Foto: José Coelho
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