segunda-feira, 1 de abril de 2019

São Tomé | Uma Quiosqueira não faz Alta Cozinha


Tendo sido convidado por alguns amigos, apesar de muitos afazeres profissionais momentaneamente, para ouvir uma entrevista radiofónica, dada pela senhora ministra do Turismo, Cultura, Comercio e Indústria, do atual governo central, Maria Graça Oliveira Lavres, deixei algumas tarefas por concluir em troca deste propósito.

Adelino Cardoso Cassandra | Téla Nón | opinião

Exausto, depois de um dia intenso de trabalho, liguei o computador, puxei uma cadeira e acomodei-me nela, convencido que estava diante de uma oportunidade, aparentemente rara, para ouvir algo, estruturalmente pensado, que refletisse, em termos mais específicos, as ideias do atual governo da república para os sectores do Turismo, Cultura Comércio e Indústria.

Depois de ouvir o entrevistador, antes da entrevista em causa começar, ler um extenso currículo que, hierarquizava, entre outras, as funções e títulos da referida governante, desde professora primária, passando por inspetora da educação e terminando na professora universitária, o “apetite” para ouvir a referida entrevista aumentou.

Logo na entrada, a senhora ministra não estava para brincadeiras. Ofereceu-nos, como aperitivo, depois de questionada pelo entrevistador para explicar as “grandes saídas” (expressão do entrevistador) ou opções estratégicas para o turismo nacional, ela não hesitou e, aparentemente alegre, atirou de chofre: «… vou construir algumas casas de banho na cidade e praias do país” (…) vou desenvolver o programa REVIVE cuja paternidade e originalidade embora não seja deste governo ou mesmo nacional eu me empenharei na sua realização e, (…) ainda, vou, pessoalmente, implementar um projeto para melhorar a venda de água de coco (fruto de coqueiro) no país…»



Tive que me recompor na cadeira e respirar fundo perante esta resposta da senhora ministra convencido que fora um engano ou acidente técnico na montagem da referida entrevista que adulterou o conteúdo da mesma. Nada disso, era mesmo a convicção da ministra relativamente às opções estratégicas que o país deveria adotar para melhorar a indústria turística nacional.

Fiquei a saber que, do ponto de vista estratégico, aquilo que o nosso país precisa, neste momento, para relançar o turismo nacional é a construção de casas de banho na cidade e algumas praias do país, o desenvolvimento do programa REVIVE e um projeto para melhorar a venda de água de coco no país.

Quem, como eu, depois de ouvir o senhor primeiro-ministro, em várias ocasiões, prometer-nos mundos e fundos, em declarações oficiais, para alavancar a nossa débil economia, esperava ouvir, da titular de uma pasta tão importante neste processo, um diagnóstico prospetivo sobre os constrangimentos que o nosso turismo apresenta, neste momento, medidas estratégicas de intervenção, de curto, médio e longo prazos, de acordo com as tendências internacionais que se coadunam com as características do nosso modelo territorial de intervenção, bem como objetivos, metas, visão, prioridades de investimento, parcerias, projetos, modelos de gestão, financiamento e monitorização, etc., até como reforço metodológico de comunicação do governo, como um todo, que contribuísse para credibilizar o discurso genérico do senhor primeiro-ministro.

Ficamos somente com a patética ideia, típica de uma dona de quiosque que resolveu ser chefe de cozinha por um dia, de: construção de casas de banho nas cidades e algumas praias do país; o desenvolvimento do programa REVIVE e um projeto para melhorar a venda de água de coco no país. Estas são, segundo a ministra em causa, as linhas de força ou medidas estruturais para dinamizar o nosso turismo.

Isto foi só a entrada, porque os disparates e banalidades não ficaram por aqui. No prato seguinte, a referida ministra trouxe-nos, numa gamela, outra invenção culinária extraordinária.

Segundo a própria, na ilha do Príncipe, não se pode falar, neste momento, de progresso, porque embora se constate muitos investimentos estrangeiros nas roças Belo Monte, Sundy, no ilhéu Bombom e outras, e grande dinamização do sector turístico regional, bem como a requalificação do aeroporto regional e da antiga casa da administração do Concelho e outras iniciativas no domínio da sustentabilidade económica, social e ambiental, que permitiram que a ilha do Príncipe fosse admitida pela UNESCO como Reserva da Biosfera, a paternidade das referidas iniciativas, em termos políticos, segundo a referida ministra, não poderiam ser dirigidas ao governo regional e, como tal, não se poderia falar de progresso, porque não foi o Governo Regional que projetou, construiu ou explora as referidas infraestruturas.

Eu quase que caia da cadeira quando ouvi esta afirmação. Ficamos todos a saber, na voz da senhora ministra do comércio, turismo, indústria e cultura (volto a repetir, comércio, turismo, indústria e cultura) do meu pobre país que só se pode falar de “progresso” quando é o  Governo Central e/ou Governo Regional a projetar, desenvolver e dinamizar todo o sector da economia de uma região ou país, designadamente construir resorts, aeroportos, requalificar o património estatal, etc., e se estas iniciativas partirem, sobretudo, do sector empresarial, nacional ou estrangeiro, em parceria direta ou indireta com o Estado, não se pode falar de “progresso”. Não sei como é que ela vai conseguir fazer tudo isto no governo central que ela faz parte, em prol do seu referenciado “progresso”, dispensando os empresários, nacionais e estrangeiros, nesta tarefa. É obra!!!

Levantei da cadeira, esbocei um pequeno sorriso de incredulidade, deixei momentaneamente o conforto, em que estava, em busca dos fones, com receio que a vizinhança, inadvertidamente, também ouvisse os disparates e banalidades que a ministra vociferava, com aparente genuinidade, naquela entrevista.

Antes de eu voltar a sentar-me, de novo, na referida cadeira, a ministra disparou sem piedade: «…no Príncipe eles fazem falcatruas com computadores, (…) os computadores estão sempre avariados quando as inspeções de finanças vão ao Príncipe em momentos de inspeção às contas do Governo Regional (..) eu já mandei fazer uma auditoria ao fundo do turismo cá em S.Tomé e vou fazer o mesmo no Príncipe (…) eles enganam as autoridades de inspeção das finanças para não irem para cadeia…».

Esta foi uma espécie de sobremesa que a senhora ministra ofereceu aos ouvintes, num tom e forma denunciador de raiva, revanche, ódio e ajuste de contas.

Nunca vi nada assim, em toda a minha vida, e imagino o que os diplomatas e entidades estrangeiras, que vivem no nosso país e ouviram a referida entrevista, devem estar a pensar da referida ministra e do referido governo que a sustenta. Eu que fui muito crítico do governo do ADI, tenho que admitir que aquele governo, muito embora tenha feito coisas com as quais eu discordava radicalmente, não creio que o mesmo comportava um (a) ministro (a) tão banal, fraca, incompetente e com um desequilíbrio emocional tão evidente que não importa de se expor de forma tão penosa e triste, perante uma plateia tão ampla.

Para além disso, a senhora ministra parece não ter noção nenhuma daquilo que é o Estado, as suas instituições e essência da autonomia regional e, convencida que é dona disto tudo como é do seu quiosque, acha-se no direito de mandar fazer auditorias ao governo regional, desprezando o Tribunal de Contas e Inspeção Geral das Finanças e desqualifica as referidas instituições considerando-as ingénuas, pouco empenhadas e, até, cooperantes nas suposta aldrabices realizadas pelo Governo Regional.

Ninguém compreende que, tendo a referida senhora sido deputada regional, durante muito tempo, na Assembleia Regional, e sido assessora de uma secretaria regional, não se tenha lembrado de, como deputada, em nenhum momento, requerer, de acordo com poderes e deveres dos deputados, uma auditoria geral e independente, a realizar pelo Tribunal de Contas, às contas do Governo Regional, com base em fundamentos que, hoje, como ministra, declara na referida entrevista, manchando o nome de muitas pessoas, algumas das quais, com muito sacrifício, pessoal e familiar, largaram a sua vida profissional, no estrangeiro, para ocuparem lugares no governo regional e darem o seu máximo contributo para o desenvolvimento do Príncipe.

Convencido que os disparates da senhora ministra já tinham acabado, tentei esboçar uma retirada antecipada com a tentativa de tirar os fones do ouvido. Antes que a minha mão chegasse aos ouvidos, a senhora ministra resolveu oferecer-nos um aperitivo final, para complementar a ementa, e resolveu tirar do interior do seu quiosque esta pérola: «…enquanto eu continuar como ministra vou continuar a enviar o arroz para o camarada do partido, António Barros, sim senhor, quer eles queiram quer não, porque este arroz vai servir para ele distribuir para os nossos militantes que estão a ser perseguidos no Príncipe…».

Fiquei espantadíssimo com esta declaração da senhora ministra, por dois motivos.

Tendo a senhora ministra conhecimento de eventual perseguição política que é feita aos militantes do seu partido no Príncipe, sendo um deles deputado da nação e nomeado pela própria ministra, na referida entrevista, como sendo o recetor e distribuidor do arroz para os militantes no Príncipe, ambos deveriam denunciar esta perseguição política aos Tribunais e, até, na própria Assembleia Nacional porque tal facto configura uma violação constitucional.

Por outro lado, fiquei preocupado que, de acordo com a perspetiva do atual governo central expressa pela referida ministra na referida entrevista, a receita para combater uma eventual perseguição político-partidária, na Região Autónoma do Príncipe e provavelmente em todo o país, é o governo central, pela mão da ministra de Comércio, Indústria, Cultura e Turismo, distribuir arroz aos militantes do seu partido.

Só que ao falar de perseguição política aos seus militantes, tendo o Príncipe como instrumento referencial, a senhora ministra, que é natural da referida ilha, esqueceu-se da perseguição que foi movida aos naturais do Príncipe, pelo seu partido, em 26/27 de dezembro de 1981, em que dezenas de naturais do Príncipe foram perseguidos, humilhados, presos e enviados para S.Tomé onde foram vítimas de todas as sevícias só pelo facto de terem ousado denunciar as dificuldades de vida na referida ilha, naquele contexto temporal concreto, e dignidade no tratamento às pessoas e instituições locais.

Tendo falado de perseguição política, a senhora ministra esqueceu-se, também, de mencionar na referida entrevista, o facto de dezenas de naturais do Príncipe terem morrido ou desaparecidos, definitivamente, no alto mar, por tentativa de evasão da ilha, em direção aos países da costa africana, exatamente por perseguição política movida pelo poder político central e local do MLSTP, naquele contexto temporal concreto, que, como agora faz a senhora ministra, contou com colaboradores políticos locais naturais do Príncipe.

Eu não me esqueci disto, senhora ministra, nem muitos naturais do Príncipe esqueceram-se disto. E começo a interiorizar a ideia, como muitos naturais e residentes do Príncipe começam a fazer o mesmo, que, sempre que o MLSTP regressa ao poder, existe uma tentativa, consciente ou inconsciente, que conta a colaboração de alguns naturais do próprio Príncipe, como aconteceu em 26/27 de dezembro de 1981, para “meter o Príncipe na ordem”, domesticá-lo e humilhá-lo. Eu estarei, voluntariamente, como sempre estive, na primeira linha do combate contra este propósito.

Só pode haver três ou quatro explicações para este comportamento da senhora ministra. Ou trata-se de pura incompetência e ignorância política; ou a senhora ministra está cega de ódio, revanche e recalcamentos, tendo como motivação, a montante, assuntos políticos específicos do contexto regional que ela transportou para a esfera do governo central, querendo, com tal, desprezar o trabalho desenvolvido na ilha do Príncipe nos últimos anos; ou, ainda, pode-se tratar, de facto, de um novo modelo de intervenção política do governo central, que ela faz parte, verbalizado pela própria na referida entrevista, que desconsidera a ação do sector empresarial privado para o desenvolvimento do país em detrimento da coletivização, criando condições para tornar os meios de produção nacional propriedade coletiva do Estado, como já se tentou fazer logo após a independência nacional, num hipotético contexto de desenvolvimento de uma economia centralizada; ou, numa quarta alternativa, trata-se, de facto,  de uma intervenção concertada entre alguns dinossauros do “velho MLSTP”, açambarcador, inútil e perverso, e a referida ministra, à revelia da nova direção do partido em causa e do seu presidente, com intuito de “meter a ilha do Príncipe na ordem”, como sempre tentaram fazer, tendo em conta, sobretudo, a manifestação de discordância e revolta da referida população quando tentaram forçar o Príncipe a aceitar a perda do seu património florestal em prol do desenvolvimento do projeto Agripalma na referida ilha.

Eu ficarei preocupado com qualquer das quatro alternativas mencionadas anteriormente porque todas elas encerram um sério problema para o governo do Jorge Bom Jesus que a senhora ministra faz parte.

Confirmando-se quaisquer das duas primeiras alternativas, seria muito preocupante porque, todos ficaríamos a saber, a partir desta entrevista dada pela referida ministra, que temos no governo da república uma pessoa aparentemente desqualificada para as funções que exerce momentaneamente e/ou desequilibrada de ponto de vista emocional para a tarefa em causa.

A própria oposição teria, neste caso, a partir de agora, identificado o alvo mais frágil do governo e apontaria todas as baterias para o abater. Bastaria, a partir de agora, criar condições para que a senhora ministra interviesse mais vezes na Assembleia Nacional, através de expedientes parlamentares usuais, para que os disparates e banalidades começassem a brotar da boca da referida governante como cogumelos. Seria, como aconteceu na referida entrevista: cada cavadela sua minhoca!

Confirmando-se, pelo contrário, quaisquer das duas ultimas alternativas, seria, também, muito preocupante, porque, tal facto representaria a antítese de todo o conteúdo discursivo do primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, até hoje, que não se cansa de mencionar nas suas intervenções a necessidade do país atrair investimentos estrangeiros e contribuir, com tal, para a dinamização da economia nacional bem como o apelo que o mesmo, reiteradamente, tem feito, sobre a necessidade de todos, sem exceção, envolverem-se na tarefa de desenvolvimento do país, de uma forma inclusiva e integradora.

O que a senhora ministra revelou na referida entrevista, objetiva ou subjetivamente, tendo a região autónoma do Príncipe como referência instrumental, é que ela dispensa ou não valoriza o papel dos investidores estrangeiros na dinamização da economia regional/nacional, relacionando tal facto com o progresso ou não progresso do país.

Eu, como cidadão nacional, devo acreditar no discurso da senhora ministra ou no discurso do senhor primeiro-ministro?

O que é que os investidores estrangeiros, que têm feito um esforço enorme, em termos de investimentos de recursos para dinamização da economia regional, no Príncipe, poderão pensar de um governo central que diminui, objetiva ou subjetivamente, a sua intervenção neste âmbito?

O que é que a população do Príncipe poderá pensar de um governo central que tenta diminuir o desempenho dos seus representantes, reforçadamente eleitos recentemente, pela voz de uma ministra do referido governo, depois do primeiro-ministro ter, reiteradamente, declarado disponibilidade e vontade para trabalhar com todos numa base inclusiva e integradora?

Por tudo isto acho urgente e necessário que o senhor primeiro-ministro venha dizer, claramente, se corrobora ou não com o conteúdo da entrevista da sua ministra, caso contrário eu terei toda a legitimidade para, a partir de agora, reforçar a ideia que começo a interiorizar de que, aparentemente, existe uma contradição entre o conteúdo discursivo do senhor primeiro-ministro e a real intenção de reformar o país de acordo com pressupostos e critérios anunciados pelo próprio.

Cabe somente ao senhor primeiro-ministro tomar a decisão de continuidade ou não da referida senhora no governo que ele dirige. Mas não me venham, contudo, com a conversa, usual, que ainda é cedo para tomar uma decisão neste âmbito, depois de tantos disparates e controvérsias provocadas por esta senhora ministra em tão pouco tempo de gestão política no seu ministério.

Isto não vai lá com o tempo! Tomar o tempo como referência, neste âmbito, seria o mesmo que esperar, indefinidamente, que um aluno com problemas crónicos de aprendizagem, decorrente de transtornos ou desordens, de um determinado tipo, que lhe afeta a capacidade do cérebro em receber as informações e processá-las, poder vir a ser, com a passagem do tempo, um ótimo aluno.

Em política isto é fatal, até pelo facto de eu estar absolutamente convencido que, cada vez que esta senhora abrir a boca sairá de lá disparates e tontices de toda a natureza para além de decisões políticas que ela tomará, no seu ministério, como se estivesse a gerir um quiosque, que trará consequências gravosas para o país.

Estamos a viver tempos difíceis, com problemas complexos que desaconselham voluntarismos inconsequentes, mediocridade militante e verborreia maledicente como critério de intervenção política, sobretudo num país com múltiplos e sérios problemas por resolver.

Não estamos num domínio político e socioeconómico de normalidade, organização, credibilidade, sonho e, sobretudo, esperança, e tenho dificuldades em compreender como é que alguns políticos do nosso país, decorrente deste diagnóstico, agem ou tomam decisões políticas nos antípodas desta tese caracterizadora da nossa complexa situação momentânea.

Um país com indicadores macroeconómicos e sociais muito frágeis; com o seu património paisagístico, cultural, arquitetónico e florestal a degradar-se de forma muita rápida; com uma forte pressão demográfica que amplificará as condições desta degradação nos próximos tempos e criará as condições para o surgimento de conflitos sociais graves;  com um programa de investimento público, recentemente aprovado na Assembleia Nacional, dependente em 97,2% da ajuda externa, como declarou recentemente o senhor primeiro-ministro; com forte pressão, segundo o relatório recente do FMI, para evitar o recurso ao financiamento não concessional, tendo em conta o montante da nossa dívida, ou, ainda, em que, 54% da sua população, segundo um estudo recente da Afrobarometer, declarou ter ideias em deixar o país, não pode andar a “brincar aos governos” comportando nele, por interesses que ninguém compreende, pessoas desqualificadas, em termos de competência técnica e emocional, para as respetivas funções só para agradar clientelas partidárias ou salvar o partido.

O partido, qualquer que ele seja, não pode continuar a estar em primeiro lugar relativamente ao país e suas comunidades. Este momento crítico e complexo da nossa história, como país, deveria servir, primordialmente, para mobilizar os nossos melhores quadros para a tarefa de desenvolvimento.

Continuar a invocar razões históricas, muitas vezes deturpadamente, para justificar a independência nacional e a própria soberania e, continuar a cometer erros sucessivos em termos orientação da sociedade e criação de condições para a garantia da sua viabilidade material e social, é o caminho ideal para o suicídio coletivo.  Daqui, por algum tempo, não se admirem, será a própria população a colocar em causa as vantagens desta suposta soberania nacional tão reclamada historicamente.

O atual governo central deve estar convencido, como o anterior provavelmente esteve, que mediante este diagnóstivo explosivo do país, encontrará, contudo, mecanismos e instrumentos de intervenção, de natureza política, que modificarão o comportamento das variáveis económicas prevalecentes, com impacto social, e ganhará as próximas eleições e, com tal, permanecerá no poder, daqui por quatro anos, mantendo todas as regalias dos seus atuais membros e de todos os seus militantes que foram colocados nas várias estruturas do poder administrativo e empresas estatais. Só que esquecem que o ciclo político, tendo em conta este e outros pressupostos do nosso contexto socioeconómico atual, é muito curto.

E é flagrante constatar que todo este mar de manifestação de disparates e tontice, na voz de uma suposta ministra de Cultura, foi feito num programa, aparentemente pedagógico e político, provavelmente ouvido por algumas centenas de adolescentes e jovens do nosso país, cujo nome é “Para Frente S.Tomé e Príncipe”.

E é, também, sintomático, constatar que a referida entrevista fora realizada num contexto temporal que o senhor primeiro-ministro estava fora do país, em visita de Estado. Ou seja, estando o “chefe cozinheiro” ausente do país a “dona do Quiosque” entendeu que seria ela que tinha que se comprometer com o cuidado da ementa da casa. Vai daí, não deixou os seus créditos por mãos alheias.

O problema é que quando uma quiosqueira tenta inventar, imbuída de espírito de revanche e ódio, tendo como motivação assuntos políticos específicos de um contexto regional, só pode sair disparate, banalidades, tontices e, sobretudo, ignorância. É muito difícil uma quiosqueira fazer alta cozinha, mas, todavia, nunca pensei que o resultado da ementa, fosse tão pobre, em conteúdo e forma.

Adelino Cardoso Cassandra

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