Tendo sido convidado por alguns
amigos, apesar de muitos afazeres profissionais momentaneamente, para ouvir uma
entrevista radiofónica, dada pela senhora ministra do Turismo, Cultura,
Comercio e Indústria, do atual governo central, Maria Graça Oliveira Lavres,
deixei algumas tarefas por concluir em troca deste propósito.
Adelino Cardoso Cassandra | Téla
Nón | opinião
Exausto, depois de um dia intenso
de trabalho, liguei o computador, puxei uma cadeira e acomodei-me nela,
convencido que estava diante de uma oportunidade, aparentemente rara, para
ouvir algo, estruturalmente pensado, que refletisse, em termos mais
específicos, as ideias do atual governo da república para os sectores do
Turismo, Cultura Comércio e Indústria.
Depois de ouvir o entrevistador,
antes da entrevista em causa começar, ler um extenso currículo que,
hierarquizava, entre outras, as funções e títulos da referida governante, desde
professora primária, passando por inspetora da educação e terminando na
professora universitária, o “apetite” para ouvir a referida entrevista
aumentou.
Logo na entrada, a senhora
ministra não estava para brincadeiras. Ofereceu-nos, como aperitivo, depois de
questionada pelo entrevistador para explicar as “grandes saídas” (expressão do
entrevistador) ou opções estratégicas para o turismo nacional, ela não hesitou
e, aparentemente alegre, atirou de chofre: «… vou construir algumas casas de
banho na cidade e praias do país” (…) vou desenvolver o programa REVIVE cuja
paternidade e originalidade embora não seja deste governo ou mesmo nacional eu
me empenharei na sua realização e, (…) ainda, vou, pessoalmente, implementar um
projeto para melhorar a venda de água de coco (fruto de coqueiro) no país…»
Tive que me recompor na cadeira e
respirar fundo perante esta resposta da senhora ministra convencido que fora um
engano ou acidente técnico na montagem da referida entrevista que adulterou o
conteúdo da mesma. Nada disso, era mesmo a convicção da ministra relativamente
às opções estratégicas que o país deveria adotar para melhorar a indústria
turística nacional.
Fiquei a saber que, do ponto de
vista estratégico, aquilo que o nosso país precisa, neste momento, para
relançar o turismo nacional é a construção de casas de banho na cidade e
algumas praias do país, o desenvolvimento do programa REVIVE e um projeto para
melhorar a venda de água de coco no país.
Quem, como eu, depois de ouvir o
senhor primeiro-ministro, em várias ocasiões, prometer-nos mundos e fundos, em
declarações oficiais, para alavancar a nossa débil economia, esperava ouvir, da
titular de uma pasta tão importante neste processo, um diagnóstico prospetivo
sobre os constrangimentos que o nosso turismo apresenta, neste momento, medidas
estratégicas de intervenção, de curto, médio e longo prazos, de acordo com as
tendências internacionais que se coadunam com as características do nosso
modelo territorial de intervenção, bem como objetivos, metas, visão,
prioridades de investimento, parcerias, projetos, modelos de gestão,
financiamento e monitorização, etc., até como reforço metodológico de
comunicação do governo, como um todo, que contribuísse para credibilizar o
discurso genérico do senhor primeiro-ministro.
Ficamos somente com a patética
ideia, típica de uma dona de quiosque que resolveu ser chefe de cozinha por um
dia, de: construção de casas de banho nas cidades e algumas praias do país; o
desenvolvimento do programa REVIVE e um projeto para melhorar a venda de água
de coco no país. Estas são, segundo a ministra em causa, as linhas de força ou
medidas estruturais para dinamizar o nosso turismo.
Isto foi só a entrada, porque os
disparates e banalidades não ficaram por aqui. No prato seguinte, a referida
ministra trouxe-nos, numa gamela, outra invenção culinária extraordinária.
Segundo a própria, na ilha do
Príncipe, não se pode falar, neste momento, de progresso, porque embora se
constate muitos investimentos estrangeiros nas roças Belo Monte, Sundy, no
ilhéu Bombom e outras, e grande dinamização do sector turístico regional, bem
como a requalificação do aeroporto regional e da antiga casa da administração
do Concelho e outras iniciativas no domínio da sustentabilidade económica,
social e ambiental, que permitiram que a ilha do Príncipe fosse admitida pela
UNESCO como Reserva da Biosfera, a paternidade das referidas iniciativas, em
termos políticos, segundo a referida ministra, não poderiam ser dirigidas ao
governo regional e, como tal, não se poderia falar de progresso, porque não foi
o Governo Regional que projetou, construiu ou explora as referidas
infraestruturas.
Eu quase que caia da cadeira
quando ouvi esta afirmação. Ficamos todos a saber, na voz da senhora ministra
do comércio, turismo, indústria e cultura (volto a repetir, comércio, turismo,
indústria e cultura) do meu pobre país que só se pode falar de “progresso”
quando é o Governo Central e/ou Governo Regional a projetar, desenvolver
e dinamizar todo o sector da economia de uma região ou país, designadamente
construir resorts, aeroportos, requalificar o património estatal, etc., e se
estas iniciativas partirem, sobretudo, do sector empresarial, nacional ou estrangeiro,
em parceria direta ou indireta com o Estado, não se pode falar de “progresso”.
Não sei como é que ela vai conseguir fazer tudo isto no governo central que ela
faz parte, em prol do seu referenciado “progresso”, dispensando os empresários,
nacionais e estrangeiros, nesta tarefa. É obra!!!
Levantei da cadeira, esbocei um
pequeno sorriso de incredulidade, deixei momentaneamente o conforto, em que
estava, em busca dos fones, com receio que a vizinhança, inadvertidamente,
também ouvisse os disparates e banalidades que a ministra vociferava, com
aparente genuinidade, naquela entrevista.
Antes de eu voltar a sentar-me,
de novo, na referida cadeira, a ministra disparou sem piedade: «…no Príncipe
eles fazem falcatruas com computadores, (…) os computadores estão sempre
avariados quando as inspeções de finanças vão ao Príncipe em momentos de
inspeção às contas do Governo Regional (..) eu já mandei fazer uma auditoria ao
fundo do turismo cá em S.Tomé e vou fazer o mesmo no Príncipe (…) eles enganam
as autoridades de inspeção das finanças para não irem para cadeia…».
Esta foi uma espécie de sobremesa
que a senhora ministra ofereceu aos ouvintes, num tom e forma denunciador de
raiva, revanche, ódio e ajuste de contas.
Nunca vi nada assim, em toda a
minha vida, e imagino o que os diplomatas e entidades estrangeiras, que vivem
no nosso país e ouviram a referida entrevista, devem estar a pensar da referida
ministra e do referido governo que a sustenta. Eu que fui muito crítico do
governo do ADI, tenho que admitir que aquele governo, muito embora tenha feito
coisas com as quais eu discordava radicalmente, não creio que o mesmo
comportava um (a) ministro (a) tão banal, fraca, incompetente e com um
desequilíbrio emocional tão evidente que não importa de se expor de forma tão
penosa e triste, perante uma plateia tão ampla.
Para além disso, a senhora
ministra parece não ter noção nenhuma daquilo que é o Estado, as suas
instituições e essência da autonomia regional e, convencida que é dona disto
tudo como é do seu quiosque, acha-se no direito de mandar fazer auditorias ao
governo regional, desprezando o Tribunal de Contas e Inspeção Geral das
Finanças e desqualifica as referidas instituições considerando-as ingénuas,
pouco empenhadas e, até, cooperantes nas suposta aldrabices realizadas pelo
Governo Regional.
Ninguém compreende que, tendo a
referida senhora sido deputada regional, durante muito tempo, na Assembleia
Regional, e sido assessora de uma secretaria regional, não se tenha lembrado
de, como deputada, em nenhum momento, requerer, de acordo com poderes e deveres
dos deputados, uma auditoria geral e independente, a realizar pelo Tribunal de
Contas, às contas do Governo Regional, com base em fundamentos que, hoje, como
ministra, declara na referida entrevista, manchando o nome de muitas pessoas,
algumas das quais, com muito sacrifício, pessoal e familiar, largaram a sua
vida profissional, no estrangeiro, para ocuparem lugares no governo regional e
darem o seu máximo contributo para o desenvolvimento do Príncipe.
Convencido que os disparates da
senhora ministra já tinham acabado, tentei esboçar uma retirada antecipada com
a tentativa de tirar os fones do ouvido. Antes que a minha mão chegasse aos
ouvidos, a senhora ministra resolveu oferecer-nos um aperitivo final, para
complementar a ementa, e resolveu tirar do interior do seu quiosque esta
pérola: «…enquanto eu continuar como ministra vou continuar a enviar o arroz
para o camarada do partido, António Barros, sim senhor, quer eles queiram quer
não, porque este arroz vai servir para ele distribuir para os nossos militantes
que estão a ser perseguidos no Príncipe…».
Fiquei espantadíssimo com esta
declaração da senhora ministra, por dois motivos.
Tendo a senhora ministra
conhecimento de eventual perseguição política que é feita aos militantes do seu
partido no Príncipe, sendo um deles deputado da nação e nomeado pela própria
ministra, na referida entrevista, como sendo o recetor e distribuidor do arroz
para os militantes no Príncipe, ambos deveriam denunciar esta perseguição
política aos Tribunais e, até, na própria Assembleia Nacional porque tal facto
configura uma violação constitucional.
Por outro lado, fiquei preocupado
que, de acordo com a perspetiva do atual governo central expressa pela referida
ministra na referida entrevista, a receita para combater uma eventual
perseguição político-partidária, na Região Autónoma do Príncipe e provavelmente
em todo o país, é o governo central, pela mão da ministra de Comércio,
Indústria, Cultura e Turismo, distribuir arroz aos militantes do seu partido.
Só que ao falar de perseguição
política aos seus militantes, tendo o Príncipe como instrumento referencial, a
senhora ministra, que é natural da referida ilha, esqueceu-se da perseguição
que foi movida aos naturais do Príncipe, pelo seu partido, em 26/27 de dezembro
de 1981, em que dezenas de naturais do Príncipe foram perseguidos, humilhados,
presos e enviados para S.Tomé onde foram vítimas de todas as sevícias só pelo
facto de terem ousado denunciar as dificuldades de vida na referida ilha,
naquele contexto temporal concreto, e dignidade no tratamento às pessoas e
instituições locais.
Tendo falado de perseguição
política, a senhora ministra esqueceu-se, também, de mencionar na referida
entrevista, o facto de dezenas de naturais do Príncipe terem morrido ou
desaparecidos, definitivamente, no alto mar, por tentativa de evasão da ilha,
em direção aos países da costa africana, exatamente por perseguição política
movida pelo poder político central e local do MLSTP, naquele contexto temporal
concreto, que, como agora faz a senhora ministra, contou com colaboradores
políticos locais naturais do Príncipe.
Eu não me esqueci disto, senhora
ministra, nem muitos naturais do Príncipe esqueceram-se disto. E começo a
interiorizar a ideia, como muitos naturais e residentes do Príncipe começam a
fazer o mesmo, que, sempre que o MLSTP regressa ao poder, existe uma tentativa,
consciente ou inconsciente, que conta a colaboração de alguns naturais do
próprio Príncipe, como aconteceu em 26/27 de dezembro de 1981, para “meter o
Príncipe na ordem”, domesticá-lo e humilhá-lo. Eu estarei, voluntariamente,
como sempre estive, na primeira linha do combate contra este propósito.
Só pode haver três ou quatro
explicações para este comportamento da senhora ministra. Ou trata-se de pura
incompetência e ignorância política; ou a senhora ministra está cega de ódio,
revanche e recalcamentos, tendo como motivação, a montante, assuntos políticos
específicos do contexto regional que ela transportou para a esfera do governo
central, querendo, com tal, desprezar o trabalho desenvolvido na ilha do
Príncipe nos últimos anos; ou, ainda, pode-se tratar, de facto, de um novo
modelo de intervenção política do governo central, que ela faz parte, verbalizado
pela própria na referida entrevista, que desconsidera a ação do sector
empresarial privado para o desenvolvimento do país em detrimento da
coletivização, criando condições para tornar os meios de produção nacional
propriedade coletiva do Estado, como já se tentou fazer logo após a
independência nacional, num hipotético contexto de desenvolvimento de uma
economia centralizada; ou, numa quarta alternativa, trata-se, de facto,
de uma intervenção concertada entre alguns dinossauros do “velho MLSTP”,
açambarcador, inútil e perverso, e a referida ministra, à revelia da nova
direção do partido em causa e do seu presidente, com intuito de “meter a ilha
do Príncipe na ordem”, como sempre tentaram fazer, tendo em conta, sobretudo, a
manifestação de discordância e revolta da referida população quando tentaram
forçar o Príncipe a aceitar a perda do seu património florestal em prol do
desenvolvimento do projeto Agripalma na referida ilha.
Eu ficarei preocupado com
qualquer das quatro alternativas mencionadas anteriormente porque todas elas
encerram um sério problema para o governo do Jorge Bom Jesus que a senhora
ministra faz parte.
Confirmando-se quaisquer das duas
primeiras alternativas, seria muito preocupante porque, todos ficaríamos a
saber, a partir desta entrevista dada pela referida ministra, que temos no
governo da república uma pessoa aparentemente desqualificada para as funções
que exerce momentaneamente e/ou desequilibrada de ponto de vista emocional para
a tarefa em causa.
A própria oposição teria, neste
caso, a partir de agora, identificado o alvo mais frágil do governo e apontaria
todas as baterias para o abater. Bastaria, a partir de agora, criar condições
para que a senhora ministra interviesse mais vezes na Assembleia Nacional,
através de expedientes parlamentares usuais, para que os disparates e
banalidades começassem a brotar da boca da referida governante como cogumelos.
Seria, como aconteceu na referida entrevista: cada cavadela sua minhoca!
Confirmando-se, pelo contrário,
quaisquer das duas ultimas alternativas, seria, também, muito preocupante,
porque, tal facto representaria a antítese de todo o conteúdo discursivo do
primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, até hoje, que não se cansa de mencionar nas
suas intervenções a necessidade do país atrair investimentos estrangeiros e
contribuir, com tal, para a dinamização da economia nacional bem como o apelo
que o mesmo, reiteradamente, tem feito, sobre a necessidade de todos, sem
exceção, envolverem-se na tarefa de desenvolvimento do país, de uma forma inclusiva
e integradora.
O que a senhora ministra revelou
na referida entrevista, objetiva ou subjetivamente, tendo a região autónoma do
Príncipe como referência instrumental, é que ela dispensa ou não valoriza o
papel dos investidores estrangeiros na dinamização da economia
regional/nacional, relacionando tal facto com o progresso ou não progresso do
país.
Eu, como cidadão nacional, devo
acreditar no discurso da senhora ministra ou no discurso do senhor
primeiro-ministro?
O que é que os investidores
estrangeiros, que têm feito um esforço enorme, em termos de investimentos de
recursos para dinamização da economia regional, no Príncipe, poderão pensar de
um governo central que diminui, objetiva ou subjetivamente, a sua intervenção
neste âmbito?
O que é que a população do
Príncipe poderá pensar de um governo central que tenta diminuir o desempenho
dos seus representantes, reforçadamente eleitos recentemente, pela voz de uma
ministra do referido governo, depois do primeiro-ministro ter, reiteradamente,
declarado disponibilidade e vontade para trabalhar com todos numa base
inclusiva e integradora?
Por tudo isto acho urgente e
necessário que o senhor primeiro-ministro venha dizer, claramente, se corrobora
ou não com o conteúdo da entrevista da sua ministra, caso contrário eu terei
toda a legitimidade para, a partir de agora, reforçar a ideia que começo a
interiorizar de que, aparentemente, existe uma contradição entre o conteúdo
discursivo do senhor primeiro-ministro e a real intenção de reformar o país de
acordo com pressupostos e critérios anunciados pelo próprio.
Cabe somente ao senhor
primeiro-ministro tomar a decisão de continuidade ou não da referida senhora no
governo que ele dirige. Mas não me venham, contudo, com a conversa, usual, que
ainda é cedo para tomar uma decisão neste âmbito, depois de tantos disparates e
controvérsias provocadas por esta senhora ministra em tão pouco tempo de gestão
política no seu ministério.
Isto não vai lá com o tempo!
Tomar o tempo como referência, neste âmbito, seria o mesmo que esperar,
indefinidamente, que um aluno com problemas crónicos de aprendizagem,
decorrente de transtornos ou desordens, de um determinado tipo, que lhe afeta a
capacidade do cérebro em receber as informações e processá-las, poder vir a
ser, com a passagem do tempo, um ótimo aluno.
Em política isto é fatal, até
pelo facto de eu estar absolutamente convencido que, cada vez que esta senhora
abrir a boca sairá de lá disparates e tontices de toda a natureza para além de
decisões políticas que ela tomará, no seu ministério, como se estivesse a gerir
um quiosque, que trará consequências gravosas para o país.
Estamos a viver tempos difíceis,
com problemas complexos que desaconselham voluntarismos inconsequentes,
mediocridade militante e verborreia maledicente como critério de intervenção
política, sobretudo num país com múltiplos e sérios problemas por resolver.
Não estamos num domínio político
e socioeconómico de normalidade, organização, credibilidade, sonho e,
sobretudo, esperança, e tenho dificuldades em compreender como é que alguns
políticos do nosso país, decorrente deste diagnóstico, agem ou tomam decisões
políticas nos antípodas desta tese caracterizadora da nossa complexa situação
momentânea.
Um país com indicadores
macroeconómicos e sociais muito frágeis; com o seu património paisagístico,
cultural, arquitetónico e florestal a degradar-se de forma muita rápida; com
uma forte pressão demográfica que amplificará as condições desta degradação nos
próximos tempos e criará as condições para o surgimento de conflitos sociais
graves; com um programa de investimento público, recentemente aprovado na
Assembleia Nacional, dependente em 97,2% da ajuda externa, como declarou
recentemente o senhor primeiro-ministro; com forte pressão, segundo o relatório
recente do FMI, para evitar o recurso ao financiamento não concessional, tendo
em conta o montante da nossa dívida, ou, ainda, em que, 54% da sua população,
segundo um estudo recente da Afrobarometer, declarou ter ideias em deixar o
país, não pode andar a “brincar aos governos” comportando nele, por interesses
que ninguém compreende, pessoas desqualificadas, em termos de competência
técnica e emocional, para as respetivas funções só para agradar clientelas
partidárias ou salvar o partido.
O partido, qualquer que ele seja,
não pode continuar a estar em primeiro lugar relativamente ao país e suas
comunidades. Este momento crítico e complexo da nossa história, como país,
deveria servir, primordialmente, para mobilizar os nossos melhores quadros para
a tarefa de desenvolvimento.
Continuar a invocar razões
históricas, muitas vezes deturpadamente, para justificar a independência
nacional e a própria soberania e, continuar a cometer erros sucessivos em
termos orientação da sociedade e criação de condições para a garantia da sua
viabilidade material e social, é o caminho ideal para o suicídio
coletivo. Daqui, por algum tempo, não se admirem, será a própria
população a colocar em causa as vantagens desta suposta soberania nacional tão
reclamada historicamente.
O atual governo central deve
estar convencido, como o anterior provavelmente esteve, que mediante este
diagnóstivo explosivo do país, encontrará, contudo, mecanismos e instrumentos
de intervenção, de natureza política, que modificarão o comportamento das
variáveis económicas prevalecentes, com impacto social, e ganhará as próximas
eleições e, com tal, permanecerá no poder, daqui por quatro anos, mantendo
todas as regalias dos seus atuais membros e de todos os seus militantes que
foram colocados nas várias estruturas do poder administrativo e empresas
estatais. Só que esquecem que o ciclo político, tendo em conta este e outros
pressupostos do nosso contexto socioeconómico atual, é muito curto.
E é flagrante constatar que todo
este mar de manifestação de disparates e tontice, na voz de uma suposta
ministra de Cultura, foi feito num programa, aparentemente pedagógico e
político, provavelmente ouvido por algumas centenas de adolescentes e jovens do
nosso país, cujo nome é “Para Frente S.Tomé e Príncipe”.
E é, também, sintomático,
constatar que a referida entrevista fora realizada num contexto temporal que o
senhor primeiro-ministro estava fora do país, em visita de Estado. Ou seja,
estando o “chefe cozinheiro” ausente do país a “dona do Quiosque” entendeu que
seria ela que tinha que se comprometer com o cuidado da ementa da casa. Vai
daí, não deixou os seus créditos por mãos alheias.
O problema é que quando uma
quiosqueira tenta inventar, imbuída de espírito de revanche e ódio, tendo como
motivação assuntos políticos específicos de um contexto regional, só pode sair
disparate, banalidades, tontices e, sobretudo, ignorância. É muito difícil uma
quiosqueira fazer alta cozinha, mas, todavia, nunca pensei que o resultado da
ementa, fosse tão pobre, em conteúdo e forma.
Adelino Cardoso Cassandra
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