O presidente dos EUA, Donald
Trump, afirmou que a China não será uma superpotência "com ele" no
poder. Conseguirá o líder americano conter o desenvolvimento do gigante
asiático e o que acontecerá quando ele deixar de ser presidente dos EUA? Nessa
conexão, o especialista chinês acredita que ninguém é capaz de cumprir essa
tarefa.
Trump disse em
entrevista à Fox News que
estava ''muito contente" com a briga comercial entre Washington e Pequim e
que, embora a China queira ser a maior superpotência mundial, isso "não
irá acontecer comigo".
O mandatário assinou um decreto
que introduz o estado de emergência para proteger a infraestrutura de
informação e comunicação dos EUA contra ameaças estrangeiras. Por sua vez, o
Departamento de Comércio dos EUA colocou a Huawei na lista negra de atividades
contrárias à segurança nacional do país. Os fabricantes norte-americanos que
vendem quaisquer equipamentos à Huawei precisarão agora de uma licença especial
das autoridades dos EUA.
Em seguida, alguns dos maiores
fornecedores da Huawei, incluindo a Intel, Qualcomm, Xilinx e Broadcom,
anunciaram que estão parando o fornecimento de software e componentes críticos
para a empresa chinesa. Ademais, a Google também disse que suspende os contatos
comerciais com a Huawei.
Em entrevista à Sputnik China, o professor do
Instituto de Relações Internacionais da Universidade Chinesa de Comunicações de
Massa, Yang Mian, indicou que, com todas essas ações, Trump aparentemente está
tentando eliminar um forte concorrente das empresas tecnológicas americanas. No
entanto, isso pode prejudicar os parceiros americanos da Huawei, que comprou no
ano passado componentes americanos no valor de US$ 11 bilhões (R$ 45,8
bilhões).
Assim, Trump pode falhar o
cumprimento das promessas da campanha eleitoral, ou seja, de "tornar a
América grande novamente". Afinal, uma guerra comercial pode se converter
em um choque económico para todos os participantes do mercado.
"Trump desencadeou a chamada
guerra comercial para alcançar o balanço comercial", afirmou o
especialista.
"Nós já dissemos várias
vezes que não poderia haver vencedores em uma guerra comercial. E se em
resultado da guerra comercial a economia norte-americana for afetada por
choques sérios, o confronto entre a China e os EUA na área comercial terminará",
destacou.
Ao comentar as recentes
declarações de Donald Trump à Fox News, em que ele afirmou que a China não será
uma superpotência "com ele" no poder, o professor afirmou que Trump
só pode dirigir o país durante 8 anos.
"Mas ninguém poderá conter a
ascenso da China. Quaisquer que sejam os truques dos EUA, quaisquer que sejam
as medidas que tomem, eles não conseguirão conter o ascensão da China e o
florescimento da nação chinesa, embora seja possível criar alguns obstáculos ao
progresso. No entanto, a tarefa de conter a o desenvolvimento da China é
irrealizável."
As capacidades de Trump estão
limitadas, não só em conter o desenvolvimento da China em geral, mas também em
relação a uma empresa chinesa em particular. Além do fato de o mercado
americano estar sofrendo perdas — visto que as ações de quase todos
os fornecedores da Huawei ficaram mais baratas, mas os cidadãos comuns também
sofrem com o impacto. Por exemplo, em estados pouco povoados dos EUA toda a
infraestrutura de telecomunicações usa equipamentos dessa empresa chinesa. Assim,
caso as entregas de componentes diminuam drasticamente, a empresa não
conseguirá prestar assistência a essas redes e os residentes desses estados
ficarão sem comunicação.
Para evitar tal impacto, o
Departamento de Comércio dos EUA está pronto para conceder uma licença de 90
dias às empresas que já usam componentes da Huawei. De acordo com
as autoridades americanas, essa medida deve ajudar as empresas de
telecomunicação americanas a mudar gradualmente para equipamentos de outros
fabricantes.
No entanto, na opinião do
professor chinês, tais medidas não ameaçam o trabalho estável da Huawei. A
empresa tem vários armazéns com todo o necessário em território americano e é
capaz de fornecer seus serviços durante mais um ano.
A única coisa que pode ser
afetada pelas medidas dos EUA são as vendas da empresa no mercado
internacional. É verdade que será difícil para os usuários estrangeiros parar
de usar os serviços da Google e mudar para os análogos chineses. Mas, por outro
lado, a Huawei pode beneficiar disso. Se seus desenvolvimentos tecnológicos se
tornarem melhores que os outros, eles podem ganhar posições no mercado mundial.
Mas, mesmo se isso não acontecer, as capacidades do mercado interno chinês
farão com que a empresa sobreviva.
Sputnik | Foto: © AFP 2019 / STR
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