Anselmo Crespo* | Diário de Notícias | opinião
Sim, eu sei que está farto de ver
políticos em arruadas, feiras e mercados. Que já não há paciência para as
danças ridículas, para as voltinhas de bicicleta - ou de helicóptero - e para o
político que decide tocar bateria, só para garantir que aquela imagem se torna
viral. Bem sei que já não se aguentam os discursos inflamados e a reação à
reação do outro que disse o que não queria dizer. Eu sei que temos todos bons
motivos para não ligar nenhuma às eleições europeias. Mas se o erro de pensar
assim não é nosso, as grandes vítimas da abstenção seremos nós.
O país parece estar em campanha
há uma eternidade. A proximidade com as eleições legislativas não ajuda e a
nacionalização que António Costa fez das eleições para o Parlamento Europeu foi
um golpe fatal para desvalorizar ainda mais um ato eleitoral que devia estar no
topo das nossas prioridades políticas e que acabou por se tornar numa espécie
de primárias para as "eleições a sério".
A estratégia de António Costa
começou a tornar-se evidente no momento em que o PS anunciou Pedro Marques como
cabeça de lista. Um candidato a quem o país conhece a cara mas de quem nunca se
lembra do nome, pouco mediático, sem carisma e sem qualquer experiência em
campanhas eleitorais, só podia significar uma coisa: o protagonista da campanha
socialista não era Pedro Marques, mas sim António Costa. Se dúvidas houver,
basta olhar para os cartazes que o PS tem na rua nesta reta final da campanha,
que dão tanto ou mais destaque ao secretário-geral que ao cabeça de lista
socialista.
O PS, porém, está longe de ser o
único responsável pelo desinteresse nesta campanha eleitoral. Na verdade, todos
os partidos políticos partilham este fardo que está a levar a um afastamento
cada vez mais evidente - e preocupante - dos eleitores.
Num mundo que é digital, as
máquinas partidárias continuam a insistir em campanhas analógicas que parecem
saídas da década de 1980. Dos caciques que não abdicam dos seus 30 segundos de
fama e fazem questão de levar os candidatos ao centro de saúde, ao lar, à
escola ou à empresa do amigo, só para poderem fazer de emplastros. Aos
discursos repetidos feitos em almoços e jantares para uma plateia que já está
evangelizada ou, pior ainda, que só lá foi porque há comida e bebida de borla.
Isto já para não falar do eterno cliché das feiras, mercados e festas
populares, onde acontecem sempre as situações mais burlescas e constrangedoras.
Ou das ruas vazias que são calcorreadas pelos candidatos rodeados de jotas e de
jornalistas de microfone em punho, à espera do inesperado, não vá alguém
aparecer e dizer o que o candidato não quer ouvir.
O que nos leva à cobertura
jornalística, tantas vezes criticada por políticos e comentadores, muitos deles
jornalistas frustrados, que nunca fizeram uma reportagem na vida, quanto mais
uma campanha eleitoral. No jornalismo, como em todas as profissões, há bons e
maus profissionais. E se é verdade que há reportagens de campanha miseráveis,
nas televisões, nas rádios e nos jornais, que nos provocam vergonha alheia -
agora, como sempre -, não é menos verdade que é graças aos bons profissionais
que ainda andam no terreno que esta encenação e a cheirar a bafio, própria das
campanhas eleitorais, é desmontada todos os dias.
Os jornalistas não existem para
ajudar os partidos políticos a construir uma percepção de campanha eleitoral,
existem para relatar o que vêem, o que ouvem e para terem sentido crítico. E
sim, jornalismo é subir à varanda do prédio e mostrar que uma arruada foi um
sucesso ou foi um fracasso, na mobilização que os partidos pretendiam alcançar.
Jornalismo é tentar perceber se as mil pessoas que encheram o pavilhão durante
um comício lá foram por convicção e porque querem apoiar o candidato, ou se o
partido as "convenceu" de alguma forma menos ortodoxa, apenas para
enganar os eleitores que vão ver aquelas imagens nas televisões e nas redes
sociais.
O jornalismo tem a obrigação de
procurar, até ao limite do possível, a verdade dos factos. E a verdade dos
factos, numa campanha eleitoral, é que 90% do discurso dos candidatos é igual
todos os dias, várias vezes ao dia. Os 10% que restam são normalmente utilizados
para reagirem à notícia do dia, à polémica mais recente ou para o ataque mais
feroz ao adversário. Mas tenho uma notícia para dar aos críticos dos
jornalistas: não somos nós que escrevemos os discursos dos políticos.
Ao contrário do que muitos continuam
a pensar, os meios de comunicação social não existem para dar tempo de antena
aos partidos políticos - grandes ou pequenos -, mas para dar notícias, para
informar e para fazer jornalismo, sem ignorar ninguém. O jornalismo pressupõe
critérios editoriais, honestos e devidamente fundamentados. Ora, a estas
eleições europeias concorrem, em Portugal, 17 partidos políticos (em 2014 eram
21), muitos deles sem qualquer atividade política relevante durante os anos em
que não existem atos eleitorais. Outros são feitos à pressão na véspera da
campanha e outros ainda só têm ações de campanha se a comunicação social
aparecer. Querem mesmo que os eleitores os levem a sério? Mal está um partido
político se depende da comunicação social para ter existência própria.
Estas eleições europeias não têm,
deste ponto de vista, qualquer novidade. Nem no fenómeno dos partidos virtuais,
nem na forma como os partidos do sistema continuam a fazer campanhas eleitorais
iguais às dos últimos 30 ou 40 anos. Não esperem, por isso, que sejam os
jornalistas a resolver sozinhos o desinteresse dos eleitores. Mesmo que seja
possível - e é - fazer melhor jornalismo, são os partidos que têm que olhar
para a realidade e perceber que, a continuar assim, as taxas de abstenção vão
continuar a subir. Com consequências que podem ser dramáticas para todos.
A Europa tem pela frente uma das
batalhas mais importantes da sua história: a da existência. Com uma União
Europeia encurralada entre o Brexit, o populismo crescente e um projeto
económico que nunca se concretizou, escolher quem nos representa no Parlamento
Europeu é uma das armas mais poderosas que temos. Por isso, mesmo que não tenha
paciência para a campanha eleitoral, vá votar. Porque os que querem destruir a
Europa, esses vão seguramente.
*Escreve de acordo com a antiga ortografia
*Escreve de acordo com a antiga ortografia
1 comentário:
FN's, VOX's, PNR's ABRAM OS OLHOS: É FÁCIL DEMOLIR A ARROGÂNCIA DOS PARTIDOS DO SISTEMA!
Para isso:
---» Número 1:
- quem deve pagar a ajuda aos mais pobres é a TAXA TOBIM... e não... a degradação das condições de trabalho da mão-de-obra servil.
---» Número 2:
- os «grupos rebeldes» não possuem fábricas de armamento... no entanto, máfias do armamento fornecem-lhes armas... para depois terem acesso a recursos naturais (petróleo, etc) ao desbarato, e para depois deslocarem refugiados para locais aonde existem investimentos interessados em mão-de-obra servil de baixo custo.
Ora em vez de incutirem um sentimento de culpa nos países que se recusam a dar cobertura às negociatas da máfia do armamento (nomeadamente, recusam receber refugiados, ou seja, recusam fornecer mão-de-obra a investimentos ávidos de mão-de-obra servil ao desbarato), os partidos do sistema devem, ISSO SIM, é chamar à responsabilidade aqueles países que estão a fornecer armas aos «grupos rebeldes» (ao daesh e a outros), ou seja, os países aonde a máfia do armamento possui as suas fábricas.
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{nota 1: pululam por aí muitos investidores da mesma laia dos construtores de caravelas: reclamam que os seus investimentos precisam de muita mão-de-obra servil para poderem ser rentabilizados}
{nota 2: ao mesmo tempo que reivindica para si regalias acima da média (trata-se de pessoal que está num patamar acima da mão-de-obra servil), a elite politicamente correcta quer ter ao seu dispor mão-de-obra servil ao desbarato}
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Os partidos do sistema pretendem transformar a vida humana num hino à hipocrisia: urge o separatismo (SEPARATISMO-50-50) desse pessoal.
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-» Por um planeta aonde povos autóctones possam viver e prosperar ao seu ritmo;
-» E por uma sociedade que premeie quem se esforce mais (socialismo, não obrigado)... mas que, todavia, no entanto... seja uma sociedade que respeite os Direitos da mão-de-obra servil;
---» Todos Diferentes, Todos Iguais... isto é: todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta --»» INCLUSIVE as de rendimento demográfico mais baixo, INCLUSIVE as economicamente menos rentáveis.
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Nota 1: Os 'globalization-lovers', UE-lovers. smartphone-lovers (i.e., os indiferentes para com as questões políticas), etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
-»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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Nota 2: Os Separatistas-50-50 não são fundamentalistas: leia-se, para os separatistas-50-50 devem ser considerados nativos todas as pessoas que valorizam mais a sua condição 'nativo', do que a sua condição 'globalization-lover'.
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Nota 3: É preciso dizer NÃO à democracia-nazi! Isto é, ou seja, é preciso dizer não àqueles... que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros! [obs: não foi por acaso que a elite politicamente correcta adulterou a lei das naturalizações]
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Nota 4: Urge dizer à elite deste sistema o mesmo que foi dito aos antigos esclavagistas: a não existência de mão-de-obra servil ao desbarato não vai ser o fim da economia... VÃO CONTINUAR A EXISTIR MUITAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO (nomeadamente introduzindo mais tecnologia)!
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P.S.
Urge exigir o LEGÍTIMO Direito ao separatismo-50-50 (o legítimo Direito de povos autóctones procurarem sobreviver pacatamente no planeta)... os partidos do sistema vão andar por aí a vaguear num lodo de hipocrisia (vão estar em contradição com a diversidade, a justiça social, a situação ambiental)... depois vamos vendo como as coisas vão evoluindo.
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