O secretário-geral do PCP afirmou
esta terça-feira que o PS “tem a pretensão de poder decidir sozinho” e isso
“tem sido um problema ao longo dos últimos três anos e meio”. Paralelamente,
Jerónimo de Sousa vincou a ideia que "não podemos enganar" e
"iludir" os professores.
Estas declarações foram
proferidas em Montemor-o-Novo quando os jornalistas questionavam Jerónimo de
Sousa sobre a questão do tempo de recuperação do tempo de serviço dos
professores, tema que motivou uma crise política no final da semana passada com
o primeiro-ministro a ameaçar demitir-se caso o diploma passasse na votação
final global.
PSD e CDS, que haviam votado ao
lado de BE e PCP a favor da recuperação integral do tempo de serviço, recuaram
entretanto as suas posições, apresentando uma adenda ao diploma anterior que
definia a recuperação integral apenas se isso não colocasse a sustentabilidade
das contas públicas em causa. Propostas das quais PCP e Bloco de
Esquerda já se afastaram.
“A grande questão é que não
podemos enganar, iludir os professores. Votar aqueles critérios, aqueles
constrangimentos a troco de uma mão cheia de nada, ainda por cima abrir uma
outra frente de ofensiva contra os professores que seria a alteração da sua
carreira acho que, mais cedo ou mais tarde, vão assumir que fizemos bem”,
justificou.
O secretário-geral do partido
defendeu que vai ter de se continuar "a lutar naturalmente pela reposição
de direitos que são justos, que são de facto possíveis - depende muito das
opções do governo - e naturalmente evitar perigos novos sobre os professores,
as suas carreiras e os seus direitos".
Jerónimo de Sousa diz-se de "consciência
tranquila" por ter sido a força que "apresentou propostas que
resolveriam o problema e, simultaneamente, continuar a defender aquilo que são
direitos legítimos de professores".
O líder do PCP considerou
ainda que "não foi aceitável o nível de argumentos por parte do
primeiro-ministro" e que, se se fizer um exercício de memória, "vimos
estes argumentos na boca de muitos ministros do PSD e do próprio Passos
Coelho".
"Não é bom para a democracia
por trabalhadores contra os trabalhadores. Tratar uns como privilegiados e,
simultaneamente esquecer que se houve privilegiados nesta fase foi de
facto em relação às medidas de apoio à banca, às PPP, em relação a esta
política de mata-cavalos da redução do défice, de consumo de tudo aquilo que é
remanescente, que é mealheiro do nosso país para pagar juros da dívida",
disse, sugerindo ao primeiro-ministro uma "posição
construtiva".
"O problema é de facto a
necessidade de o PS fazer opções. Não usar este argumento para tentar alterar a
conjuntura e correlação de forças existente aqui no nosso país",
rematou.
Geringonça chegou ao fim?
Questionado pelos jornalistas
sobre se esta questão pode ter ditado o fim da Geringonça, Jerónimo de Sousa
respondeu que os comunistas continuam "a considerar que é possível manter
esta política de avanços", sublinhando que "o pior que aconteceria
era o retrocesso em muitas áreas".
"O PS tem a pretensão de
poder decidir sozinho e isto tem sido um problema ao longo destes três anos e
meio", criticou, enaltecendo: "[O PS] Teve que contar com opinião,
com proposta, a insistência e persistência do PCP".
O líder do partido acrescentou
ainda que, da parte do PCP, nunca houve dúvidas em relação a uma questão
central" desta solução governativa. "A posição conjunta definia o
grau de compromisso e o nível da convergência. Avançou-se muito e nós não
deixamos de valorizar, mas o PS, com certeza, achará que chegou ao limite e
precisa, de sozinho, fazer o que pretende", queixou-se. A resposta a este
problema, rematou, só pode ser dada pelos portugueses nas urnas.
Melissa Lopes | Notícias ao
Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário