domingo, 23 de junho de 2019

Angola | Kinguilas e marimbondos


Luciano Rocha | Jornal de Angola | opinião

A venda ilegal de divisas nas ruas de Luanda, perante a complacência das autoridades, continua incompreensível para o cidadão comum, incapaz de entender o descaramento do negócio que tem nas kinguilas apenas a parte visível.

A negociata, como é evidente, tem marimbondos por trás. E nem é necessário ser grande detective para perceber isso. Que o dinheiro não vai parar, por artes de magia, aos sutiãs das kinguilas, sentadas em passeios sebentos. Vem de gabinetes alcatifados, equipados com ar condicionado e dividido em pacotes por mãos de unhas envernizadas.

Nesta fase da vida do país em que o combate à corrupção ganha folgo impensado ainda não há muito tempo, talvez fosse oportuno esclarecer por que raio de motivo parece haver cada vez mais gentinha com contas bancárias volumosas à conta de beneméritos fantasmas. Assim a modos, de Pai Natal que, pela calada da noite, desce pelas chaminés para deixar brinquedos aos meninos, enquanto estes dormem. Mas isso, ao que dizem, é nas terras frias e com neve, que nós não temos. 

O que temos é direito de saber quem anda a distribuir diariamente - às vezes mais do que uma vez ao dia - pelas kinguilas as notas que deviam estar em locais mais seguros para a economia nacional.

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