Quando devia concentrar-se nas
eleições gerais de 15 de outubro, a RENAMO enfrenta um conflito interno que
ameaça desestabilizar o maior partido da oposição.
O porta-voz da Resistência
Nacional Moçambicana, RENAMO, José Manteigas, desvalorizou acusações de um
grupo dissidente contra o presidente do partido ao afirmar que "Tudo isso
é falsidade. É tentativa de perturbar a RENAMO", disse Manteigas. Os
guerrilheiros armados em torno de Mariano Nhungue Chissingue dizem que o líder
da RENAMO, Ossufo
Momade, é responsável pela morte de um entre eles, um brigadeiro de nome
Isaías Josefo. E acusam Momade de perseguir os homens de confiança do falecido
fundador da RENAMO, Afonso Dhlakama. Manteigas afirma que tudo não passa de
calúnias e que na Serra da Gorongosa, baluarte da RENAMO, reina a calma.
Acusações de assassínio
Um grupo de guerrilheiros do
principal partido da oposição em Moçambique exigiu, na quarta-feira (12.06.), a
demissão de Ossufo Momade da presidência da RENAMO. Em entrevista a jornalistas
na Gorongosa, os homens armados com AK 47, alguns fardados e outros à civil,
disseram estar em fuga de uma alegada perseguição protagonizada pelo líder do
partido. Mariano Nhungue Chissingue, que se apresentou como comandante do
grupo, acusou Ossufo Momade de mandar prender, torturar e até matar colegas de
guerrilha: "O nosso brigadeiro Josefo foi morto no dia 3, segunda-feira
passada," disse Chissingue,e que a vítima foi baleada por cinco vezes a
mando do líder do partido.
A DW não pôde verificar as
denúncias de forma independente. A família de Isaías Josefo diz desconhecer o
paradeiro do brigadeiro desde 11 de março. Um dos membros da família, Araújo
Tique, disse à DW: "Ele disse que ia para a formatura. Depois da formatura
ligou e disse que já estava preso". A partir desse momento a família
deixou de poder comunicar com o brigadeiro."Estamos preocupados, porque
não sabemos se ele morreu", acrescentou.
"Se ele não sair, nós vamos
matá-lo”
Reagindo à alegada perseguição, o
guerrilheiro Mariano Nhungue Chissingue prometeu
retaliar: "Neste mês de julho, de 10 a 15, vamos juntar-nos e escolher quem vai
ser o nosso presidente”, disse o guerrilheiro na quarta-feira, acrescentando:
"Com Ossufo nunca mais. Se ele não quiser sair, nós vamos matá-lo. Se ele
matou o nosso colega, vamos atacar Ossufo. Estragou o nosso partido, matou o
nosso brigadeiro, que serviu o povo durante oito anos".
Eleições à porta
Os guerrilheiros recusam entregar
as armas enquanto Ossufo Momade não sair do cargo. Mas o porta-voz da
RENAMO, José Manteigas, que apela à calma, diz que tudo não passa de uma
"encenação caluniosa e grosseira". Acrescenta que "o ónus da
prova recai sobre o acusador" e chama a Mariano Nhungue Chissingue um
"desertor" do braço armado do partido, exigindo provas para as
acusações.
O porta-voz da RENAMO afirma que
o partido está focado nas eleições gerais de 15 de outubro, com Ossufo Momade
como o candidato do partido à Presidência de Moçambique.
Arcénio Sebastião | Deutsche
Welle
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