sábado, 8 de junho de 2019

Nancy Schwarz para uma presidência inclusiva na Guiné-Bissau


Com uma mulher à testa da nação guineense haverá sensibilidade para os problemas reais do povo e uma sociedade mais inclusiva e equilibrada, defende a Nancy Schwarz, que pretende mudar o rumo da Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau vive numa encruzilhada política sem fim à vista. No próximo dia 23 de junho termina o mandato do atual Presidente, José Mário Vaz, que ainda não nomeou o novo primeiro-primeiro, para formar o novo Governo. O perfil do futuro Presidente começa a aquecer o debate político num país profundamente dividido e muito instável.

A socióloga Nancy Schwarz, que pretende ser candidata nas próximas eleições presidenciais, ainda sem data marcada, disse à DW que com uma mulher à frente da nação guineense e com a paridade na governação o país terá êxito no processo de desenvolvimento.

"Chegou a hora da mulher poder fazer parte da construção da Guiné-Bissau, da mulher se juntar aos homens com vontade de o fazer, de formar uma equipa multidisciplinar, para que se possa construir os alicerces sólidos para que a Guiné-Bissau possa erguer”, disse em entrevista exclusiva a partir de Lisboa onde se encontra em contatos com a comunidade guineense.



Trabalhar com todos os atores sociais

A sua candidatura irá defender a necessidade de se trabalhar em estreita colaboração com todos os atores sociais guineenses, para o alcance de uma sociedade mais inclusiva e equilibrada. Aos 46 anos de idade, Nancy Schwarz, licenciada em Sociologia, em Portugal, está em fase final de auscultação dos guineenses para a recolha de assinaturas e formalizar nos próximos meses a sua candidatura ao mais alto cargo da nação guineense, para proporcionar aos guineenses um amanhã diferente:

"Uma amanhã que defenda a união e a coesão nacional, que defenda a inclusão de todos os atores sociais, para que se possa sedimentar o desenvolvimento da Guiné-Bissau, com base nos valores éticos e morais, onde haverá possibilidade dos nossos jovens poderem ter emprego, um ensino de qualidade e levar avante os seus projetos, num país estável”.   
Estabilidade governativa 

Nancy dá como garantia a sua postura de que irá servir o país se for eleita Presidente, no sentido de fortificar o Estado de direito democrático com base na heterogeneidade do país, onde haverá uma relação profícua entre a presidência, o Governo e demais instituições do Estado.

A ativista social iniciou a caminhada para as presidenciais de 2019 deste 2011, no Reino Unido, através do grupo conhecido por "Amanhã Guiné-Bissau" que fez um diagnóstico dos entrevas que minam o processo de desenvolvimento do país.

"O que tem estado a travar o desenvolvimento da Guiné-Bissau, sustenta-se em duas vertentes, a primeira tem a ver com a liderança. Existe uma crise na liderança e a outra vertente é o obscurantismo, estamos num país mergulhado na idolatria e esse obscurantismo está também dentro dos partidos políticos. E está-se a levar o dinheiro do povo para alimentar esse mal e criar o medo, não só dentro da classe política, mas também arrastada para a sociedade”, argumentou.

Mulher pode mudar a Guiné-Bissau

Na ausência de um líder capaz de se sacrificar para o bem do povo, Nancy Schwarz vê numa mulher com postura como solução para a Guiné-Bissau e marcar a diferença na liderança com a sua postura de aproximação do povo para conviver, sem interlocutores, com os problemas reais do país.

"Não posso dizer que sou líder quando um grupo de pessoas que me vem informar o que está a acontecer e não sou eu a caminhar em direção à massa para obter informações... juntamente com a equipa que acompanha o líder deve-se delinear estratégias de intervenção plausível para o país. Temos também o aspeto maternal, com capacidade de cuidar e proteger”.

Para Nancy nos tempos que correm é necessário que um Presidente tenha estratégias de comunicar para que a sua mensagem chegue a todos de igual forma, sem vaidades, mas baseado na simplicidade.

Sobre a crise politica que paralisou a Guiné-Bissau há quatro anos, Nancy diz que a situação tende a agudizar-se: "vai piorr porque não há um querer dialogar, não há um querer comunicar, um querer entender-se para o bem do coletivo, neste caso para o bem do povo. É necessário que se tenha a noção do que está acontecer realmente, parar e pensar a Guiné-Bissau”.

Três meses depois da realização de eleições legislativas na Guiné-Bissau, a 10 de março, o Presidente guineense continua sem nomear o primeiro-ministro e o Governo, alegando que falta resolver o problema da eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular, o que tem levado à realização de vários protestos em Bissau.

Imposições ao PR

Segundo a Nancy o que está a acontecer com o atual Presidente guineense, José Mário Vaz é um conjunto de imposições que não pode acontecer num Estado de direito democrático. Imposições que vieram não só do lado do Presidente, mas também do coletivo que está acompanhar todo o processo da governação. Por isso, defende um diálogo sério, muito trabalho, a vontade de prestar um serviço condigno ao povo da Guiné-Bissau e aceitar perder muitas vezes para que o povo possa ganhar.

Ainda na entrevista à DW, Nancy revela a primeira medida que tomará ser for eleita Presidente da Guiné-Bissau.

"Colocar em cima da mesa um conjunto de auscultações que fizemos, reunir equipas multidisciplinares tanto da diáspora como residentes no país, para debruçar com o Governo e encontrar as prioridades a dar vazão logo no início da governação e da presidência. É um trabalho a ser feito por todos os técnicos guineenses espalhados pelo mundo, não com os partidos políticos, e depois convocar o povo para um debate nacional”.

Braima Darame | Deutsche Welle

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