Com uma mulher à testa da nação
guineense haverá sensibilidade para os problemas reais do povo e uma sociedade
mais inclusiva e equilibrada, defende a Nancy Schwarz, que pretende mudar o
rumo da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau vive numa
encruzilhada política sem fim à vista. No próximo dia 23 de junho termina o
mandato do atual Presidente, José Mário Vaz, que ainda não nomeou o novo
primeiro-primeiro, para formar o novo Governo. O perfil do futuro Presidente
começa a aquecer o debate político num país profundamente dividido e muito
instável.
A socióloga Nancy Schwarz, que
pretende ser candidata nas próximas eleições presidenciais, ainda sem data
marcada, disse à DW que com uma mulher à frente da nação guineense e com a
paridade na governação o país terá êxito no processo de desenvolvimento.
"Chegou a hora da mulher
poder fazer parte da construção da Guiné-Bissau, da mulher se juntar aos homens
com vontade de o fazer, de formar uma equipa multidisciplinar, para que se
possa construir os alicerces sólidos para que a Guiné-Bissau possa erguer”,
disse em entrevista exclusiva a partir de Lisboa onde se encontra em contatos
com a comunidade guineense.
Trabalhar com todos os atores
sociais
A sua candidatura irá defender a
necessidade de se trabalhar em estreita colaboração com todos os atores sociais
guineenses, para o alcance de uma sociedade
mais inclusiva e equilibrada. Aos 46 anos de idade, Nancy
Schwarz, licenciada em Sociologia, em Portugal, está em fase final de auscultação
dos guineenses para a recolha de assinaturas e formalizar nos próximos meses a
sua candidatura ao mais alto cargo da nação guineense, para proporcionar aos
guineenses um amanhã diferente:
"Uma amanhã que defenda a
união e a coesão nacional, que defenda a inclusão de todos os atores sociais,
para que se possa sedimentar o desenvolvimento da Guiné-Bissau, com base nos
valores éticos e morais, onde haverá possibilidade dos nossos jovens poderem
ter emprego, um ensino de qualidade e levar avante os seus projetos, num país
estável”.
Estabilidade governativa
Nancy dá como garantia a sua
postura de que irá servir o país se for eleita Presidente, no sentido de
fortificar o Estado de direito democrático com base na heterogeneidade do país,
onde haverá uma relação profícua entre a presidência, o Governo e demais
instituições do Estado.
A ativista social iniciou a
caminhada para as presidenciais de 2019 deste 2011, no Reino Unido, através do
grupo conhecido por "Amanhã Guiné-Bissau" que fez um diagnóstico
dos entrevas que minam o processo de desenvolvimento do país.
"O que tem estado a travar o
desenvolvimento da Guiné-Bissau, sustenta-se em duas vertentes, a primeira tem
a ver com a liderança. Existe uma crise na liderança e a outra vertente é o
obscurantismo, estamos num país mergulhado na idolatria e esse obscurantismo
está também dentro dos partidos políticos. E está-se a levar o dinheiro do povo
para alimentar esse mal e criar o medo, não só dentro da classe política, mas
também arrastada para a sociedade”, argumentou.
Mulher pode mudar a Guiné-Bissau
Na ausência de um líder capaz de
se sacrificar para o bem do povo, Nancy Schwarz vê numa mulher com
postura como solução para a Guiné-Bissau e marcar a diferença na liderança
com a sua postura de aproximação do povo para conviver, sem interlocutores, com
os problemas reais do país.
"Não posso dizer que sou
líder quando um grupo de pessoas que me vem informar o que está a acontecer e
não sou eu a caminhar em direção à massa para obter
informações... juntamente com a equipa que acompanha o líder deve-se delinear
estratégias de intervenção plausível para o país. Temos também o aspeto
maternal, com capacidade de cuidar e proteger”.
Para Nancy nos tempos que correm
é necessário que um Presidente tenha estratégias de comunicar para que a sua
mensagem chegue a todos de igual forma, sem vaidades, mas baseado na
simplicidade.
Sobre a crise politica que
paralisou a Guiné-Bissau há quatro anos, Nancy diz que a situação tende a
agudizar-se: "vai piorr porque não há um querer dialogar, não há um
querer comunicar, um querer entender-se para o bem do coletivo, neste caso para
o bem do povo. É necessário que se tenha a noção do que está acontecer
realmente, parar e pensar a Guiné-Bissau”.
Três meses depois da realização
de eleições legislativas na Guiné-Bissau, a 10 de março, o Presidente guineense
continua sem nomear o primeiro-ministro e o Governo, alegando que falta
resolver o problema da eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular, o que
tem levado à realização de vários protestos em Bissau.
Imposições ao PR
Segundo a Nancy o que está a
acontecer com o atual Presidente guineense, José Mário Vaz é um conjunto de
imposições que não pode acontecer num Estado de direito democrático. Imposições
que vieram não só do lado do Presidente, mas também do coletivo que está
acompanhar todo o processo da governação. Por isso, defende um diálogo sério,
muito trabalho, a vontade de prestar um serviço condigno ao povo da
Guiné-Bissau e aceitar perder muitas vezes para que o povo possa ganhar.
Ainda na entrevista à DW,
Nancy revela a primeira medida que tomará ser for eleita Presidente da
Guiné-Bissau.
"Colocar em cima da mesa um
conjunto de auscultações que fizemos, reunir equipas multidisciplinares tanto
da diáspora como residentes no país, para debruçar com o Governo e encontrar as
prioridades a dar vazão logo no início da governação e da presidência. É
um trabalho a ser feito por todos os técnicos guineenses espalhados pelo mundo,
não com os partidos políticos, e depois convocar o povo para um debate
nacional”.
Braima Darame | Deutsche Welle
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