quarta-feira, 26 de junho de 2019

O papel de Hong Kong aos olhos dos EUA


David Chan* | opinião

O Governo de Hong Kong tem enfrentado grande oposição após ter feito uma proposta para uma nova Lei da Extradição, que deu depois origem a uma série de protestos, semelhantes ao movimento "Occupy Central". Após esta reação, a Chefe do Executivo da região, Carrie Lam, anunciou que iria suspender a implementação desta proposta de forma a trazer de volta alguma tranquilidade ao Conselho Legislativo. Porém, o impacto do incidente não diminuiu, com vários a exigir um pedido de desculpas e a demissão da Chefe do Executivo.

Ao longo do último mês, o Governo de Hong Kong, nos confrontos com a oposição, acabou também por ter alguns encontros com forças internacionais. Estes não só exercem pressão sobre o Governo de Hong Kong, como também expressam o seu apoio aos movimentos de oposição, alimentando ainda mais este confronto. Na passada quarta-feira, após os primeiros protestos, membros da administração norte-americana tornaram-se ainda mais abertos no apoio e manipulação política da oposição de Hong Kong.


Devido à grande importância de Hong Kong para a estratégia americana para lidar com a China, é bastante claro que os EUA querem obrigar a China a abrir o mercado financeiro através de uma guerra comercial. Querem ganhar de volta os dólares que a China tem conseguido acumular e destruir a economia chinesa, tal como fizeram com o Japão há 30 anos. Hong Kong é apenas uma ferramenta nesta estratégia para desencadear um colapso político na China, e por uma simples razão: por Hong Kong ser a menina dos olhos da China. É a região mais liberal, rebelde e mais fácil de provocar do país, mas mesmo que os EUA tenham sucesso a gerar mais uma onda de "Laços Amarelos" e a economia chinesa seja afetada, não nascerá uma primavera árabe na China. Hong Kong tem uma posição especial no país, é a janela da China para o resto do mundo e uma forma de outros países entrarem em contacto com o país. Desde a Segunda Guerra Mundial que Hong Kong é conhecido como a "Capital de Espionagem do oriente", por ter espiões de todo o mundo a trabalhar na cidade e por ser muitas vezes um campo de batalha para a China e para os EUA. Por essa razão, se os EUA quiserem provocar a China, Hong Kong é a forma mais fácil de o fazer, sendo este um local de acesso livre a espiões americanos da CIA ou FBI e poderá até ser utilizado para uma estratégia de "terra queimada".

Hong Kong, fazendo parte do regime "Um País, Dois Sistemas", faz com que a China não possa diretamente resolver o problema, e se o decidisse fazer tal iria inevitavelmente levar à intervenção de outras potências do ocidente. No entanto, se nada for feito, o problema só continuará a crescer. Por isso, representantes do Governo central chinês encontraram-se com representantes do Governo de Hong Kong e demonstraram apoio à decisão da Chefe do Executivo. Foi também revelado que os EUA têm manipulado este incidente já por mais de 70 vezes. Por essa razão o Governo apela para que a população de Hong Kong mantenha a calma e não se deixe manipular.

* Editor Sénior | em Plataforma

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