O IPO de Lisboa tem feito uma
média anual de seis milhões de euros de investimento nos últimos anos, mas
lamenta que as autorizações para contratar profissionais sejam demoradas,
tornando os recursos humanos na maior preocupação do hospital.
"Os recursos humanos talvez
sejam a maior preocupação que temos aqui no Instituto Português de Oncologia,
porque temos conseguido manter um nível de investimento ao longo dos anos muito
significativo, mas a questão dos recursos humanos não tem acompanhado esse
investimento. É importantíssimo que corram a par e passo", declarou, em
entrevista à agência Lusa, Sandra Gaspar, vogal executiva da administração do
IPO de Lisboa.
Mesmo que a contratação de
profissionais esteja prevista em termos de plano de atividades, o processo
burocrático para recrutar pessoal "tem sido muito demorado", sendo
que o IPO se ressente sobretudo da falta de enfermeiros e de assistentes
operacionais.
"Ainda que tenhamos médicos
para poder tratar os doentes, os médicos não tratam os doentes sozinhos,
precisam de uma equipa. Temos de encarar a saúde de forma diferente, como um
investimento. Os recursos humanos na saúde têm de ser olhados de forma
diferente", apela Sandra Gaspar, sublinhando também que é um erro não dar
autonomia às administrações hospitalares, porque nem sequer melhora o controlo
orçamental e da dívida.
A nova unidade de transplante de
medula é um dos exemplos de como o investimento não foi acompanhado pela
necessária contratação de mais profissionais.
As obras da nova unidade, com um
investimento de cerca de um milhão de euros, permitiriam passar de sete para 12
quartos, que têm necessidades específicas, como a questão do isolamento.
Contudo, não há enfermeiros nem assistentes operacionais para aumentar essa
capacidade.
O processo de transferência de
doentes para a nova unidade inicia-se esta semana, mas a unidade de transplante
de medula manterá os mesmos sete quartos que tinha até aqui.
Sandra Gaspar recorda que o IPO
de Lisboa tem, nesta área, uma "lista de espera significativa" de
doentes, tendo médicos e instalações para os tratar. Ficam a faltar enfermeiros
e assistentes para poder acelerar o tratamento dos cerca de 60 doentes em lista
de espera.
Aliás, a administradora refere
que "as amenidades" e a melhoria de instalações são "muito
importantes sobretudo em oncologia", mas revela que "o 'feedback' dos
utentes tem mais a ver com a relação humana do que com as instalações".
Em termos de investimentos mais
avultados, o IPO de Lisboa terminou há cerca de três meses as obras do serviço
de imuno-hemoterapia (onde se faz colheita, tratamento e transfusão de sangue),
obras num valor de 700 mil euros.
Em conclusão está também a primeira
fase de obras do novo bloco operatório, estando para arrancar a segunda fase de
requalificação e ampliação, um investimento de cerca de 3,7 milhões de euros.
No pacote de "grandes
investimentos" está ainda um sétimo acelerador linear (para radioterapia),
que aguarda processo de licenciamento para poder iniciar funcionamento, tendo
um valor de cerca de quatro milhões de euros.
A administração considera ainda
fundamental a construção do novo edifício do IPO, que irá centrar toda a
atividade de ambulatório, até porque grande parte do tratamento de doentes
oncológicos é feita hoje em dia sem recurso a internamento.
"As instalações dispersas
[como atualmente] não só favorecem o desperdício de recursos como é altamente
penalizador para os doentes [andar entre os vários edifícios]", lembrou
Sandra Gaspar, que considera a construção do novo edifício "absolutamente
fundamental para a sobrevivência e melhoria de eficiência" do IPO de
Lisboa.
O investimento, perspetivado em
45 milhões de euros, está ainda "relativamente atrasado". No
Ministério das Finanças está já o pedido de autorização do projeto de
arquitetura, mas a administração do IPO está a fazer contactos com outras
entidades para que possam "ajudar a viabilizar o projeto".
"Estamos a tentar arranjar
alternativas em termos de financiamento para tentar desonerar o Orçamento do
Estado e acelerar a viabilidade deste edifício, que é absolutamente
fundamental", contou a administradora à Lusa.
Perspetivando que ainda faltem
uns três anos para conseguir viabilizar o projeto do novo edifício, a
administração do IPO refere que é entretanto necessário "criar um novo
hospital de dia" que concentre toda a atividade de quimioterapia no mesmo
espaço, um investimento orçamentado em meio milhão de euros.
A curto prazo, o IPO vai ainda
lançar o projeto de arquitetura para um novo laboratório de anatomia
patológica, que é considerado fundamental para a segurança ambiental dos
próprios profissionais.
Em causa estiveram elevadas
concentrações de formol no ar, que chegaram a provocar sintomas nos próprios
funcionários.
O serviço de anatomia patológica,
essencial para os diagnósticos feitos no IPO, teve há cerca de um ano um
problema com o tratamento do ar. Em causa estiveram elevadas concentrações de
formol no ar, que chegaram a provocar sintomas nos próprios funcionários.
O serviço foi então forçado a
encontrar instalações alternativas, permanecendo num espaço disponibilizado
pelo Hospital Pulido Valente e num espaço da capela do IPO, que funciona ao
lado da morgue.
Enquanto decorrer a obra para o
novo serviço, a administração do IPO pretende encontrar outras instalações
provisórios para instalar a parte da macroscopia da Anatomia Patológica.
Lusa | Notícias ao Minuto
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