quarta-feira, 19 de junho de 2019

Portugal | PPP na Saúde: O 'elefante' que se vê e que a lei omite continua na sala


A discussão sobre a nova Lei de Bases da Saúde foi acesa. António Costa e Catarina Martins trocaram acusações e… as parcerias público-privadas (PPP) na saúde continuarão.


Isto porque a Direita e o PS rejeitaram as propostas do Bloco de Esquerda e do PCP que defendiam que a gestão dos hospitais públicos fosse pública. Depois, Esquerda e Direita uniram-se na nega dada ao PS e ao Governo que defendia a existência de PPP apenas em situações “excecionais”. E agora? Continua tudo na mesma, pelo menos para já.

A verdade é que a votação de ontem foi apenas indiciária. O tema terá agora de ser debatido na especialidade. No entanto, se a nova Lei de Bases da Saúde fosse aprovada neste momento, tal como está, significaria que as PPP continuariam a ser possíveis, pois a lei não faz qualquer referência à sua existência. Ou seja, continuaria (e continua para já) a vigorar o decreto-lei aprovado por Durão Barroso (2002) que enquadra legalmente a existência destes contratos entre o SNS e privados.


O clima azedou entre António e Catarina

Durante o debate quinzenal, que decorreu também ontem no Parlamento, António Costa não esteve com ‘meias-medidas’ e disparou na direção de Catarina Martins: "Se a lei de bases chumbar, a responsabilidade é exclusivamente sua e do seu grupo parlamentar".

O primeiro-ministro lembrou ainda que “quem chumbar em votação final global” o novo diploma irá permitir que se mantenha em “vigor a lei de bases que a Direita aprovou em 1990”.

Antes, Catarina Martins tinha dito a António Costa que não podia "impor a aceitação das PPP como condição de aprovação da nova lei".



"Não podemos deixar perder esta oportunidade de termos um consenso político tão alargado quanto possível para repor uma lei de bases da saúde em consonância com a Constituição e um SNS público, universal e tendencialmente gratuito", enfatizou.

Na hora de comentar, cada cabeça sua sentença

O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda foram os grandes protagonistas da discussão de ontem. Depois de materializarem - na pessoa dos seus respetivos líderes - uma troca de 'galhardetes', também protagonizaram os pontos de vista mais distintos quanto ao que ontem se passou.

A deputada socialista Jamila Madeira disse ter havido um "avanço radical" na clarificação quanto à gestão pública no SNS no texto que resultou das votações ontem efetuadas. Ainda assim não deixou de lamentar que não tenha sido possível um acordo já nesta fase quanto ao enquadramento legal das PPP.

Já o deputado do Bloco, Moisés Ferreira, viu o texto resultante da votação de ontem como uma "passadeira estendida" às PPP e avisou que o partido irá insistir nas suas propostas que eliminam a possibilidade da existência de gestões privadas em hospitais públicos.

Por sua vez, Paula Santos, do PCP, frisou que os comunistas foram os úncios que "apresentaram uma proposta concreta para pôr fim às PPP", também rejeitada, remetendo para uma fase posterior a forma como o partido votará este texto.

Quanto a Heloísa Apolónia, a líder do PEV recusou prestar declarações uma vez que à hora a que foi abordada pelos jornalistas a comissão ainda estava reunida a debater o tema. No entanto, não deixou de sublinhar que o seu partido tem batalhado todos os anos por "mais investimento na saúde" e por um reforço do Serviço Nacional de Saúde.

Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana