O comandante do Corpo de
Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Hossein Salami, declarou ontem (20) que
a derrubada de drone é uma "mensagem clara" para Washington quanto à
prontidão de Teerão para reagir em caso de ataque.
Esta situação fez com que as tensões
alcançassem novos patamares, com os dois países alegando que estavam certos em
relação às suas ações.
No entanto, a história mostra que
os EUA não têm medo de ser os primeiros a atacar, rejeitando a culpa até
conseguirem o que querem.
Tanto os Estados Unidos como Irão
têm divulgado imagens defendendo as suas afirmações sobre a localização do
drone RQ-4 Global Hawk: se este estava operando nas águas
internacionais ou em espaço aéreo iraniano quando foi abatido pelo IRGC na
quinta-feira (20).
Com muitas questões ainda sem
resposta e relatos sobre uma guerra iminente entre o Irão e os EUA, Mohammad Marandi,
especialista em estudos americanos e em literatura pós-colonial, professor na
Universidade de Teerão, partilha sua análise da situação no programa da Rádio Sputnik Lound&Clear.
"Esta não é a primeira vez
que drones dos EUA são derrubados no Irão, e os americanos já violaram o espaço aéreo
iraniano em muitas ocasiões. Em uma ocasião os iranianos conseguiram hackear um
drone dos EUA e fazê-lo pousar com sucesso em solo iraniano", disse
Mohammad Marandi aos apresentadores do programa, descartando as alegações
norte-americanas de que o drone de reconhecimento estava no espaço aéreo
internacional quando foi abatido.
"Ninguém no Irão confia nos
EUA, particularmente, ninguém confia em Trump", disse o professor.
Marandi recordou o terrível
acontecimento de 3 de julho de 1988, o voo 655 da Iran Air, quando a aeronave
foi derrubada por um míssil de cruzeiro disparado do navio USS Vincennes, da
Marinha dos EUA, resultando na morte de 290 pessoas, entre os quais 66
crianças.
"Naquela altura os EUA
mentiram sobre o voo, e a mídia ocidental reproduziu simplesmente a posição do
Governo norte-americano. Eles mentiram descaradamente para fazer com que
parecesse que a culpa era da companhia aérea iraniana a fim de justificar suas
ações. Mais tarde tornou-se evidente que o avião estava agindo como qualquer
outro avião deveria agir", disse Marandi.
O então presidente dos EUA George
H.W. Bush afirmou pouco tempo depois que "nunca iria pedir desculpas pelos
EUA, não me importa quais sejam os fatos".
A intensificação do conflito
trará resultados devastadores à economia global
Ao ser perguntado sobre a
crescente possibilidade de agressão por parte dos EUA, Marandi afirmou que
seria "um grande erro de cálculo" para o presidente norte-americano
Donald Trump ouvir os "assim chamados especialistas iranianos que dizem
aos americanos que, se eles efetuarem um ataque limitado, os iranianos não
iriam responder".
O especialista salientou também
que tal agravamento do conflito teria consequências devastadoras para a
economia global.
"Na minha opinião a resposta
do Irão seria implacável e desproporcional", porque os iranianos irão não
só retaliar contra as forças agressivas, mas também atacar os países que
facilitarem os EUA a efetuar os ataques", opinou Marandi, incluindo países
como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
Embora a economia não deva ser
colocada à frente das vidas, Marandi avisou que "se as pessoas não
enfrentarem os Estados Unidos, sejam governos ou cidadãos, então todos pagarão
um preço, porque o bem-estar das pessoas em todo o mundo depende da energia que
vem da região do golfo Pérsico".
Sputnik | AP Photo /
Iranian Defense Ministry
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