O Intercept Brasil publica hoje
mais uma história exclusiva. Durante três meses investiguei
as relações das dinastias que dominam a Justiça Federal no Amazonas. Partindo
de uma denúncia anônima, encontrei casos que ilustram os abusos existentes nas
entranhas do judiciário. Ganhos milionários, favorecimentos, negociações
suspeitas e nepotismo. O TJ amazonense é um negócio para poucas e abastadas
famílias.
Nayara Azevedo* | The Intercept_ Brasil
Identifiquei sete famílias com
grande influência para agregar parentes no tribunal. Isso pode acontecer
através do possível beneficiamento em concurso público ou da distribuição de
cargos de confiança com gratificações generosas.
Uma das histórias que conto é a
da família Caminha, dos gêmeos Igor e Yuri Caminha Jorge, filhos da
desembargadora Nélia Caminha. Eles foram aprovados em um concurso para juiz que
oferecia 23 vagas, ficando no 34º e 43º lugar, respectivamente.
Uma semana após a publicação do
resultado, um deles participou, acompanhado da mãe, de uma reunião entre o
presidente do tribunal e uma comissão de aprovados. O encontro tratou da
necessidade de agilizar a nomeação de mais juízes. Um mês depois o tribunal
encaminhou um projeto de lei que criava 12 cargos de juízes auxiliares e seis
meses depois do resultado do concurso Igor e Yuri foram chamados para assumir o
cargo que atualmente lhes garante um salário bastante generoso.
As relações familiares do TJ
amazonense já chamaram atenção do Conselho Nacional de Justiça. Solicitei ao
CNJ, por meio da Lei de Acesso à Informação, o resultado da inspeção que foi
realizada no estado em 2017, mas o Conselho negou, violando a Lei – como o
próprio CNJ deveria saber. Recorri e não obtive resposta.
Esta não foi uma apuração difícil
apenas porque me negaram acesso a documentos que deveriam ser públicos. Nos
quatro dias que passei em Manaus apurando informações, sofri duas ameaças de
processo.
O que judiciário tem a esconder?
Nós, mais uma vez, te contamos com exclusividade.
Não deixe de ler a matéria e lembre-se:
nossa independência e ousadia dependem diretamente dos nossos leitores. O
Intercept Brasil pode fazer investigações como essa porque vocês nos apoiam e
espalham nossas reportagens. Talvez a próxima história possa ser do seu estado.
*Correspondente para o Norte e Nordeste, The Intercept Brasil
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