quarta-feira, 31 de julho de 2019

Portugal | O merecido troco dado a uns pífios politiqueiros


Jorge Rocha* | opinião

Perante as graves acusações, que pendiam sobre o ministério, que dirige, Eduardo Cabrita poderia tê-las resolvido muito facilmente demitindo o secretário de Estado e dando como aceites as denúncias feitas nos dias mais recentes a respeito das golas antifumo ou dos contratos feitos por uma empresa de Arouca com a Universidade do Porto ou a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Minimizavam-se os danos políticos, deixava-se o caso cair no esquecimento e voltava-se à eficaz luta contra os incêndios, quer de origem fortuita, quer de causas criminosas.

Mas pode Eduardo Cabrita ser quem não é? Escrevi-o aqui há um par de dias que, tão-só se sinta motivado pela razão, não há quem o trave. E ai de quem, então, se atreve a pôr-se a jeito.

A história da gola parece exemplarmente resolvida com o ensaio solicitado à Universidade de Coimbra na pessoa do insuspeito Xavier Viegas que, semanas atrás, «abrilhantara» uma ação de campanha de Rui Rio. Segundo o relatório emitido pelo referido professor as golas não são inflamáveis face ao fogo, apenas se deixam perfurar, não constituindo nenhum risco para quem as utilize.


Quanto aos contratos da empresa de construção de Arouca, que tem o filho do secretário de Estado como sócio minoritário, só os cães-de-fila de Paulo Morais, escudados numa duvidosa associação, que diz defender a transparência, podem pôr em causa a probidade do governante. Acaso a Universidade do Porto e a Câmara de Vila Franca de Xira não dispõem de autonomia para estabelecerem contratos com quem quiserem? Devem alguma subordinação ao governo e àquele secretário de Estado em particular?

Os «moralistas», que agem a soldo de óbvias intenções eleitorais tenderiam a criar uma tal situação que qualquer pessoa motivada a servir o seu país numa função pública condenaria inevitavelmente os familiares a ficarem tolhidos nas respetivas atividades profissionais. Reportando esta situação a um texto anterior em que defendia a necessidade da mulher de César ser e parecer séria, enjeito a aparente contradição, porque quem pelos seus atos não deve, não teme as subsequentes consequências. O pedido do governo à Procuradora para definir uma jurisprudência, até agora inexistente sobre o assunto, deverá resolver as falsas dúvidas dos que delas se serviram para a politiquice mais rasteira.

Resta o documento que o ainda presidente do SIRESP distribuiu abundantemente por toda a imprensa como retaliação por se saber condenado ao desemprego com a recente negociação do controle desse sistema de comunicações para o Estado. O escorraçado personagem decidiu arrasar um relatório lavrado por uma comissão independente recheada de especialistas sobre matéria de que ele arroga único doutor. Há bonifácios que, de facto, desmerecem o significado do nome que têm...

Uma vez mais, Eduardo Cabrita mostra que não é homem para se render a quem o procura injustamente atingir. O contra-ataque sai-lhe fortemente escudado em argumentos, que só menorizam quem o decidiu atingir...

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