Jorge Rocha* | opinião
Perante as graves acusações, que
pendiam sobre o ministério, que dirige, Eduardo Cabrita poderia tê-las
resolvido muito facilmente demitindo o secretário de Estado e dando como
aceites as denúncias feitas nos dias mais recentes a respeito das golas antifumo
ou dos contratos feitos por uma empresa de Arouca com a Universidade do Porto
ou a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Minimizavam-se os danos
políticos, deixava-se o caso cair no esquecimento e voltava-se à eficaz luta
contra os incêndios, quer de origem fortuita, quer de causas criminosas.
Mas pode Eduardo Cabrita ser quem
não é? Escrevi-o aqui há um par de dias que, tão-só se sinta motivado pela
razão, não há quem o trave. E ai de quem, então, se atreve a pôr-se a jeito.
A história da gola parece exemplarmente
resolvida com o ensaio solicitado à Universidade de Coimbra na pessoa do
insuspeito Xavier Viegas que, semanas atrás, «abrilhantara» uma ação de
campanha de Rui Rio. Segundo o relatório emitido pelo referido professor as
golas não são inflamáveis face ao fogo, apenas se deixam perfurar, não
constituindo nenhum risco para quem as utilize.
Quanto aos contratos da empresa
de construção de Arouca, que tem o filho do secretário de Estado como sócio
minoritário, só os cães-de-fila de Paulo Morais, escudados numa duvidosa
associação, que diz defender a transparência, podem pôr em causa a probidade do
governante. Acaso a Universidade do Porto e a Câmara de Vila Franca de Xira não
dispõem de autonomia para estabelecerem contratos com quem quiserem? Devem
alguma subordinação ao governo e àquele secretário de Estado em particular?
Os «moralistas», que agem a soldo
de óbvias intenções eleitorais tenderiam a criar uma tal situação que qualquer
pessoa motivada a servir o seu país numa função pública condenaria
inevitavelmente os familiares a ficarem tolhidos nas respetivas atividades
profissionais. Reportando esta situação a um texto anterior em que defendia a
necessidade da mulher de César ser e parecer séria, enjeito a aparente
contradição, porque quem pelos seus atos não deve, não teme as subsequentes
consequências. O pedido do governo à Procuradora para definir uma
jurisprudência, até agora inexistente sobre o assunto, deverá resolver as
falsas dúvidas dos que delas se serviram para a politiquice mais rasteira.
Resta o documento que o ainda
presidente do SIRESP distribuiu abundantemente por toda a imprensa como
retaliação por se saber condenado ao desemprego com a recente negociação do
controle desse sistema de comunicações para o Estado. O escorraçado personagem
decidiu arrasar um relatório lavrado por uma comissão independente recheada de
especialistas sobre matéria de que ele arroga único doutor. Há bonifácios que,
de facto, desmerecem o significado do nome que têm...
Uma vez mais, Eduardo Cabrita
mostra que não é homem para se render a quem o procura injustamente atingir. O
contra-ataque sai-lhe fortemente escudado em argumentos, que só menorizam quem
o decidiu atingir...
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