No Dia Internacional da Juventude
(12.08), recordamos os principais problemas que afetam os jovens angolanos,
desde desemprego, habitação e acesso ao ensino superior. Reajuste dos
transportes pode ser um novo obstáculo.
O acesso aos transportes públicos
é um dos problemas que mais afeta a juventude angolana. Para além de escassos,
os meios de transporte preparam-se para reajustar os preços nos próximos dias.
A entrada em vigor da nova tarifa dos comboios de Luanda estava prevista para
sexta-feira (09.98), mas, entretanto, foi adiada sem data.
Francisco Teixeira, responsável
do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), acredita que este reajuste vai
"atrapalhar" a ida dos estudantes para as escolas. "Esta questão
do reajustamento dos transportes públicos vai dificultar ainda mais e
atrapalhar a normal frequência dos estudantes às aulas porque muitos vivem
distantes das escolas e muitos deles andam longos quilómetros a pé", diz.
Mas o problema poderá estar
resolvido em breve, quando os jovens estudantes, crianças, antigos combatentes
e idosos passarão a estar isentos nos transportes públicos - rodoviário,
marítimo e ferroviário.
Francisco Teixeira, do MEA,
desconhece as formas de atribuição do chamado passe social e lamenta o facto de
a sua organização não ter sido consultada na concepção do
documento. "Não sabemos que métodos foram usados nesse processo, não
sabemos que critérios o Estado vai usar para atribuir o passe social aos
estudantes e como vai chegar aos estudantes pobres. Deviam ter contactado as
instituições de defesa dos estudantes. É caricato", afirma.
Acesso ao ensino superior e desemprego
Este não é único problema que
afeta a juventude angolana. Não é fácil o acesso
ao ensino superior. Este ano, a Universidade Agostinho Neto UAN) registou
mais de 46 mil candidatos para cerca de cinco mil vagas. Em 2020, o governo vai
acabar com a gratuitidade nas instituições públicas de ensino, uma pretensão
que tem sido criticada pelo movimento "Propina Not" - campanha lançada
nas redes sociais por ativistas cívicos e estudantes universitários contra o
pagamento de mensalidades nas universidades públicas.
A par disso, há a falta
de emprego.Nos últimos dois anos, a taxa de desemprego em Angola cresceu de
8,8% para 28,8%, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
publicados este ano. E a juventude é a mais afetada.
O analista Augusto Báfuabáfua
aconselha o Governo a direcionar as suas políticas públicas para o setor
produtivo, como a agricultura e o turismo, porque pode gerar postos de
trabalho. "O Executivo tem de fazer muito mais para empregar os
jovens no turismo. Para além da hospedagem, a restauração, na própria
mobilidade, aposta nos guias, nos tradutores. Há uma vasta oportunidade de
trabalhos para jovens", destaca.
O sonho de ter uma casa
O sonho de ter casa própria é
outro calcanhar de Aquiles para a juventude angolana. Augusto Báfuabáfua
explica que é preciso apostar em políticas habitacionais "sérias e
sustentáveis". "Há uma necessidade de o Executivo pensar grande, pensar
que Angola é um país vasto com 1.246 e 700 km2 e nós somos somente 30
milhões", lembra.
"A grande luta para as
habitações acontece mais nas grandes cidades, principalmente nas cidades de
Luanda, Benguela e Lubango. Isso quer dizer que não há políticas sérias e
sustentáveis, não há empenho suficiente no sentido de sair fora das grandes
cidades", conclui o analista.
Durante muito tempo, Angola
registou uma luta de gerações. Augusto Báfuabáfua diz que nos últimos tempos a
situação inverteu-se. O analista aponta a introdução de jovens no Governo de
João Lourenço como um sinal do desaparecimento deste conflito.
"Não há propriamente um
conflito de gerações. O Presidente João Lourenço é relativamente mais novo [em
relação a José Eduardo dos Santos] e no seu Executivo há gente tendencialmente
mais jovem do que ele aos e isso vai amenizando esse tão propalado conflito de gerações",
afirma.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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