Chefe da Comissão Europeia
explica que defesa de interesses da UE obrigará a estabelecer "fronteira
dura" entre duas Irlandas. Frisando não achar que Boris Johnson esteja
brincando, ele diz ainda acreditar numa solução.
Controles de fronteira serão
instalados entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, caso o Reino
Unido saia da União Europeia sem um acordo, declarou o chefe da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, à emissora britânica Sky News, neste domingo (22/09).
O bloco deve "assegurar que
os interesses seus e do mercado interno serão preservados", acrescentou. A
fórmula para manter uma fronteira sem atritos entre a Irlanda, país-membro da
UE, e a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido, é uma das discussões mais
árduas em torno do Brexit.
A UE teme que uma "fronteira
dura" possa causar conflitos na Irlanda do Norte, minando a frágil paz
conferida pelo acordo de 1998, que deu fim a três décadas de violência entre os
nacionalistas irlandeses, defensores de um país unido, e forças de segurança
britânicas e unionistas pró-britânicos.
Juncker exemplificou que, não
havendo uma fronteira após um Brexit sem acordo, um animal que entre na Irlanda
do Norte poderia então passar para a UE via Irlanda, sem qualquer controle.
"Isso não vai acontecer. Temos que preservar a saúde e segurança de nossos
cidadãos", assegurou.
A data fixada para o divórcio
britânico-europeu é 31 de outubro, constituindo para o Reino Unido a maior
reviravolta no comércio e na política externa em mais de 40 anos; além de
privar a UE de uma de suas maiores economias. Muitos advertem que uma saída
desordenada, sem acordo, causará brutais distúrbios econômicos.
Segundo Juncker, ainda há tempo
para Londres e Bruxelas fecharem um acordo de separação. Ao jornal
espanhol El País, ele revelou que tivera conversas "construtivas e em
parte positivas" com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na
última segunda-feira, em Luxemburgo.
"Acredito que ainda
tenhamos uma chance de alcançar um acerto", citou-o o periódico.
"Não partilho as opiniões de quem ache que Johnson esteja fazendo
joguinhos conosco e consigo mesmo." O político luxemburguês frisou ainda
que, para ele, a partida do Reino Unido é "um momento trágico para a
Europa".
Deutsche Welle | AV/ap,rtr,afp
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