Martinho Júnior, Luanda
No dia 12 de Setembro de 2019, na
Liga Africana de Amizade e Solidariedade com os Povos (LAASP), ao Maculusso, em
Luanda, membros da Associação de Amizade Angola-Cuba (AAAC), da Associação de
Cubanos Residentes em Angola (ACRA), da Associação dos “Caimaneros” (ex-estudantes
angolanos que se formaram em Cuba), do corpo diplomático acreditado em Luanda,
assim como outros amigos que se identificam com a revolução cubana,
manifestaram seu repúdio contra o bloqueio que tem sido incrementado nos seus
termos mais sórdidos pela administração de Donald Trump contra Cuba!
Da minha parte, ao juntar-me aos
angolanos que em solidariedade se manifestam desse modo em relação a Cuba,
recordo que me identifico também com todos os que repudiam o simultâneo
bloqueio e sanções contra a Venezuela Bolivariana!
Recordo que o efeito conjugado
desses bloqueios e sanções a Cuba e Venezuela, afectam de diversos modos e por
tabela os pequenos estados insulares que compõem o CARICOM (Caribean
Community), esmagadoramente povoados por afrodescendentes!...
Além do mais Cuba e Venezuela
conseguiram assumir-se como civilização nos termos possíveis para a
antropologia cultural de que tanto carece a humanidade em época de globalização
e, por essa razão de fundo, os dois estados, as duas nações e os dois povos,
estão a ser combatidos severamente por aqueles que, cinicamente e em nome da
civilização judaico-cristã-ocidental, gerem de facto a barbárie do capitalismo
neoliberal e do consumismo que esgota o planeta!
1- Naquele dia, foram cinco as intervenções
na iniciativa contra o bloqueio a Cuba, mas destaco, pela sua identidade e
conteúdos, a dos três palestrantes: a do Professor Carlos Moncada, Presidente
da ACRA, a do “caimanero” Professor António Pacavira, além do mais a
entidade que está à frente do Instituto Médio Comandante Fidel de Castro e a do
Professor Fernando Jaime, Secretário-Geral da Associação de Amizade
Angola-Cuba…
Todos os intervenientes vincaram
bem o que tenho levantado como essencial gravitação dialética: o que de facto
pertence à cultura civilizacional possível para o século XXI e o que continua a
pertencer atavicamente enquanto barbárie!...
As sínteses dos três
palestrantes, ainda que breves nas suas intervenções, sublinharam ao
interpretar o bloqueio e as sanções a Cuba, os factores e os aspectos relativos
à educação e à saúde (chegando ao ponto de comprovar com os casos correntes, a
sua estatística e as repercussões na América Latina e Caraíbas, tanto como em
África), ou seja, quanto a barbaridade desequilibra ainda mais a humanidade e
desrespeita ainda mais a Mãe Terra!
A questão tange o que se prende
ao que dá corpo ao civilizacional, à ética e à moral, seguindo não só a
abordagem histórica, mas também a abordagem antroplógica-cultural, pois o que
está também em causa é o respeito que Cuba merece a todos os angolanos e a
todos os africanos, pela dívida de reciprocidade que África tem para com a
revolução cubana, algo que foi sustentado como preocupação essencial dos
palestrantes que decidiram dirigir uma Nota à Embaixada dos Estados Unidos em
Luanda, como “forma de repúdio ao embargo americano” (http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/amigos-de-cuba-repudiam-o-embargo-contra-o-pais).
Para lá do imenso contributo à
luta de libertação em África contra o colonialismo, o “apartheid” e a
barbárie, Cuba tem assumido consequentemente a solidariedade para com África
particularmente em relação à saúde e à educação, uma trilha de que todo o povo
cubano tem sido, enquanto fiel intérprete revolucionário, substantivamente
exemplar!
Essa opção civilizacional, ética
e moral, não tem sido a que outros estados, outras nações e outros povos,
soberbos detentores da verdade, conseguem traduzir nos relacionamentos para com
Angola e para com África, salvo excepções de entidades com mérito que julgo ser
meu dever também oportunamente ressalvar!
Esse esforço exemplar, eleva
África ao patamar desse respeito civilizacional, ético e moral, por que
bloquear e sancionar Cuba e a Venezuela Bolivariana, implica também
fragilidades acrescidas para com África, que africano algum deve alegar
desconhecer!
Quanto do que África, quanto do
que Angola, têm a conhecer sobre si próprias, tem que ver com a solidariedade e
o internacionalismo incondicional do povo revolucionário de Cuba e seus dignos
dirigentes?
2- O exercício prático de
interpretação da lógica com sentido de vida, foi feito desse modo e está em
completa sintonia com as preocupações que em Cuba e na Venezuela Bolivariana se
têm vindo a colocar como opção, por parte daqueles que a quente e na primeira
linha, estão a enfrentar o bloqueio e as sanções que tão duramente atingem seus
próprios povos!
O Presidente dos Conselhos de
Estado e de Ministro de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, explicou
recentemente ao programa Mesa Redonda, da Televisão Cubana, em directo para o
mundo (http://www.granma.cu/cuba/2019-09-11/en-vivo-presidente-de-cuba-anuncia-medidas-para-la-coyuntura-energetica-del-pais-video-11-09-2019-15-09-41):
…
"Esto tiene que ver también
con lo que está ocurriendo en el área de América Latina y el Caribe.
La administración de Trump ha
fracasado en derrocar el gobierno bolivariano y eso ha hecho que culpe a Cuba
de la situación venezolana.
Se muestran preocupados, entre
comillas, por el pueblo cubano, cuando es su cultura cruel la responsable de
los problemas que afectan nuestro país.
Recientemente anunciaron la implementación
de nuevas medidas para que Cuba no tenga acceso a otras divisas.
Se empeñan en tratar de impedir
llegar la llegada de combustible a Cuba.
Además, la aplicación de medidas
unilaterales han limitado los contratos con navieras que suministraban recursos
a Cuba. Hay entidades que se han retirado.
Esta situación ha hecho que
exista una baja del diesel.
Cuando venía del Palacio vi que
las paradas tenían mayor congestión que en los últimos meses, por eso tratamos
de llevar esta situación al pueblo y explicarlo.
Los problemas son meramente
energéticos, pero no es de abastecimiento.
Al país están llegando barcos con
alimentos, hay barcos con harina de trigo, y esto es parte de las medidas que
se han tomando en los últimos tiempos”.
...
“Nuestro pueblo seguirá siendo
feliz, laborioso, creativo, alegre y bromista, incluso en la situación más
difícil.
Con optimismo renovado nos
entregamos a encontrar solución.
¡Aquí no se rinde nadie!
Esas palabas están en nuestras
voluntades.
El mundo nos verá y admirará en
la misma medida en que verá y condenará a nuestros adversarios.
Hoy son tiempos de patria
muerte.”
3- Na Venezuela Bolivariana e
através de todos os meios internos e externos, a consciência que se rege pela
lógica com sentido de vida sujeita agora ao ignóbil bloqueio e às mais
perversas sanções, reage e obriga a todos os que com consciência dialética
justa se afirmam em defesa da civilização humana possível no século XXI, a se
identificarem à sua causa face à barbárie! (http://razonesdecuba.cubadebate.cu/articulos/bloqueo-financiero-cronologia-de-una-estrategia-para-destruir-a-venezuela/).
O Ministro das Relações
Exteriores da Venezuela deu a oportuna réplica em relação a John Bolton, na
expectativa aliás que se fizesse um pouco de luz na própria administração do
Presidente Donald Trump (https://es.euronews.com/2019/08/07/maduro-llama-a-la-movilizacion-contra-el-bloqueo-estadounidense):
“Sabemos que todo esto es por el
petróleo, todos sabemos que es por la riqueza de Venezuela. Sr. Donald Trump,
concéntrese en su campaña electoral. Sr. Donald Trump, concéntrese en las
consecuencias del odio supremacista y del racismo.”
A Carta das venezuelanas e
venezuelanos ao Secretário-Geral das Nações Unidas, que eu também assinei na
Embaixada da Venezuela em Luanda a 10 de Agosto de 2019 e será apresentada
antes da próxima Assembleia-Geral da ONU (file:///F:/INFORMAÇÃO/VENEZUELA/VENEZUELA%20-%20BLOQUEIO%20-%202019/Carta-de-las-venezolanas-y-los-venezolanos-al-Secretario-General-de-Naciones Unidas_compressed.pdf),
é exemplar nesse sentido:
… “Cremos na solução
pacífica dos conflitos.
Nunca fomos, não somos e nunca
seremos, ameaça para algum povo do mundo, nem pretendemos dominar, ou explorar
ninguém.
Pelo contrário, habitam em nós
milhões de irmãos de todas as partes da América e do mundo, que constituem
quase um quarto da nossa população.
Não cremos que o povo dos Estados
Unidos tivesse outorgado mandato aos seus governos para agredir e invadir outras
nações.
Estes todavia fizeram-no e
fazem-no em nome dum Destino Manifesto que representam, como predisse Simão
Bolivar, a verdadeira ameaça para a Nossa América nos últimos 150 anos, ao
inundar-nos de ditadores e de misérias em nome da liberdade!”…
O povo cubano juntou-se ao povo
venezuelano na assinatura dessa tão legítima quão lúcida, quão oportuna carta! (https://www.pacocol.org/index.php/noticias/solidaridad/9416-solidaridad-trabajadores-cubanos-suman-sus-firmas-a-11-millones-de-venezolanos).
Os africanos e os angolanos,
particularmente os antigos combatentes que assumiram a luta de libertação em
África, os membros das Associações representadas com tanta dignidade e
clarividência a 12 de Setembro de 2019 na Liga Africana de Amizade e
Solidariedade com os Povos (LAASP), devem cerrar fileiras pela trincheira comum
da civilização contra a barbárie, devendo estar com isso cada vez mais firmes
face à própria evolução da situação que por tabela afecta os estados, as nações
e os povos em África como na América Latina e Caribe!
Para todos os que se colocam
nessa trincheira de vanguarda num universo globalizado, sem dúvida que “Pátria
é Humanidade”! (http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/amigos-de-cuba-repudiam-o-embargo-contra-o-pais).
Martinho Júnior -- Luanda, 16 de
Setembro de 2019
Imagens recolhidas por Martinho
Júnior:
01- Intervenção na LAASP, a 12 de
Setembro de 2019, da Embaixadora de Cuba acreditada em Angola, Esther
Armentero;
02- Apresentação dos três oradores
que intervieram a 12 de Setembro de 2019 na LAASP: Professores Fernando Jaime,
Carlos Mondada e António Pacavira;
03- Entrega de alguns exemplares
de “Apontamentos sobre África” na Embaixada da Venezuela Bolivariana
em Luanda, no dia 8 de Maio de 2019;
04- Contra o bloqueio e as
sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela Bolivariana, “no mas Trump”,
no dia 10 de Agosto de 2019;
05- Testemunho da assinatura
da “Carta de las venezolanas y los venezolanos al Secretaria General de
Naciones Unidas”, por parte do Embaixador da Venezuela acreditado em Angola,
Marlon Labrador, no dia 21 de Agosto de 2019.
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