Advogado Aníbal Pinto também está
acusado do crime de extorsão na forma tentada. Investigação ainda está a tentar
decifrar informação pirateada.
A Procuradoria-Geral da República
(PGR) confirma que Rui Pinto está acusado de um crime de extorsão na forma
tentada, 75 de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática e 70 de violação
de correspondência, sendo sete destes agravados. A mesma entidade refere que
foi deduzida acusação por um crime de extorsão na forma tentada a um segundo
arguido, no caso Aníbal Pinto, advogado do hacker de Vila Nova de Gaia.
Em comunicado, a PGR explica que,
"a partir do início do ano de 2015 e até 16 de janeiro de 2019", Rui
Pinto "muniu-se de conhecimentos técnicos e de equipamentos adequados que
lhe permitiram aceder, de forma não autorizada, a sistemas informáticos e a
caixas de correio eletrónico de terceiros". Para o efeito, continua a PGR,
"instalou, nos seus equipamentos, diversos programas informáticos e
ferramentas digitais que lhe permitiam, de forma dissimulada e anonimizada,
entrar nos mencionados sistemas informáticos e caixas de correio de terceiros e
daí retirar conteúdos".
Na acusação agora deduzida, Rui
Pinto é descrito como o autor, em setembro de 2015, do site "Football
Leaks", "cujo conteúdo foi sendo alimentado com recurso a
documentos" retirados das caixas de email pirateadas. Recorde-se que o
"Football Leaks" divulgava informações confidenciais, designadamente
valores de transferência de jogadores e treinadores, acordos entre entidades
desportivas, cláusulas de contratos desportivos e de agenciamento de
jogadores".
Sporting, FPF, sociedade de
advogados e PGR alvo de pirataria
Segundo a PGR, o Sporting Clube
de Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol, a sociedade de advogados PLMJ e
a própria Procuradoria-Geral da República foram alvo do homem detido na
Hungria, em janeiro deste ano. Rui Pinto acedeu "a documentos destas
entidades sujeitos a segredo de justiça, segredo profissional de advogado e
segredo comercial", bem como a "computadores de responsáveis da Doyen
Sports" para, "assumindo uma identidade fictícia, entrar em contacto
com o representante legal daquele fundo de investimento dizendo que pretendia
uma quantia entre 500 mil e 1 milhão de euros para que toda a informação que
tinha na sua posse fosse eliminada de seguida".
É neste contexto que o advogado
Aníbal Pinto também é envolvido no enredo, uma vez que, para o Ministério
Público, Rui Pinto entrou em contacto com o causídico pedindo-lhe que
colaborasse nos contactos com a Doyen. Aníbal Pinto é acusado de ter
"apoiado o plano e encetado diligências no sentido da obtenção de um
acordo, o qual acabou por não acontecer".
Diligências prosseguem para
decifrar mais emails
O Ministério Público continua a
fazer diligências para conseguir aceder "a informação cifrada constante de
dispositivos apreendidos" a Rui Pinto e que foi retirada de "sistemas
informáticos e caixas de correio de muitas outras entidades, públicas e privadas".
Foi, neste sentido, determinada "a extração de certidão para
prosseguimento destas três investigações".
Rui Pinto continua em prisão
preventiva, "medida de coação que o Ministério Público entende ser de
manter", enquanto Aníbal Pinto "encontra-se sujeito a termo de
identidade e residência".
Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário