sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Portugal | Rui Pinto está acusado de 147 crimes


Advogado Aníbal Pinto também está acusado do crime de extorsão na forma tentada. Investigação ainda está a tentar decifrar informação pirateada.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma que Rui Pinto está acusado de um crime de extorsão na forma tentada, 75 de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática e 70 de violação de correspondência, sendo sete destes agravados. A mesma entidade refere que foi deduzida acusação por um crime de extorsão na forma tentada a um segundo arguido, no caso Aníbal Pinto, advogado do hacker de Vila Nova de Gaia.

Em comunicado, a PGR explica que, "a partir do início do ano de 2015 e até 16 de janeiro de 2019", Rui Pinto "muniu-se de conhecimentos técnicos e de equipamentos adequados que lhe permitiram aceder, de forma não autorizada, a sistemas informáticos e a caixas de correio eletrónico de terceiros". Para o efeito, continua a PGR, "instalou, nos seus equipamentos, diversos programas informáticos e ferramentas digitais que lhe permitiam, de forma dissimulada e anonimizada, entrar nos mencionados sistemas informáticos e caixas de correio de terceiros e daí retirar conteúdos".

Na acusação agora deduzida, Rui Pinto é descrito como o autor, em setembro de 2015, do site "Football Leaks", "cujo conteúdo foi sendo alimentado com recurso a documentos" retirados das caixas de email pirateadas. Recorde-se que o "Football Leaks" divulgava informações confidenciais, designadamente valores de transferência de jogadores e treinadores, acordos entre entidades desportivas, cláusulas de contratos desportivos e de agenciamento de jogadores".


Sporting, FPF, sociedade de advogados e PGR alvo de pirataria

Segundo a PGR, o Sporting Clube de Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol, a sociedade de advogados PLMJ e a própria Procuradoria-Geral da República foram alvo do homem detido na Hungria, em janeiro deste ano. Rui Pinto acedeu "a documentos destas entidades sujeitos a segredo de justiça, segredo profissional de advogado e segredo comercial", bem como a "computadores de responsáveis da Doyen Sports" para, "assumindo uma identidade fictícia, entrar em contacto com o representante legal daquele fundo de investimento dizendo que pretendia uma quantia entre 500 mil e 1 milhão de euros para que toda a informação que tinha na sua posse fosse eliminada de seguida".

É neste contexto que o advogado Aníbal Pinto também é envolvido no enredo, uma vez que, para o Ministério Público, Rui Pinto entrou em contacto com o causídico pedindo-lhe que colaborasse nos contactos com a Doyen. Aníbal Pinto é acusado de ter "apoiado o plano e encetado diligências no sentido da obtenção de um acordo, o qual acabou por não acontecer".

Diligências prosseguem para decifrar mais emails

O Ministério Público continua a fazer diligências para conseguir aceder "a informação cifrada constante de dispositivos apreendidos" a Rui Pinto e que foi retirada de "sistemas informáticos e caixas de correio de muitas outras entidades, públicas e privadas". Foi, neste sentido, determinada "a extração de certidão para prosseguimento destas três investigações".

Rui Pinto continua em prisão preventiva, "medida de coação que o Ministério Público entende ser de manter", enquanto Aníbal Pinto "encontra-se sujeito a termo de identidade e residência".

Jornal de Notícias

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