As mulheres de grupos sociais
desfavorecidos têm menos sete anos de esperança média de vida e os homens têm
menos 15 anos, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que
faz uma análise à região europeia.
Portugal surge como um dos
países com maior esperança média de vida, mas regista diferenças significativas
nos homens consoante o seu nível educacional. Contudo, está longe de ser o país
em que o nível educacional mais interfere na esperança de vida.
No conjunto de cerca de 30 países
da região europeia que são analisados, a esperança média de vida nas mulheres
situa-se nos 82 anos e nos homens ultrapassa os 76 anos.
Em termos globais da região
europeia, a esperança média de vida em ambos os sexos passou de 76,7 anos em
2010 para os 77,8 em 2015. "Há um largo fosso na esperança de vida entre
homens e mulheres em diferentes grupos sociais dentro do mesmo país",
regista a Organização Mundial da Saúde.
As mulheres com poucos anos de
educação morrem entre 2,3 anos e 7,4 anos mais cedo do que as mulheres com
maiores níveis de estudos. Nos homens, esse fosso consegue ainda ser
maior: entre 3,4 anos a 15,5 anos.
Nalguns países, os homens
com o ensino médio chegam a viver menos 10 anos do que os que têm ensino
superior.
A OMS frisa que a redução das
desigualdades em saúde é possível e visível mesmo num curto prazo, incluindo em
governos de dois ou quatro anos. Redução da taxa de desemprego, aumento da
proteção social e maior investimento público em saúde são algumas das políticas
macroeconómicas sugeridas.
O relatório da OMS sublinha que
muitos dos fatores que conduzem à falta de equidade em saúde não estão a ser
corretamente conduzidos pelos países da região europeia. Por exemplo, quase
30% das situações de falta de equidade estão ligadas a condições de vida
precárias, mas mais de metade os países desinvestiram em serviços comunitários
nos últimos 15 anos.
O documento estabelece mesmo os
cinco fatores que mais contribuem para o fosso nos indicadores de saúde.
À cabeça surge a proteção social
e apoio ao rendimento, contribuindo em 35% para as divergências de acesso à
saúde.
Em segundo lugar, com 29%, surgem
as condições de vida, incluindo-se o acesso a habitação condigna, alimentação
ou condições de segurança.
As relações sociais e a rede
familiar ou de apoio são também fatores que contribuem para reduzir o fosso das
desigualdades em saúde.
A OMS identifica ainda o acesso
ao próprio sistema de saúde, sublinhando níveis elevados de pagamentos que têm
de ser feitos diretamente pelos cidadãos, que forçam muitas vezes as pessoas a
escolher entre usar serviços essenciais de saúde ou outros cuidados básicos.
Por fim, surgem as condições de
trabalho, contribuindo com 7% dentro do conjunto dos cinco fatores que
interferem nas desigualdades em saúde.
Jornal de Notícias | Foto: Jon
Nazca/Reuters
Sem comentários:
Enviar um comentário