Nyusi pede ajuda da Rússia para
sair do “modelo económico deliberadamente instituído para perpetuar a
transferência de matérias-primas e capitais”
Filipe Nyusi pediu nesta
quinta-feira (24) a ajuda de Vladimir Putin para que Moçambique deixe fazer
“parte de um modelo económico deliberadamente instituído para perpetuar a
transferência de matérias-primas e capitais”. Um dos assuntos principais que o Presidente
da República levou para a primeira Cimeira Rússia-África foi a busca de novos
empréstimos comerciais para financiar a continuidade da ENH como acionista dos
projectos de gás natural na Área 1 e 4 da Bacia do Rovuma.
Com as portas dos bancos
ocidentais praticamente fechadas devido as dívidas ilegais, diante da
relutância chinesa em novos financiamentos o Presidente Nyusi deslocou-se esta
semana à Sochi para fechar com o banco VTB a renegociação do empréstimo
inconstitucional da empresa Mozambique Asset Managment (MAM) e obter novos
empréstimos que permitam a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH)
libertar-se dos parceiros ocidentais nos projectos de gás natural da Bacia do
Rovuma.
“Senhor Presidente Putin, a
pujança económica e empresarial e a acumulada experiência técnico científica da
Rússia constituem uma base sólida para promoção de parcerias mutuamente
vantajosas em diferentes campos. Em Moçambique podemos destacar os sectores de
agricultura e agro-processamento, energia e infra-estruturas, nomeadamente as
ferrovias e portos, sector da indústria e hidrocarbonetos, pescas, turismo,
transportes e comunicações, entre outros”, começou por afirmar o Chefe de
Estado moçambicano na sessão plenária da primeira Cimeira Rússia-África.
Em 2018 o volume de exportações
de Moçambique para a Rússia foi de 5,4 milhões de dólares norte-americanos, 4,1
milhões em tabaco. O nosso país gastou 79,6 milhões de dólares em importações
russa, 64,1 milhões com a compra de trigo.
Nyusi disse que “Com as empresas
russas, apoiadas pelo seu Governo, podemos explorar a elevada demanda de
serviços para acelerar a diversificação das nossas economias e o processo de
transferência de tecnologias”.
“Queremos que os nossos recursos
sirvam efectivamente as nossas populações e não façamos parte de um modelo
económico deliberadamente instituído para perpetuar a transferência de
matérias-primas e capitais. Temos a consciência que não é um percurso curto e
que se faça queimando etapas”, pediu o Presidente Filipe Nyusi.
Zona industrial russa usando
portos e caminhos de ferro moçambicanos
Para além de agradecer a Putin
pelas centenas de soldados que enviou a Moçambique para combaterem o “Al
Shabaab” e pelo apoio da inteligência russa na “retumbante” vitória nas Eleições
Gerais do passado dia 15, o @Verdade apurou que Filipe Nyusi terá selado a
renegociação da dívida comercial e ilegal da empresa MAM com o VTB, que deixará
de ter Garantia Soberana do Estado.
Além disso foram dados passos
importantes as negociações de financiamento comercial das participações que a
ENH precisa de concretizar para manter-se como accionista do projecto de
exploração de gás natural na Área 1 da Bacia do Rovuma, agora liderado pela
Total, e terá de realizar no próximo ano quando for tomada a Decisão Final de
Investimento no projecto onshore da Área 4 que é liderado pela ExxonMobil.
Depois das ajudas eleitorais e
militar o interesse imediato da Rússia passa pelo uso do nosso país como porta
giratória de entrada e saída comercial com a África Austral onde já não existem
barreiras comerciais. O ministro do Comércio russo, Denis Manturov, nomeou
Moçambique como um dos países onde poderá ser edificada uma zona industrial
especial, daí a presença fundamental de Carlos Mesquita na comitiva moçambicana
que não só é o actual ministro dos Transporte e Comunicações mais um importante
empresário portuário e de transportes rodoviários.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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