sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Portugal | Abriu a “lavandaria”... e amanhã há governo


Hoje é dia grande? Talvez… Dia da abertura do Parlamento. Tempos atrás dir-se-ia: “A lavandaria abriu hoje e começou a funcionar”. A ligeireza significava que era (é) por ali que existia (existe) um incessante lavar de roupa suja. A língua portuguesa é uma delícia, é gulosa, muito saborosa nas palavras que nos leva na ânsia de comunicarmos. Melhor que a língua de vaca - que é de boi tantas vezes.

O diretor da SIC assina o Curto de hoje. Quem melhor que Ricardo Costa para este exercício? Se for o caso nem o primeiro-ministro Costa, prestes a tomar posse (amanhã) se salva. Pão-pão-queijo-queijo… Mas no caso o António Costa está incólume, é transparente, é honesto… Pena que não governe mesmo como um socialista. Ai os Saraivas, os Salgados, os Insonsos, as pandilhas de “rapazes & raparigas” estavam “lixados”. Era o tal dito: “Não há pão para malucos”! Adiante, que esta conversa não interessa nadinha.

Da abertura do Curto respigámos a abertura do Parlamento. Olha que giro. Boas decisões para a maioria, os trabalhadores, o povoléu que tantas vezes esquecem… Sejam bem-vindos (aos poleiros), principalmente os deputados mais novos naquelas andanças. Todos menos o neofascista/xenófobo/racista que acha que Chega. Mas que “não Chega para nada”, como afirmou Costa PM, alegadamente socialista.

O Curto tem muita matéria que o vai interessar. Vá ler. Ficamos por aqui e até interviemos só para desopilar. Boa.

Siga para Curto e bom dia se conseguir. É difícil mas temos sempre de lutar, de fazer por que assim aconteça. Inté!

MM | PG

O CDS sentiu-se muito bem a cumprimentar o neofascista do Chega... Naturalmente.
Bom dia este é o seu Expresso Curto

Os Nove vão a São Bento

Ricardo Costa | Expresso

A abertura do Parlamento não costuma ser um tema muito interessante. É muito protocolar, já sabemos que umas quantas mãos cheias de deputados vão tomar posse no dia seguinte como membros do governo e que outros se sentarão depois nos seus lugares.

É, assim, uma espécie de dia de transição, em que a realidade formal toma conta da atualidade, posto o que a realidade propriamente dita toma conta da ocorrência. Estamos, assim, entre as eleições e a tomada de posse do governo (o mais numeroso desde 1976), marcada para amanhã na Ajuda. Mas hoje está tudo junto em São Bento.

Já houve dias destes que ficaram para a história parlamentar. O mais visível terá sido o da dupla eleição falhada de Fernando Nobre para Presidente da Assembleia; um caso menor, mas que vale a pena recordar, foi o da teimosia dos deputados do Bloco de Esquerda em 1999 que não se sentaram enquanto não lhes deram os lugares que queriam.

Só recordo este caso porque hoje vai ser um dos temas do dia. A Iniciativa Liberal não gostou do sítio onde sentaram o seu deputado, o Chega já deu para grandes confusões sobre a convivência com o CDS, o Livre vai querer mostrar que é uma força diferente e o PAN cresceu para quatro deputados.

É mesmo um Parlamento diferente, com nove forças políticas, coisa nunca vista naquelas bandas. Se contarmos com os Verdes são mesmo dez partidos. Quem ache que isto não tem relevância especial está provavelmente enganado. Apesar da enorme resistência do nosso Bloco Central (PS e PSD somam um número de votos que não tem par na Europa ocidental), o nosso sistema partidário mudou mesmo.

Hoje é o primeiro dia dessa nova realidade parlamentar e é mesmo o que não vai mudar. Amanhã muitos deputados do PS passam a ministros e a secretários de Estado. Mas o que hoje vamos ver de novo no Parlamento veio para ficar.

OUTRAS NOTÍCIAS

Tomás Correia deixou a Associação Mutualista Montepio. Ora aqui está uma daquelas notícias que parece atrasada, tantas foram as situações em que isso parecia iminente. Mas o líder histórico do Montepio e da Associação sempre disse que só sairia pelo seu pé e que ninguém o condicionaria.

A verdade é que acaba por sair antes do desejado por si, porque percebeu que a Autoridade de Supervisão de Seguros e de Fundos de Pensões (ASF) não ia avaliar positivamente o seu nome, dado estar envolvido em vários processos com o Banco de Portugal e o Ministério Público.

A Associação Mutualista Montepio tem um estatuto especial que a coloca fora da supervisão bancária, mas que, à boa maneira portuguesa, também não a colocava sob a supervisão da área seguradora. Foi preciso um esclarecimento legislativo a dizer que a ASF podia avaliar os dirigentes da mutualista.

E assim, a saída agendada de Tomás Correia foi acelerada pelo próprio, antes de receber formalmente a má notícia de que não tem idoneidade para estar à frente de uma instituição tão relevante para o setor segurador e financeiro. Caso não se lembrem, estamos em 2019. Pelos vistos, há quem ainda não perceba que o mundo da banca mudou nos últimos anos.

As escolas dos Açores foram obrigadas a lançar concursos urgentes, garante o DN em manchete da sua edição digital. A falta de professores é grande e o último recurso é recorrer à Bolsa de Emprego Público. Em anos anteriores terá havido no arquipélago educadores de infância a lecionar no segundo ciclo.

Os casos de violência nas escolas continuam. Agora, diz o JN, terá sido uma aluna a insultar e empurrar uma professora na Maia. Os casos têm-se somado nestes primeiros tempos do ano letivo, chamando a atenção para um problema sério.

Tem um cão, um gato ou um furão? A pergunta é feita pelo Público, que lembra que a partir de hoje há novas regras para os chamados animais de companhia. Para começar, terão todos que te rum chip. Mas há mais coisas e o melhor é informar-se.

O Grupo José de Mello vai perder o controlo histórico da Brisa. Segundo a manchete do Jornal de Negócios, o fundo australiano Arcus vai sair do capital e, no processo, os Mello abdicam do controlo. Os bancos já estarão a contactar investidores.

Boris Johnson quer forçar eleições antecipadas mas, como sempre, ainda não se percebeu se o Parlamento aprova a sua ideia. Os Trabalhistas estão divididos porque, apesar de sempre terem defendido ir a votos quanto antes, acham que podem estar a cair numa armadilha. Para já vão aguardar o que Bruxelas diz sobre o adiamento e logo decidem.

A exumação de Franco está concluída, encerrando um dos temas mais difíceis da sociedade espanhola. A cerimónia ocorreu sem incidentes políticos de relevo, apesar da dificuldade do tema, pondo fim a um processo longo que andou por vários tribunais e dependeu de uma decisão política final do governo socialista. Francisco Franco saiu do Vale dos Caídos, um símbolo da ditadura que perdurou todos estes anos de democracia.

O tema não fica encerrado porque se calcula que no Vale dos Caídos estejam os restos mortais de 34 mil republicanos espanhóis. Tentar, como alguns querem, que aquele passe a ser um lugar de reconciliação histórica, não vai ser coisa fácil.

Evo Morales parece ter ganho as suas quartas presidenciais. Mas a tensão na Bolívia vai continuar alta, porque a vitória (que evitou uma segunda volta por ter uma margem de 10% face ao segundo candidato) foi por uma unha negra. Os protestos são muitos e a pressão internacional para que houvesse uma segunda volta não teve efeito.

O valor de mercado da Amazon caiu ontem, numa questão de horas, uns impressionantes 80 mil milhões de dólares. A queda de 9% do valor bolsista representa uma reação negativa dos mercados aos resultados da empresa, que, sendo gigantes, caíram face ao ano anterior. O principal fator foi o aumento de custos provocado por muitas entregas no próprio dia, o que representa um grande esforço logístico.

Falta-lhe um tema para discutir ao almoço ou no fim de semana? Pois tem aqui um, que é como os livros do Tintim, vai dos 7 aos 77 anos: é verdade que as batatas fritas em azeite virgem fazem melhor à saúde que as cozidas? Ui, já vi guerras, zangas épicas ou divórcios começarem por menos.

Atento ao tema que tem varrido a internet, o Expresso ajuda a explicar a polémica que por aí anda: Se leu que as batatas fritas são mais saudáveis do que as cozidas, o melhor é consultar este artigo em nome da “saúde pública”. Tudo começou com um estudo que parecia dizer isso mesmo (vitória da batata frita em azeite), mas quando a batata cozida parecia destinada ao ostracismo eis que se percebe que a coisa, claro, não é bem assim.

Se o assunto das batatas fritas chegar ao Parlamento, já sabemos o seguinte:

o PAN vai defender a batata cozida, embora admita a frita em dias de festa, na boa tradição das comunidades vegan de Monchique;

André Ventura vai contar que ficou indisposto quando comeu batatas fritas que um cigano lhe vendeu à porta do Estádio da Luz;

João Cotrim Figueiredo levará consigo folhetos de supermercado que demonstram o superior valor da batata frita num regime de concorrência perfeita, defendendo uma flat tax imediata para as Pringle;

o Livre recordará uma tese de Rui Tavares sobre a importância da batata cozida nas migrações irlandesas e uma recensão do mesmo sobre o papel da batata frita no sincretismo cultural de Arroios. Bom tema, está visto.

Até houve lenços brancos em Alvalade, mas desta vez o Sporting ganhou e está bem posicionado na liga Europa, no segundo lugar do grupo, com 6 pontos. O F.C. Porto não fez melhor, empatou em casa com o Glasgow Rangers e também está no segundo lugar do seu grupo.

Já o Braga, fez um resultado espetacular em Istambul, vencendo o Besiktas por 1-2, estando no primeiro lugar do grupo. O Vitória de Guimarães esteve muito tempo a vencer e quase a trazer pontos de Londres, mas um golo do Arsenal aos 90 minutos inverteu o resultado para 3-2. Foi um grande jogo, mas o Vitória continua com zero pontos no grupo.

A I Liga, que esteve parada umas semanas, regressa hoje, mas a maioria dos jogos são sábado e os dos chamados grandes no domingo. Já me esquecia que o grande dos grandes, o Flamengo do Mister Jesus, também joga domingo à noite.

FRASES

Hoje vou quebrar duplamente as regras desta secção: ponho uma só frase e ainda por cima com 7 anos. Mas acho que é caso para isso, porque foi frase que salvou o Euro num período de enorme incerteza. O homem que a proferiu deixa agora o seu cargo.

“Dentro do nosso mandato, o BCE está preparado a fazer tudo o que for preciso para preservar o euro. E, acreditem em mim, vai ser o suficiente”. Mario Draghi, Presidente do BCE, Londres 2012

O QUE EU ANDO A LER

Augustus, de John Williams. O romance mais conhecido do autor americano continua a ser Stoner, que já foi muito (e bem) recomendado no Expresso Curto. Não conhecia mais nada de Williams, até que vi esta edição de Augustus em casa de um amigo. Trouxe-o emprestado e está a valer muito a leitura.

Augustus é um romance epistolar minucioso, que conta de forma inteligente e arrebatadora a vida do Imperador Augusto.

“Quando receberes esta carta, meu filho, já terás chegado a Brindisi e sabido da notícia. É como eu receava: o testamento é agora público e foste nomeado filho e herdeiro de César. (…) A tua mãe suplica-te que renuncies aos termos do testamento; podes fazê-lo sem trair o nome do teu tio, e ninguém pensará mal de ti por isso.”

A carta de Ácia para o filho Octávio, em abril de 44 a.C. não teve efeito, como se sabe, mas era um sábio aviso sobre o que o podia esperar em Roma.

Saltando agora 2060 anos, não sei se já deram por isso, mas a segunda década deste século está a acabar. Quem me chamou a atenção para a efeméride foi o site musical Pitchfork que quer já arrumar a lista das melhores canções destes 10 anos.

Há uma coisa em que a redação da Pitchfork tem razão: esta é a primeira década em que música dispôs (e dependeu) do streaming e das redes sociais em simultâneo. E isso mudou muita coisa.

A lista é reflexo desse novo mundo e é de um gosto altamente discutível, mas merece ser ouvida. Kendrick Lamar leva a medalha de ouro, a minha primeira grande canção chega no 11º lugar com Bill Callahan, embora Frank Ocean esteja bem nos primeiros lugares da tabela.

Aquela não é a minha década musical, longe disso, mas é um bom ponto de partida para que cada um faça a sua. E espero que o Blitz faça a escolha definitiva, claro.

Enquanto a década não acaba, o melhor é continuar informado. Amanhã há Expresso nas bancas e até lá estamos sempre por perto. Como dizia o outro, é ir pelos seus dedos. Boa sexta-feira.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

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