O líder comunista pediu na
quarta-feira satisfações ao ministro "das contas certas", Mário
Centeno, sobre a fuga de mais de 600 milhões de euros de IRC em virtude de
transferências das empresas multinacionais para paraísos fiscais
("offshore").
"Foi hoje notícia que mais
de 600 milhões de euros de lucros saíram do país para paraísos fiscais, sem
serem tributados. Pois? Não se ouviu, mas era importante ouvir o ministro das
contas certas explicar aos portugueses como é que isto foi possível: 600 milhões
ganhos aqui e que voaram para o estrangeiro", indignou-se Jerónimo de
Sousa.
O secretário-geral do PCP discursava
num comício noturno no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal,
pequeno de mais para albergar os interessados em ouvi-lo. Foram algumas dezenas
as pessoas que se viram impedidas de entrar no recinto por razões de segurança,
uma vez que a lotação de 597 lugares foi ultrapassada para mais de 600 espetadores do
evento CDU.
O Jornal de Negócios noticiou
hoje um estudo internacional segundo o qual, em 2016, o Estado português perdeu
630 milhões de euros em receitas de IRC, cerca de 11% do total arrecadado,
num bolo estimado de 2,9 mil milhões de euros transferidos por multinacionais para
"offshore".
"Parece que alguns acordaram
hoje para o problema. Tivesse sido aprovada a proposta que o PCP tem
apresentado [no parlamento] e que foi rejeitada por PS, PSD e CDS,
e esse dinheiro cá teria ficado para reforçar o financiamento dos serviços
públicos, para investir na saúde, para dar resposta aos problemas dos
trabalhadores e do povo", lamentou.
Segundo Jerónimo de Sousa,
"Portugal não está condenado a ficar para trás, nem a andar para
trás" e "é possível e necessário realizar outra política e
avançar".
"Podia ter-se ido mais
longe? Sim, podia, se o PS não partilhasse como o PSD e o CDS algumas
opções estruturantes que têm marcado a política de direita, nomeadamente se não
estivesse comprometido com os interesses do grande capital e se não pusesse à
frente da resposta aos problemas nacionais as regras e imposições da União
Europeia e do Euro", argumentou.
Finalmente, o líder comunista
voltou a apelar ao voto na CDU nas eleições legislativas de domingo,
atirando em todas as direções.
"A quem nunca votou na CDU,
a todos aqueles que hesitam ainda sobre o voto certo, a todos os que, tendo
votado antes noutros partidos, nos dão razão, a todos aqueles que, não estando
de acordo connosco em tudo, sabem que esta é uma força que cumpre o que diz, a
todos aqueles que nunca votaram porque pensam que o seu voto não resolve e àqueles que
sempre votaram CDU e sabem que o seu voto nunca foi traído".
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Global Imagens
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