Boletins de voto para
presidenciais de 24 de novembro já chegaram à CNE, numa altura em que o
Presidente José Mário Vaz ainda não se pronunciou sobre o pedido de demissão de
Faustino Imbali do cargo de primeiro-ministro.
A caminho das presidenciais de 24
de novembro, as autoridades guineenses receberam neste fim de semana os
boletins de voto e os restantes materiais eleitorais necessários para a
realização do pleito na data marcada.
"Com a recepção desses
materiais, quero assegurar a todos que a lógica eleitoral está garantida para
que o ato eleitoral possa decorrer", garantiu José Pedro Sambú, presidente
da Comissão Nacional Eleitoral.
"Convido todos os atores
políticos implicados no processo para juntos, de forma concertada, franca e em
observância dos princípios e valores da integridade eleitoral, fazermos do dia
24 de novembro o dia da festa da democracia", acrescentou.
Os materiais eleitorais,
produzidos em Portugal, foram entregues à CNE pelo embaixador de Portugal na
Guiné-Bissau, naquela que é a tradicional participação de Portugal em garantir
apoio logístico às eleições guineenses. António Alves de Carvalho pediu
obediência à ordem constitucional para cumprir o calendário eleitoral: "As
eleições presidenciais devem efetivamente decorrer em 24 de novembro próximo,
encerrando o ciclo eleitoral deste ano".
O diplomata português exortou
ainda os atores políticos guineenses no sentido de garantirem a transparência,
clareza e inquestionável validação do ato eleitoral.
CEDEAO a postos
O Presidente cessante da
Guiné-Bissau, José Mário Vaz, ainda não se pronunciou sobre o pedido
de demissão apresentado na sexta-feira (08.11) por Faustino Imbali, a
poucas horas de terminar o prazo dado pela CEDEAO para a demissão do Governo
nomeado pelo chefe de Estado guineense. A nomeação de Faustino, contestada pela
comunidade internacional, não se efetivou devido à resistência do Governo no
poder, liderado por Aristides Gomes, resultante das eleições legislativas de
10 de março.
Entretanto, seis chefes de Estado
dos países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO) chegam a Bissau no próximo sábado, 16 de novembro, para avaliar a
situação política no terreno, antes das eleições presidenciais do dia 24.
Os chefes de Estado do
Níger, da Nigéria, da Costa do Marfim, de Gâmbia e da Guiné-Conacri devem
reafirmar a posição da comunidade internacional de sancionar quem perturbar o
processo eleitoral em curso. A visita será antecedida de uma missão dos chefes
do Estado-Maior das Forças Armadas da CEDEAO, segundo uma fonte do ministério
dos Negócios Estrangeiros do país ouvida pela DW. A CEDEAO já fez saber, na
cimeira extraordinária de sexta-feira passada, que vai reforçar os militares da
sua força de manutenção de paz na Guiné-Bissau para garantir a segurança
ao processo eleitoral.
A campanha eleitoral em curso na
Guiné-Bissau termina a 22 de novembro e a votação está marcada para o dia 24. O
Governo guineense liderado por Aristides Gomes tem denunciado alegada tentativa
por parte dos partidos de oposição e do Presidente cessante de adiar a
votação.
A comunidade regional lembra a
José Mário Vaz que é um Presidente interino desde 23 de junho, quando terminou
o seu mandato, e que todos os seus atos devem ser validados pelo
primeiro-ministro, Aristides Gomes, a fim de lhe conferirem legalidade. A
CEDEAO acusa o Presidente cessante de violar a Constituição ao nomear Faustino
Imbali como novo primeiro-ministro à revelia das leis do país.
Jomav sem medo
O candidato às presidenciais de
24 de novembro José Mário Vaz disse este domingo (10.11) não ter medo
de ninguém e que entrega a sua cabeça "à Virgem Maria" e aos
guineenses. Falando num comício em Canchungo, localidade perto da terra
onde nasceu, em Caliquisse, José Mário Vaz acusou o atual primeiro-ministro
guineense, Aristides Gomes, natural de Canchungo, de estar a pedir à comunidade
internacional que sancione o Presidente cessante.
O político guineense disse não
ter ódio e nem querer vingar-se de ninguém, que apenas quer ficar na história
da Guiné-Bissau, daí que pede um segundo mandato para desenvolver o
país. José Mário Vaz voltou a avisar que a Guiné-Bissau "está
ameaçada" e desta vez acusou "um filho de Canchungo" (Aristides
Gomes) de ser um dos culpados pela situação.
O Presidente cessante afirmou
ainda que "os adversários já estão com medo" depois de terem dito que
era ele quem temia ir às eleições presidenciais. "As eleições deviam ser
já amanhã", preconizou José Mário Vaz, salientando o que disse ser
"grande adesão popular" à sua candidatura.
Braima Darame, Agência Lusa |
Deutsche Welle
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