segunda-feira, 18 de novembro de 2019

“Há dois tipos de tratamento oncológico: o dos que podem pagar e o dos que não podem”


PORTUGAL

Entrevista a Fátima Cardoso, presidente da ABC Global Alliance

O cancro da mama avançado é incurável. Num segundo, dentro de um consultório recebe-se uma sentença de morte: em média mais três anos de vida. Fátima Cardoso, presidente da ABC Global Alliance, é oncologista e considera que as desigualdades no acesso à saúde em Portugal “estão a aumentar assustadoramente”. Hoje é distinguida com o prémio Advanced Breast Cancer Award 2019.

Qual é o trabalho da ABC Global Alliance e porque se fixaram em Portugal?

Criámos esta Aliança para o cancro da mama avançado quando percebemos que os doentes com este tipo de tumor — cerca de um terço — se sentiam abandonados por todos os profissionais de saúde, investigadores, media e mesmo por associações de doentes. Ao mesmo tempo sentiam culpa quando o cancro ressurgia e achavam que tinham feito alguma coisa de mal durante o tratamento. Começámos, então, a lutar pelos direitos deles, nomeadamente, o acompanhamento por uma equipa especializada e multidisciplinar e o tratamento de acordo com as recomendações internacionais de alta qualidade, que também desenvolvemos. A necessidade era tão grande que surgiu um movimento de defesa destes doentes e um lóbi para a mudança de várias políticas e mitos. Em 2016 nasceu a Aliança como iniciativa da Escola Europeia de Oncologia. Cresceu e fez sentido torná-la uma entidade legal e independente como uma organização não-governamental para o desenvolvimento. Devido ao meu envolvimento aceitaram que a sede fosse em Lisboa.

Marta Gonçalves | Expresso

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