PORTUGAL
Entrevista a Fátima Cardoso,
presidente da ABC Global Alliance
O cancro da mama avançado é
incurável. Num segundo, dentro de um consultório recebe-se uma sentença de morte:
em média mais três anos de vida. Fátima Cardoso, presidente da ABC Global
Alliance, é oncologista e considera que as desigualdades no acesso à saúde em
Portugal “estão a aumentar assustadoramente”. Hoje é distinguida com o prémio
Advanced Breast Cancer Award 2019.
Qual é o trabalho da ABC Global
Alliance e porque se fixaram em Portugal?
Criámos esta Aliança para o
cancro da mama avançado quando percebemos que os doentes com este tipo de tumor
— cerca de um terço — se sentiam abandonados por todos os profissionais de
saúde, investigadores, media e mesmo por associações de doentes. Ao mesmo tempo
sentiam culpa quando o cancro ressurgia e achavam que tinham feito alguma coisa
de mal durante o tratamento. Começámos, então, a lutar pelos direitos deles, nomeadamente,
o acompanhamento por uma equipa especializada e multidisciplinar e o tratamento
de acordo com as recomendações internacionais de alta qualidade, que também
desenvolvemos. A necessidade era tão grande que surgiu um movimento de defesa
destes doentes e um lóbi para a mudança de várias políticas e mitos. Em 2016
nasceu a Aliança como iniciativa da Escola Europeia de Oncologia. Cresceu e fez
sentido torná-la uma entidade legal e independente como uma organização
não-governamental para o desenvolvimento. Devido ao meu envolvimento aceitaram
que a sede fosse em Lisboa.
Marta Gonçalves | Expresso
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