sábado, 18 de maio de 2019

Brasil | O rastro de sangue que encurrala o clã Bolsonaro


Quebra de sigilo bancário do filho Flávio revelou envolvimento de 95 no esquema de “rachadinha”. Basta menos da metade abrir a boca para investigação ligar os pontos entre família do presidente, milícias e morte de Marielle

Gil Alessi, no El País Brasil | Outras Palavras

Pouco mais de cinco meses após o nome do motorista Fabrício Queiroz vir à tona em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras citado por movimentações atípicas, o primogénito do clã Bolsonaro, o senador Flávio, que até o final do ano passado o empregava em seu gabinete na Assembleia do Rio, começou a sofrer uma profunda devassa em suas contas bancárias. O Ministério Público do Estado pediu a quebra do sigilo bancário do parlamentar por um período de dez anos (entre janeiro de 2007 e dezembro de 2018), alegando haver indícios de lavagem de dinheiro e da operação de uma organização criminosa em seu gabinete — no total, 95 pessoas terão suas contas reviradas, sendo que ao menos nove delas também atuaram em algum momento com funcionários do atual presidente, segundo informações do jornal O Globo, e duas delas são ligadas ao miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, buscado pela polícia sob acusação de ser o chefe do grupo Escritório do Crime, suspeito de ter ligação com o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A estratégia do caos encaminhado


Manlio Dinucci*

Tudo contra todos: é a imagem mediática do caos que se alarga à mancha de petróleo na costa sul do Mediterrâneo, da Líbia à Síria. Uma situação perante a qual até Washington parece impotente. Na realidade, Washington não é um aprendiz de feiticeiro incapaz de controlar as forças postas em movimento. É o centro motor de uma estratégia - a do caos - que, ao demolir Estados inteiros, provoca uma reação em cadeia de conflitos a serem utilizados de acordo com o critério antigo - “dividir para reinar”.

Tendo saído vitoriosos da Guerra Fria, em 1991, os USA autoproclamaram-se  “o único Estado com uma força, uma escala e uma influência, em todas as  dimensões - política, económica e militar - verdadeiramente global”, propondo-se “impedir que qualquer poder hostil domine uma região - Europa Ocidental, Ásia Oriental, o território da antiga União Soviética e o Sudoeste Asiático (Médio Oriente) - cujos recursos seriam suficientes para criar uma potência global”. Desde então, os EUA e a NATO sob o seu comando, fragmentaram ou demoliram com a guerra, um após outro, os Estados considerados obstáculos ao plano de domínio global - Iraque, Jugoslávia, Afeganistão, Líbia, Síria e outros - enquanto mais alguns (entre os quais o Irão e a Venezuela) ainda estão na sua mira.

Nessa mesma estratégia está incluído o golpe de Estado na Ucrânia, sob direcção USA/NATO, com o fim de provocar na Europa, uma nova Guerra Fria, a fim de isolar a Rússia e fortalecer a influência dos Estados Unidos na Europa.

Era nuclear: A humanidade está a namoriscar com a extinção


A verdade mais impressionante e assustadora sobre a era nuclear é a seguinte: as armas nucleares são capazes de destruir a civilização e a vida mais complexa do planeta, mas quase nada está a ser feito a este respeito.

David Krieger* | opinião

A Humanidade está a namoriscar com a extinção e está a sentir a "agonia das rãs". É como se a espécie humana tivesse sido colocada num caldeirão de água morna - metaforicamente em relação aos perigos nucleares e literalmente no que diz respeito à mudança climática - e parecesse estar calma dentro da água, enquanto a temperatura sobe em direcção ao ponto de ebulição. Neste artigo, concentro a minha atenção no caldeirão metafórico de aquecimento da água, a caminho da fervura, representando os perigos nucleares crescentes que são confrontados por toda a Humanidade.

Por mais perturbador que seja, não há virtualmente nenhuma vontade política da parte das nações que possuem arsenais nucleares de alterar esta situação perigosa; e, apesar das obrigações legais de negociar de boa fé, o fim da corrida armamentista nuclear e o desarmamento nuclear, não há grande esforço entre os países detentores de armas nucleares e os países sob o guarda-chuva nuclear (países da NATO) para atingir o zero nuclear. Enquanto os países sem armas nucleares negociaram o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW) e estão a diligenciar estabelecer a entrada em vigor deste Tratado, os países que possuem armas e aqueles que se abrigam sob a sua protecção nuclear, não apoiaram o novo Tratado.

Monsanto está virando o coveiro da Bayer


As notícias ruins não param desde que a empresa alemã adquiriu a fabricante americana de pesticidas. É hora de reconhecer o erro e agir, afirma o jornalista Henrik Böhme.

Basta pegar a calculadora: se cada processo envolvendo o glifosato que ainda aguarda julgamento – são 13.400 nos EUA – receber a mesma compensação por câncer que o casal Paar Alva e Alberta Pilliod – 1 bilhão de dólares para cada um – a conta total é de inacreditáveis 13 trilhões de dólares.

Uma coisa está clara desde o início: nunca a Bayer conseguirá pagar tudo isso. Seria o fim da empresa, depois de 156 anos de história e tradição.

Os coveiros têm residência no Missouri, nas proximidades de St. Louis. Até ser incorporada pela Bayer, a Monsanto era uma empresa independente, com ações negociadas em bolsa de valores. Era também uma empresa com uma fama dúbia e uma imagem péssima. Nada disso impediu Werner Baumann, que há três anos senta na cadeira de presidente na central de Leverkusen, de comprar esse abacaxi. Pela exorbitância de 59 bilhões de euros. Hoje a Bayer, na bolsa, incluindo a Monsanto, não vale mais nem 54 bilhões.

Se a França cair


A revolta francesa nasce sobretudo numa “pequena classe média” branca, que se viu afectada pelas consequências sociais da globalização.

Teresa de Sousa | Público | opinião

1. É um clássico: os franceses não fazem reformas, apenas revoluções. É também um exagero, que serve apenas para descrever a particular identidade de um país com uma História que olha como gloriosa, que se vê, em momentos de euforia, como sendo ainda o centro do universo. Que alterna cada vez mais com uma profunda “malaise”, sempre pronta a explodir numa fúria incontida que normalmente derruba governos, desfaz reformas, mas raramente despede o ocupante do Palácio do Eliseu. É esta a história da V República, moldada pela personalidade do General De Gaulle e pela sua visão do poder – “La France c’est moi” -, onde a figura do Presidente da República Francesa funciona com o centro da vida política da França em redor do qual se organiza o poder, reservando ao primeiro-ministro o custo e a impopularidade da governação, um lugar secundário que pode ser sacrificado em caso de crise económica e social. Jaques Chirac, apesar do seu estilo caloroso e afável, ainda cumpriu este figurino. Alain Juppé, o seu primeiro-ministro, foi sacrificado quando a reforma das pensões levou milhões de franceses às ruas. Lionel Jospin, primeiro-ministro socialista que governou com Chirac em coabitação, tentou enfrentá-lo sem grande resultado. Quando resolveu desafiá-lo nas presidenciais de 2002, sofreu a tremenda humilhação de não passar à segunda volta, abrindo espaço a um confronto dramático entre o Presidente e o líder da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen. O resultado mostrou ainda uma França firme perante o desafio do nacionalismo e do extremismo. A disciplina republicana funcionou em pleno dando a Chirac uma vitória de 82% dos votos e anulando qualquer ambiguidade perante a ascensão da Frente Nacional.

Futebol à portuguesa | Não há precedentes históricos que dêem esperança ao Porto


Última jornada

Jogam-se este sábado os encontros decisivos para a atribuição do título nacional: o Benfica entra na última jornada do campeonato com tudo a seu favor - está a apenas um ponto do título, defrontando em casa um descansado Santa Clara, e os números e a história estão claramente do seu lado, enquanto ao Porto somente um milagre na Luz e uma vitória caseira sobre o Sporting pode valer o bicampeonato.

Para os encarnados perderem o título seria necessário fazerem aquilo que ainda não fizeram desde a chegada de Bruno Lage ao comando técnico da equipa: sofrerem uma derrota no campeonato. Somam 17 vitórias em 18 jogos (a exceção foi o 2-2 caseiro com o Belenenses na Luz), um percurso quase limpo que permitiu uma recuperação que pouca gente esperava.

Ora, nunca na história da liga portuguesa (iniciada em 1934) um líder à entrada da última jornada perdeu o campeonato por causa de uma derrota na derradeira ronda da prova.

Futebol à portuguesa | Entre Águia e Dragão quem será o campeão?


HOJE: Santa Clara na Luz não pode ficar às escuras, a não ser que o Benfica o apague. Porto recebe o Sporting, no estádio do dragão o leão vai ficar à solta ou será caçado pelos homens do norte? Respostas só depois das 8 horas da noite se ambos os confrontos tiverem inicio pontualmente à hora prevista, 6.30 da tarde. É certo que Benfica ou Porto podem almejar justamente o título de campeão. E consegui-lo. Hoje pode ficar definido. Certezas, talvez só no final de ambos os jogos. A ver vamos. (PG)

Para uma 'Reconquista' Santa, a águia terá que ser... Clara

Benfica recebe o Santa Clara, este sábado, a partir das 18h30, num jogo que poderá valer o título.

Quando no passado dia 3 de janeiro Bruno Lage foi anunciado como sucessor de Rui Vitória no cargo de treinador da equipa principal do Benfica, grande parte dos adeptos já não acreditavam no título. Os encarnados ocupavam o quarto lugar, a sete pontos do líder FC Porto e a derrota em Portimão tinha confirmado o pior cenário: uma destroçada, incapaz, sem ideias e, sobretudo, descrente.

No entanto, quatro meses e meio depois, a transformação é total. O clube da Luz respira confiança, encanta com um futebol de classe e magia e está a um passo de conquistar o 37.º título da sua história, precisando apenas de um ponto na receção ao Santa Clara para voltar a 'pintar' o Marquês de vermelho.

Portugal | Mais do que o «lapso», importava a responsabilidade do CDS-PP


A notícia não devia ser o lapso de Nuno Melo quanto à fundação de Joe Berardo, mas antes que os «berardos» desta vida não existem desligados de interesses pelos quais os centristas dão a cara.

AbrilAbril | editorial

Em tempo de campanha eleitoral, quase tudo o que (alguns) candidatos afirmam se torna viral. Ontem, foi a vez do já conhecido «lapso» do cabeça-de-lista do CDS-PP, Nuno Melo, que trocou o nome à fundação de Joe Berardo onde foram parar mais de 350 milhões de euros do banco público para comprar títulos do BCP. 

Uma semana depois do circo mediático do madeirense na Assembleia da República, que fez corar de raiva quem diariamente luta pela sobrevivência, o assunto ainda mexe. «É natural», dirão os leitores. Pois é! Mas aproveitá-lo para branquear responsabilidades e fazer de conta que os «berardos» desta vida existem desligados de interesses pelos quais os centristas dão a cara, isso sim, devia merecer escrutínio. 

A indignação de Nuno Melo e toda a discussão em torno das comendas atribuídas ao empresário, que (agora todos parecem estar de acordo) lhe deveriam ser retiradas, não é mais do que uma tentativa de branquear o passado.

Portugal | Vilões e sistema parasita


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O significativo debate público e o comentário político sobre a "descomendarização" de Joe Berardo necessitam de alguma arrumação para nos focarmos no que é fundamental.

Berardo é um indivíduo um pouco tosco e não é filho de "boas famílias". Essa condição propicia à Direita uma oportunidade única de se mostrar indignada com vilões e malandros e de, com essa atitude, procurar esconder o que é sistémico e deve ser resolvido. Enquanto vilão que é, este senhor terá de ser punido, obrigado a pagar as dívidas e ainda ser penalizado por obrigações que não cumpriu. Mas, ele é apenas um de muitos oportunistas que ao longo de décadas se aproveitaram das práticas promíscuas e de leis feitas à medida pelo centrão de interesses que nos tem governado.

É preciso uma identificação dos negócios desastrosos e das promiscuidades entre interesses públicos e privados: quais as suas causas e consequências e de quem foram os seus responsáveis, numa perspetiva sistémica e não num exercício de tiro ao alvo. Não podem passar impunes os banqueiros pilha-galinhas, os seus amigos credores privilegiados, os falsos "empresários de sucesso" (andam por aí discretos mas não desativados) tão vergonhosamente incensados em atos políticos e na Comunicação Social.

Chelsea Manning de novo na prisão por “entrave à Justiça”


Chelsea Manning esteve presa durante sete anos por ter transmitido à Wikileaks em 2010 mais de 750 mil documentos diplomáticos e militares. Tinha sido libertada há uma semana.

Um juiz federal norte-americano ordenou o regresso à prisão da antiga analista militar Chelsea Manning, por “entrave à boa marcha da justiça” ao recusar responder a perguntas num inquérito à actividade da Wikileaks, de Julian Assange.

Manning, que já passou sete anos atrás das grades por ter transmitido uma quantidade colossal de informações militares e diplomáticas à Wikileaks em 2010, foi detida à saída de uma audiência num tribunal de Alexandria (Virginia).

O juiz Anthony Trenga disse que Manning incorre numa multa diária de 500 dólares se continuar a recusar cooperar ao fim de 30 dias de detenção, e de mil dólares por dia depois de 60 dias de detenção.

Austrália pode fazer pisca à esquerda nas eleições mais renhidas da última década

Bill Shorten
As sondagens dão uma pequena vantagem ao Partido Trabalhista, mas é possível que nenhum partido alcance a maioria. Numa Austrália cada vez menos dividida em apenas dois campos ideológicos, os pequenos grupos populistas e de extrema-direita vão ganhando apoio.

Alexandre Martins | Público

Ao fim de seis anos de uma governação de centro-direita na Austrália, marcada por divisões internas no Partido Liberal, uma economia em passo lento e políticas de imigração cada vez mais restritivas, os eleitores australianos parecem dispostos a devolver o poder ao centro-esquerda nas eleições legislativas deste sábado.

Pelo menos é essa a tendência das sondagens, ainda que a distância entre os dois maiores partidos seja tão curta que ninguém arrisca fazer apostas no jogo das certezas absolutas.
O cenário de grande incerteza pode também levar a um beco sem saída quando as previsões iniciais forem anunciadas, a partir das 20h de sábado (hora local, 11h da manhã em Portugal continental): é possível que tudo acabe num parlamento sem nenhuma maioria e com pouca vontade de fazer acordos.

E se isso acontecer, será apenas a terceira vez que em quase 120 anos que a Câmara dos Representantes australiana arranca sem uma maioria – ou do Partido Trabalhista (centro-esquerda) ou da velha coligação entre o Partido Liberal e o Partido Nacional Australiano (centro-direita).

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