segunda-feira, 26 de agosto de 2019

NATO: Doomsday Machine e guerra nuclear


        

"Parece haver um bom número de pessoas que, de bom grado, destruiriam o mundo inteiro em vez de admitir que a guerra nuclear não é uma opção e de se retirarem da situação (como fez Kruschev na crise dos mísseis cubanos) ..."

... Dez segundos para a meia noite.

Depois de ler a história de Daniel Ellsberg sobre o seu impacto na postura de guerra nuclear global, dos EUA, The Doomsday Machine, eu pensaria que o Relógio do Apocalipse, tal como está regulado pelos membros do Boletim dos Cientistas Atómicos, está a ser moderado ao estabelecer dois minutos. A situação descrita por Ellsberg é real - e não há dúvida de que é assim porque ele participou na sua criação - então, novamente, através da sua escrita, estamos, seguramente, muito mais próximos da meia noite da Humanidade do que a margem de dois minutos.

Vivi toda a minha vida sob a ameaça da aniquilação nuclear [1], assim como a maioria da população actual do mundo. Às vezes, essa ameaça assustava-me seriamente, especialmente quando criava e sustentava a minha família; outras vezes, mais recentemente, consegui afastar-me desses receios concretos. Por qualquer razão, The Doomsday Machine trouxe de volta todos aqueles medos primitivos, se bem que moral e fisicamente saudáveis. A escrita de Ellsberg é clara e contundente, não académica, mas escrita de maneira anedótica, o que aumenta a intensidade do sentimento de que as instituições, mas, principalmente, as personalidades individuais que controlam toda esta problemática, são profundamente imperfeitas. Ele não os retrata como deficientes mentais, mas qualquer um que possa conceber acções que possam destruir o mundo e, depois, agir de acordo com a continuação dessas acções, deveria ser considerado como profundamente malvado.

O livro está dividido essencialmente em três partes, embora mencionado como tendo só duas partes. A primeira parte cobre o seu trabalho na RAND Corporation, sobre a criação de cenários à volta de guerras nucleares. Dentro desse campo de acção, admite que algumas das suas recomendações, em vez de aliviar o que ele pensava ser suicida (omnicidal = extinção total da espécie humana como resultado da acção humana), na verdade, pioraram a situação. A segunda parte, descreve pormenores, relativamente desconhecidos, daquilo que foi tramado por trás da face pública da crise dos mísseis cubanos, e que, de facto, estivemos à distância do inverno nuclear, dependendo da decisão limitada de um homem.

Menciono este último aspecto porque os planeadores da guerra nuclear pensavam que, mesmo que as suas armas pudessem destruir centenas de milhões, se não biliões de vidas, restaria algo que sobraria para ser "ganho". Só anos mais tarde é que a compreensão do inverno nuclear entrou em cena, de tal forma que, não só existirá uma super matança nuclear, uma hecatombe maciça global provocada pela radiação, como também haverá uma década prolongada de temperaturas muito frias devido aos fumos na atmosfera e às poeiras das explosões.

G7 em Biarritz foi batalha vitoriosa para Macron


A forma como lidou com Trump, Irão e Amazónia na cúpula na cidade litorânea prova que o presidente francês domina as ferramentas da política. Tudo indica que a Europa ganha seu novo "homem forte", opina Barbara Wesel.

O presidente francês, Emmanuel Macron, investiu enorme trabalho preparatório e capital político para que a atual cúpula do G7 não fosse uma derrocada absoluta e um fracasso total. Ele trouxe convidados extras e colocou outros temas na pauta, a fim de quebrar o formato engessado. Acima de tudo, porém, não queria ficar pessoalmente como perdedor. E, com algum esforço, nisso ele teve sucesso.

Macron, de fato, conseguiu dar a volta no recalcitrante e atravancador presidente dos Estados Unidos em relação à política para o Irão. O que não é uma vitória pequena, pois mais uma vez Donald Trump se revelou um convidado mal-educado em Biarritz, tendo prazer em confundir imprensa e observadores, por exemplo, quanto à política comercial.

Por um lado, ele se queixou da mídia por noticiar sobre as tensões no encontro – qualquer palavra sobre as guinadas, a irresponsabilidade e as distorções trumpistas é uma palavra fora de hora. Ele se comportou simplesmente como sempre.

Brasil merece presidente que se comporte à altura do cargo, diz Macron


Presidente francês reage a postagem endossada por Bolsonaro com ofensas à sua mulher, Brigitte, e critica o comportamento do brasileiro. Também volta a acusá-lo de "não falar a verdade" sobre suas políticas ambientais.

O presidente da França, Emmanuel Macron, reagiu nesta segunda-feira (26/08) a comentários que considerou desrespeitosos sobre sua mulher, endossados em uma rede social por Jair Bolsonaro, e disse esperar que os brasileiros "tenham logo um presidente à altura do cargo".

O caso agravou os desentendimentos entre os dois chefes de Estado, que trocaram farpas nas últimas semanas tendo como pano de fundo as queimadas na Amazónia.

"Ele fez alguns comentários extraordinariamente desrespeitosos sobre a minha esposa", disse Macron em coletiva de imprensa na cidade francesa de Biarritz, onde ocorre a cúpula do G7. "O que posso dizer? É triste, é triste para ele, primeiramente, e para os brasileiros."

No sábado, Bolsonaro endossou uma postagem de um seguidor no Twitter com comentários ofensivos sobre Brigitte Macron, sugerindo que o francês teria "inveja" de Bolsonaro. A postagem trazia uma foto de Macron com sua esposa e, logo abaixo, uma de Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle, com a seguinte legenda: "Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?".

Processo às Instituições Europeias por Crimes contra a humanidade


Dois jovens advogados baseados em Paris, Juan Branco, de nacionalidade espanhola, e Omer Shatz, de nacionalidade israelita, instruíram um processo endereçado ao Tribunal Criminal Internacional contra as instituições europeias acusando-as de deliberadamente terem provocado a morte de muitas das 14.000 vítimas de naufrágio registados de 2014 a 2019 nas costas europeias do Mediterrâneo a fim de dissuadir outros potenciais emigrantes.


Pela minha parte, penso que a iniciativa dos dois jovens advogados só peca por tardia e que há muito que a União Europeia recorre a formas bárbaras – que passa pelo puro assassínio – para manter afastada uma massa imensa de gente que foge da guerra, da perseguição, da fome ou que pura e simplesmente procura o melhor para si e para os seus.

A argumentação legal que utilizam os dois jovens parece-me sólida e será incompreensível que o Tribunal Penal Internacional não venha a considerar a abertura do processo.

Trata-se de uma crescente brutalização da humanidade, que passou pela criminalização da emigração e por uma crescente insensibilidade, colaboração com o crime quando não pela sua prática.

Em artigo publicado em Julho de 2008 no jornal de Bruxelas “New Europe” opunha-me à directiva aprovada em Junho pelo Parlamento Europeu – e entrada em vigor no final do ano – que previa o encarceramento de emigrantes ilegais e fazia notar o apoio entusiástico que lhe tinha dado a extrema-direita austríaca.

Portugal | Diz-me quem (não) elogias, dir-te-ei quem és


Falam por si as recentes declarações de Rio a elogiar quem defende propostas que lembram a Troika, e de César a admitir que o PS sozinho não teria de acomodar «exigências excessivas» de outros partidos.

AbrilAbril | editorial

Joaquim Miranda Sarmento, professor e economista, foi, esta semana, bastante acarinhado por Rui Rio, líder do PSD, que o convidou para mandatário nacional da candidatura do PSD às eleições legislativas.

Fica claro como água – se não era já até aqui – quais as reais intenções de partidos como PSD, quando conhecemos as propostas do referido professor na sua obra escrita, em particular no seu livro apresentado no início do ano, A Reforma das Finanças Públicas em Portugal (que, recorde-se, foi apresentado pelo ex-presidente da República Cavaco Silva). Para «boa» governação das finanças públicas propõe ideias que poderiam ter sido escritas à mão do FMI, BCE ou Comissão Europeia.

É um reviver do Memorando de Entendimento com a Troika. A título de exemplo, propõe o regresso das 40 horas na função pública, a reposição do IVA da restauração para os 23% e ainda o pagamento obrigatório de IRS e IRC, isto é, forçando as camadas mais pobres da população a contribuir obrigatoriamente – na velha lógica anti-redistributiva.

Portugal | O Museu


Valter Hugo Mãe | Jornal de Notícias | opinião

Um Museu Salazar na casa onde o ditador nasceu não é possível que seja isento de saudosismo. Há uma atmosfera de capela na ideia impossível de apagar. Qualquer que seja o nome que se dê a este espaço, o perigoso enfoque está criado. Por mais que se destituam os conteúdos de ideologia, o gesto corrompe-se por definição. Os malfeitores devem ser lembrados pelos lugares onde mataram e onde morreram, é isso que nos ensina e nos urge lembrar.

Não é verdade que favorecer a memória de Salazar como um "filho da terra", figurão na História do país, seja só uma liberdade democrática, porque não é. É uma desfaçatez. Salazar mandou assassinar, criou campos de concentração, torturou, mentiu, falseou eleições, dispôs do país e das colónias como se fossem sua mercearia e seu jogo de soldadinhos. Por isso, o que diz respeito à saudade de Salazar não é opinião, é desfaçatez. Não é exercício democrático, é branqueamento de um regime que assassinou, torturou, mentiu e empobreceu os bolsos e os espíritos dos portugueses e de todos os povos de que os portugueses tiveram a ilusão de ser proprietários.

O museu que tinha de haver era o que se perdeu com a sede da PIDE. Aí, sim, haveria de se espanar o saudosismo. A simples ostentação daquelas portas e daquelas paredes serviria para se contar a História a partir do prisma da decência; aquele que imediatamente diz que nenhum poder se pode arrogar a perseguir os seus opositores. Ninguém nos pode voltar a diminuir na liberdade de pensamento e de expressão. Não nos podem matar.

Fátima | Bispo celebra missa com fundador de organização associada à extrema-direita


Chefe de gabinete de D. António Marto diz que não compete ao Santuário de Fátima julgar se os participantes no encontro do ICLN são mais de direita ou de esquerda. "À partida, todos têm espaço".

O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, celebrou a missa de quinta-feira, às 18.30 horas, na Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a convite do cardeal de Viena, e um dos fundadores do International Catholic Legislators Network (ICLN), Christoph Schönborn, que reservou a igreja para o efeito. Esta entidade, que promove os valores cristãos na política, realizou uma reunião reservada no Hotel da Consolata, durante quatro dias, em que participaram políticos ligados à extrema-direita.

Chefe de gabinete do bispo de Leiria-Fátima e padre, Vítor Coutinho confirmou ao JN que D. António Marto foi convidado a presidir à missa de quinta-feira. "Não tivemos qualquer indicação de que é um grupo extremista, de direita ou de esquerda, nem de quem estaria presente no encontro" do ICLN, assegurou. "Realizam-se dezenas ou centenas de encontros de organizações, em Fátima. Numa lógica de hospitalidade, acolhemos toda a gente, seja católico ou não católico."

Portugal | Sindicato lamenta "não atuação do Governo" na greve da Ryanair


O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) lamentou o que considerou ser a "não atuação do Governo" face às "ilegalidades" cometidas pela Ryanair durante a greve que chega hoje ao fim.

Em comunicado, o SNPVAC refere que, "após cinco dias de greve na Ryanair, tem a lamentar a (não) atuação do Governo de Portugal perante todas as ilegalidades cometidas pela companhia aérea irlandesa".

"Orgulhamo-nos da luta que os nossos associados travaram nestes cinco dias", aponta a nota divulgada à comunicação social, acrescentando que os tripulantes da companhia de aviação de baixo custo "demonstraram o que é ser português, ao contrário de um Governo e de um Presidente que optaram por olhar para o lado".

O sindicato diz não compreender "a ausência do Presidente da República", Marcelo Rebelo de Sousa, durante a paralisação, salientando que, "como garante da Constituição e da democracia, deveria ter tido, no mínimo, uma palavra de apoio aos tripulantes da Ryanair".

"Nestes cinco dias de greve nunca o observámos preocupado com a degradação das condições laborais dos tripulantes da Ryanair ou com as ilegalidades cometidas pela empresa, preferiu continuar de férias enquanto o país estava a perder soberania", criticam os sindicalistas.

Brasil | Amazónia, intervenções, milícias: sobram motivos para derrubar Bolsonaro


Não é normal fazer vista grossa ou desvirtuar as informações sobre as queimadas na Amazónia, colocando a economia nacional em risco diante do mundo

Jornal GGN – Não é normal um presidente da República pretender retirar um fiscal de um porto no Rio de Janeiro, em uma região reconhecidamente dominada pelas milícias. Não é normal intervir em órgãos federais que deveriam trabalhar com autonomia e independência. Não é normal fazer vista grossa ou desvirtuar as informações sobre as queimadas na Amazónia, colocando a economia nacional em risco diante do mundo. Em qualquer país civilizado, um presidente que mente dessa forma patológica seria “impeachado”. Jair Bolsonaro já deu inúmeros motivos para ser submetido a um processo de deposição.

[O GGN prepara uma série no YouTube que vai mostrar a interferência dos EUA na Lava Jato. Quer apoiar o projeto pelo interesse público? Clique aqui]

Brasil | A idiotia como arma de extermínio


A Amazónia está sendo devastada. O ódio às Universidades Públicas, aos professores e pesquisadores é reafirmado diariamente em palavras, decretos e portarias.

Gilson Caroni Filho*, do Rio de Janeiro | Correio do Brasil | opinião

Onyx Lorenzoni, que sempre foi visto pela maioria dos gaúchos como um idiota, tornou-se ministro-chefe da Casa Civil no governo protofascista de Bolsonaro. Talvez a escolha revele preocupação do chefe das milícias com a própria saúde, pois Onyx é veterinário.

Ontem foi dia de o ministro dizer que ”a Europa usa a Amazónia para confrontar os princípios do capitalismo”. Seria apenas mais uma afirmação absurda, proferida por um imbecil neste governo de sociopatas indigentes e genocidas? Não, é a reiteração do propósito de acabar com o país.
Fascismo

A Amazónia está sendo devastada. O ódio às Universidades Públicas, aos professores e pesquisadores é reafirmado diariamente em palavras, decretos e portarias. A destruição do SUS é outra meta. A volta da censura já é um fato.

Diante deste cenário, aceito de bom grado a pressão de governos estrangeiros e organismos internacionais. Não é a imagem do Brasil que está sendo destruída; é a vida de todos os brasileiros. A luta contra o fascismo tem que ser travada em todos os lugares e por todos os meios.

*Gilson Caroni Filho é sociólogo e escreve para o Correio do Brasil.

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