sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Europeus dizem a Bruxelas: nem Moscovo nem Washington


Um estudo divulgado pelo Centro Europeu de Relações Externas revela uma absoluta falta de sintonia entre a prática das instituições de Bruxelas e Estrasburgo e a opinião dos cidadãos.

esmagadora maioria dos cidadãos europeus defende a neutralidade da União Europeia no caso de deflagrarem conflitos armados entre os Estados Unidos e a Rússia ou a China. Esta não é a única matéria em que existe dissonância absoluta entre as políticas de Bruxelas e a vontade dos cidadãos, mas revela até que ponto as instâncias não-eleitas da União Europeia estão distantes da opinião dos cidadãos e, por consequência, do respeito pela democracia.

Um estudo publicado pelo Conselho Europeu de Relações Externas, um think tank com escritórios em sete capitais europeias vocacionado para o reforço do «europeísmo», não deixa dúvidas quanto às desconfianças que a maioria dos cidadãos europeus têm em relação não tanto à União mas, sobretudo, quanto às políticas que aplica em termos de posicionamento internacional, segurança, opções militares e até comércio.

Os dados provam claramente: as pessoas desejam uma coisa, Bruxelas dá-lhes outra. Isto é verdade para as relações externas, militares e de segurança, comerciais e até quanto ao comportamento da União em relação à guerra contra a Síria e as ameaças ao Irão. O estudo comprova que a tão falada empatia e fraternidade entre os europeus e os Estados Unidos da América não passa de um mito inscrito forçadamente na efabulação histórica com a colaboração dos dirigentes políticos e militares e ampliado pelos megafones mediáticos. Nada pode estar mais longe da realidade – testemunham as opiniões dos cidadãos.

O trabalho do Conselho de Relações Externas, assinado por Susi Dennison, resulta de dados obtidos junto de 60 mil eleitores de 14 países da União Europeia, entre eles os mais populosos e influentes – uma amostra que tem um significado muito relevante.

EUA «tiraram as máscaras» e estão «abertamente» do lado do terrorismo


Ao imporem sanções contra uma companhia de navegação e 5 navios por abastecerem militares russos que combatem o terrorismo na Síria, os EUA mostram claramente que apoiam os terroristas, denunciou a Rússia.

O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros lembrou, num comunicado emitido esta sexta-feira, que este pacote de sanções é o 75.º decretado contra a Federação Russa desde 2011, sublinhando, no entanto, que tal pressão «não atingiu quaisquer resultados».

«Ao impor novas sanções contra o abastecimento de combustível a militares russos na Síria, os Estados Unidos estão a tentar dificultar a eliminação completa do terrorismo no país», lê-se no texto, citado pela agência TASS.

«As máscaras caíram finalmente, já que estamos a falar de planos concretos para impedir a eliminação total dos terroristas em território sírio», acusa a diplomacia russa.

Para Trump, a mudança de regime começa em casa


A administração Trump provoca um intenso mal-estar interno. Tal como se verificou com a sua eleição e sobretudo com a base social que o elegeu, assenta sobre uma aguda fractura interna. A forma como exerce o poder lança a confusão entre os Democratas. Habituados ao partido único dividido em duas facções – a “republicana” e a “democrata” - mas unido em todos os aspectos políticos essenciais e, desse modo, incapaz de albergar qualquer “oposição” efectiva, decidiram avançar com um processo de «impeachment».


Um mês depois de vencer a eleição presidencial de 2016, Donald Trump fez um discurso na Carolina do Norte onde declarou que “cessaremos de competir para derrubar regimes estrangeiros acerca dos quais nada sabemos, com os quais não deveríamos envolver-nos”.
Ainda é um lugar comum para os analistas de política externa de esquerda, direita, centro distinguirem Trump dos seus antecessores apontando que ele não seguiu as políticas de regime de neoconservadores ou internacionalistas liberais. No fim de contas, não houve Iraque ou Líbia no turno de Trump.

É um bonito mito.

É verdade que Trump não tem nada contra ditadores que lhe escrevem cartas “bonitas”, e portanto a mudança de regime está por enquanto fora de cogitação para a Coreia do Norte. Mas Trump desenvolveu um animus específico contra Nicolas Maduro, da Venezuela, e fez o que pôde para afastá-lo do cargo. Primeiro, Trump pronunciou-se sobre a opção militar. Depois estabeleceu sanções contra o país. Finalmente, apoiou o que poderia ter sido um golpe se os conspiradores não tivessem feito disso uma balbúrdia.

Com o Irão, a política de mudança de regime tem sido ao mesmo tempo mais subtil e mais agressiva. Em vez de incentivar um golpe dentro do país, Trump tem desenvolvido uma variedade de estratégias diferentes para espremer o regime.

Primeiro, retirou-se do acordo nuclear com o Irão (passando por cima das objeções de vários dos seus principais assessores). Depois, impôs sanções cada vez mais punitivas ao país e pressionou duramente as nações que continuavam a importar energia de Teerão. Finalmente, continuou a apoiar a Arábia Saudita enquanto esta tenta desestabilizar o Irão.

Até agora, Trump não enviou soldados. Mas o objectivo da administração continua o mesmo.

Portugal | Tancos, as duas tramas. Dos traficantes de armas à vaidade dos militares


Como foi possível o roubo ao paiol militar de Tancos? Quem sabia o quê? Quem teve a ideia da "encenação da entrega das armas"? O despacho de acusação conta tudo sobre o roubo de Tancos e as suas motivações, segundo o MP. Uma história no mínimo mirabolante.

Era difícil resistir a uma tentação como esta: paióis cheios de armas, sem segurança, prontas a serem levadas. João Paulino teve a oportunidade perfeita para um traficante - de armas e droga. Ainda que não fosse um grande traficante, caiu-lhe no colo toda a informação que lhe permitiria um golpe perfeito, e, talvez, além das suas possibilidades. Ou, pelo menos, em relação ao qual não podia prever todas as consequências, e o terramoto, até político, que iria causar no país.

Para perceber como é que Paulino chegou a Tancos têm de entrar nesta história outras duas personagens. Filipe Sousa, furriel, colocado nos Paióis Nacionais de Tancos (PNT), e o seu tio Valter Abreu, conhecido por Pisca, por ter um dos olhos semifechado, consumidor de haxixe que, por sua vez, devia cerca de mil euros a Paulino de uma encomenda.

Estavam tio e sobrinho a ver televisão, passava uma notícia sobre terrorismo e Filipe atirou para o ar: "Se houvesse terrorismo em Portugal ou uma guerra, Tancos não estava preparado."

Foi o arranque de uma conversa sobre o trabalho que fazia naquela base militar. Pisca, com alguma manha, segundo o MP, puxou pelo sobrinho e este revelou-lhe tudo sobre o sistema de segurança, patrulhas, material que lá estava - de acordo com o que o próprio assumiu durante os interrogatórios no DCIAP.

Sustentam os procuradores que Filipe "falou abertamente sobre tudo: contou-lhe pormenores sobre as suas funções no Regimento de Engenharia, descreveu-lhe o número, a periodicidade e a natureza das rondas efetuadas - chegando a dizer que não tinham apoio canino".

Durante o jantar "contou-lhe ainda as fragilidades de segurança que reconhecia existir nos Paióis", bem como "o tipo de material armazenado", principalmente o que estava nos paióis 14 e 15. Apercebendo-se do interesse do tio, "descreveu ainda, em pormenor, o tipo de fechaduras que estavam colocadas nas portas desses paióis, referindo-lhe que eram velhas".

Na posse daquela informação, Pisca fez o que alguém faz quando tem necessidade: usou-a, trocando-a pelo perdão da dívida de droga que tinha com João Paulino. Também "conhecia o seu interesse pelo material militar", contam os investigadores.

O efeito ultrapassou as suas expectativas. Não só Paulino esqueceu a dívida como ainda lhe deu mais haxixe. Porque percebeu a oportunidade que lhe trazia o seu cliente. "Disse-lhe que queria fazer os paióis, querendo com isso dizer que queria assaltá-los", é dito na acusação.

Usou o seu bar, JB, em Ansião, para os primeiros encontros e conversas com os cúmplices: Baião, Pedro Marques, Hugo Santos, Gabriel Moreira, rapazes da sua confiança, por cujas mãos já passava o tráfico de droga.

A estes juntou-se também Laranginha, compadre de Paulino, padrinho da sua filha e com contactos no tráfico internacional para escoar o material. Laranginha é arguido no processo do furto das pistolas Glock da PSP, precisamente porque terá sido quem as traficou para o mercado negro. Aliás, souberam os investigadores que uma destas armas terá ido mesmo parar às mãos de João Paulino.

Segundo apurou o MP nos interrogatórios aos outros arguidos, terá sido Laranginha quem anunciou que podia contactar elementos da ETA - que viria a anunciar a sua dissolução em abril de 2018 - para lhes vender os explosivos que desviassem.

Segundo a acusação, o objetivo de João Paulino seria furtar as munições de 9mm, explosivos, granadas e lança-foguetes. Partiu daqui a tão discutida imputação de suspeita de terrorismo. Embora, conforme o DN já noticiou, uma tese que lançou dúvida nas autoridades espanholas e que as portuguesas também não conseguiram esclarecer.
Redes sociais tramam arguidos

Apesar de estarem no tráfico de armas e droga, o grupo de Paulino não se coibia de estar também presente nas redes sociais - os investigadores fizeram boa parte destas conexões através das páginas dos membros, nas quais publicavam fotos juntos, informações de perfil e demonstravam deslocações. Além do tráfico, o grupo de amigos do Bar JB jogava póquer periodicamente. E além do bar, também um restaurante em Aveiro, propriedade de outro dos acusados, Jaime Oliveira, passou também a ser ponto de encontro, por ser mais próximo de Pisca.

A boa cepa não permite lugar a dúvidas e confirma-o na degustação - curta-o


Eis o simpático e sempre útil Expresso Curto, colheita do sempre afável Ricardo Costa, das Adegas Impresa-Balsemão & Associados. O cheiro a mosto é inundante, a boa cepa não permite lugar a dúvidas e confirma-o na degustação. O palato vibra de satisfação e a mente parece que voa para recantos inimagináveis.

O frutuoso Trump personalisa o que o vasilhame contém do milionário excêntrico, aloucado, pusilâmine, robusto por empréstimo da balofice que o caracteriza e de que faz garbo. Que vão destitui-lo. Queriam? Querem? Mas não vão ter o que ensejam. Mais um mandato para a cepa há-de vir. Só depois é que talvez os ditos “Democratas” consigam colocar na cancerosa Casa Branca um dos seus. A diferença entre a seita de Trump (Republicamos) e a seita dos “Democratas” não é de monta. As moscas mudam mas o poiso da defecação mantém-se, assim como as práticas da assunção de donos do mundo e de destruidores do mesmo… Que por isso e mais até é um planeta condenado.

Na chamada Europa de Leste continuam as turras e os desaguisados. Presunção e água benta do ocidente ajuda à festarola. Esperemos que ainda não se peguem à trolha porque depois tudo poderá evoluir para a catástrofe nuclear que justificará mais rapidamente o citado planeta condenado. Certo é que os EUA estão a morar nas fronteiras da Rússia, provocando e não contribuindo nada para entendimentos. Além disso há o fascismo evolutivo daqueles países e povos ditos do leste. O que agrada aos extremistas nazis ocidentais. E esses vão pé ante pé invadindo a colmeia de Bruxelas denominada por suposta União Europeia. União?

Em Portugal temos Tancos e o armamento roubado por prato quente. Também aqui servido no Curto. A frio pairam as dúvidas justificáveis sobre Marcelo. Se teve conhecimento das manigâncias com que queriam ocultar os crimes, ou se não teve, é lá com ele. Até porque os portugueses quase nada contam sobre essas tais manigâncias e outras. Como constatamos quase sempre. Cá para nós devemos aceitar com naturalidade um diálogo do tipo: “Veja lá senhor presidente que aconteceu isto e aquilo nos paióis de Tancos.” Resposta: "Ah, não diga! Olhe, eu não sei de nada e nem ouvi o que me disse sobre esses bancos.” Não são bancos mas sim Tancos, senhor PR." Selfie: Pose de olhos tapados e um comentário: “Credo. Deste lado não se ouve nada”.

Evidentemente que se o PR Marcelo afirma que não é metido nem achado nestas berlindas militares-tanquistas, de cowboys, traficantes e ladrões. É porque oficialmente essa é a verdade a cem por cento… ou talvez mais. Confiemos. Do mesmo modo que confiamos em “coisas” de que desconfiamos.

E o PM António Costa nisto tudo? Há gente que consegue passar pelos intervalos dos pingos de chuva sem se molhar. Técnicas espantosas. Ainda o havemos de ver caminhar sobre o Tejo rumo a Cacilhas - que já não é terra de burros.

Expresso com preâmbulo longo neste Curto. Anunciamos o final da prosa. Rumem ao exposto por Ricardo Costa. Saboreiem a espuma expressiva do texto. Expressamente bem tirado. Nada melhor que depois de provar a boa cepa beber um café de fazer estalar o palato e a alma inquieta. 

Bom dia. Vá ler tudo a seguir, made in Ricardo Costa.

MM | Redação PG

Portugal | Queremos mesmo reduzir a carga fiscal?


Ricardo Paes Mamede | Diário de Notícias | opinião

A polémica sobre a evolução da carga fiscal em Portugal é um exemplo do que não deveria acontecer numa democracia madura. Os partidos de direita são incoerentes. O governo confunde mais do que elucida. O INE (Instituto Nacional de Estatística) fomenta o uso de um conceito equívoco. E a comunicação social dá eco a um debate feito em termos pouco inocentes.

Há expressões que são escolhidas a dedo para induzirem a interpretação desejada. Por exemplo, entendemos coisas diferentes se nos disserem que um mercado de trabalho é "muito regulado" ou que é "muito rígido" - mesmo que a realidade que estejam a descrever seja a mesma. Todos queremos que haja regulação nas economias, mas ninguém gosta de soluções rígidas. Por isso, quem defende mercados de trabalho liberalizados prefere usar a expressão "rigidez" e evita a palavra "regulação"; quem defende uma maior protecção dos trabalhadores nas relações laborais faz o contrário. As palavras, de facto, não são neutras.

O mesmo se passa com a expressão carga fiscal, que corresponde ao rácio das receitas de impostos e de contribuições sociais sobre o PIB.

Em muitas situações deveríamos todos celebrar o aumento daquele rácio. Tal verifica-se, por exemplo, quando o dinheiro enviado para paraísos fiscais passa a ser devidamente tributado; ou quando as actividades informais passam a fazer os descontos que devem; quando as várias formas de trabalho precário passam a estar cobertas pela protecção social, contribuindo em conformidade; ou ainda quando os salários aumentam, levando a que os rendimentos estejam sujeitos a taxas de imposto mais altas, respeitando assim o princípio da progressividade.

Portugal | Roubo de Tancos: do assalto ao paiol à acusação ao ministro


O furto de material militar em Tancos, em junho de 2017, levou, mais de um ano depois, à demissão do então ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que foi agora acusado pelo Ministério Público de prevaricação, abuso de poder, denegação de justiça e favorecimento pessoal. Estas são as respostas às principais perguntas sobre o caso.

Quantos arguidos acusou o Ministério Público no caso Tancos?

O MP deduziu acusação contra 23 arguidos, no âmbito do furto e recuperação das armas de Tancos.

Estão acusados de que crimes?

Segundo comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) enviado às redações, nove dos 23 arguidos, suspeitos de terem planeado e executado o furto do material militar, estão acusados por crimes de terrorismo (com referência ao crime de furto), de tráfico e mediação de armas, de associação criminosa e tráfico de estupefacientes.

O crime de terrorismo é imputado pelo MP a Valter Abreu, Filipe Sousa, António José dos Santos Laranginha, João Pais, Fernando Santos, Pedro Marques, Gabriel Moreira, Hugo Santos e João Paulino.

Destes nove acusados do crime de terrorismo, oito estão em prisão preventiva.

Os restantes 14 - em que se incluem o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, oex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), Coronel Luís Vieira, o ex-coordenador da Investigação criminal da PJM, Major Vasco Brazão, militares da PJM (Major Roberto Pinto da Costa, Sargento-chefe José Carlos Costa, Sargento Mário Lage Carvalho) e da GNR (Coronel Taciano Teixeira, Coronel Amândio Marques, Tenente-Coronel Luís Sequeira, Guarda Bruno Ataíde, Sargento Caetano Lima Santos e Guarda José Gonçalves), e um técnico do laboratório da PJM (Nuno Reboleira) - são suspeitos da encenação que esteve na base da recuperação de grande parte do material.

Estão acusados pelos crimes de favorecimento pessoal, denegação de justiça e prevaricação, sendo que alguns estão também acusados por crimes de falsificação de documento, tráfico e mediação de armas, e associação criminosa. No caso do ministro, está ainda acusado de abuso de poder, tendo-lhe sido aplicada a proibição do exercício de funções.

Paulo Lemos, conhecido por "Fechaduras", foi ilibado pelo Ministério Público, por ter prestado informações sobre o furto e a recuperação das armas de Tancos a uma procuradora do Porto. Segundo o despacho do MP, o arguido mostrou "arrependimento" e teve a idoneidade de explicar o que se tinha passado, "para evitar que os crimes viessem a ser consumados".

Também Fernando Guimarães segue o mesmo caminho que Paulo Lemos, com o Ministério Público a salientar que não existem indícios suficientes para sustentar uma acusação.

Paulo Macedo diz que tardará uma década até banca ser perdoada pelas “asneiras”


Numa conferência organizada pela sociedade de Advogados Sérvulo & Associados, em Lisboa, no painel de debate dedicado ao futuro da banca, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD) citou o governador do Banco de Inglaterra para considerar que a inovação é importante na banca mas também a resiliência.

“A banca tem de ser muito resiliente para as asneiras que já fez e, até ser perdoada, vai ser para aí uma década”, disse Paulo Macedo, considerando que essa estimativa de tempo é se “tudo correr bem”.

 O presidente do BCP, Miguel Maia, considerou a “banca tem imensa responsabilidade naquilo que é a reputação” e defendeu que “não só do passado” mas também hoje, referindo que basta abrir o Financial Times para ler ainda hoje notícias de escândalos financeiros em grandes bancos.

“É tempo de fazermos as coisas de forma diferente, estou mais otimista, estamos a passar um período difícil na banca, mas temos todas as condições para afirmar a confiança com os clientes”, afirmou, considerando que a banca conseguirá ganhar valor se “aproveitar este momento para ter proximidade às pessoas”, aos clientes.

Dinheiro Vivo | Foto: Orlando Almeida / Global Imagens

Sobre iPhone11, tecnologia e “fim do trabalho”


Relatório da OIT joga novas luzes sobre a automação. Não é o trabalho que declina, mas extração de mais valia e desigualdade que disparam. Subcontratados da Apple são 25 vezes mais explorados que tecelões ingleses do século XIX

Vijay Prashad, do Tricontinental Institute | Outras Palavras | Tradução: Simone Paz

Um relatório recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra: há agora 3,5 biliões de trabalhadores no mundo. Nunca o número foi tão vasto. A conversa sobre “o fim dos trabalhadores” é prematura, quando confrontada com o peso desses dados.

A OIT reporta que a maior parte desses 3,5 biliões de trabalhadores “enfrentam ausência de bem-estar material, segurança económica, igualdade de oportunidades ou possibilidade de desenvolvimento humano. Estar empregado nem sempre garante uma vida decente. Muitos trabalhadores precisam aceitar trabalhos pouco atraentes, normalmente informais (é o chamado trabalho flexível) e caracterizados por baixa remuneração, além da acesso escasso ou inexistente a proteção social e direitos trabalhistas”. Embora metade da força de trabalho mundial seja composta por empregados assalariados, dois milhões de trabalhadores (61% do total) estão no setor informal.

O relatório da OIT mostra que o número de trabalhadores pobres diminuiu, em grande parte graças ao abrangente impacto da China. Há controvérsias nos dados relacionados à pobreza, já que se desconfia da honestidade das estatísticas apresentadas por muitos governos. Ainda assim, os dados comprovam que mesmo com os rendimentos dos pobres aumentando, estes ainda não cresceram o suficiente para tirá-los de fato da pobreza. Jason Hickel e Huzaifa Zoomkawala expõem como houve poucos ganhos para a parte mais pobre da humanidade nas últimas décadas. “No interior do 60% mais pobre da humanidade, o cidadão comum viu sua renda anual crescer somente 1.200 dólares… ao longo de 36 anos”, escreve Hickel. Está longe de ser digno de celebração.

Putin pede para Europa e Ásia não instalarem mísseis de curto e médio alcance


Kremlin confirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou proposta de introdução de moratória de instalação de mísseis de curto e médio alcance na Europa e Ásia.

O pedido de Putin foi enviado ao secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, à chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, bem como a líderes de vários países, incluindo membros da OTAN e sucede a rescisão do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, ou simplesmente Tratado INF.

Nesta quinta-feira (26), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou o envio da solicitação. Além disso, o Ministério da Defesa da Rússia declarou anteriormente que "a Rússia não testou e não possui mísseis de médio e curto alcance no arsenal, ao contrário dos EUA", e também "não planeia instalar tais mísseis na Europa ou em outras regiões do mundo até que mísseis de fabricação norte-americana sejam instalados".

Trump pressionou Ucrânia e tentou encobrir conversa, diz informante


Agente responsável por denúncia que fundamentou pedido de impeachment diz que membros da Casa Branca tentaram esconder transcrição da conversa entre Trump e líder ucraniano quando se deram conta da gravidade do conteúdo.

Uma carta elaborada por um agente dos serviços de inteligência americanos divulgada nesta quinta-feira (26/09) adicionou mais elementos explosivos para o escândalo que envolve uma ligação de Donald Trump ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

No documento, o informante não apenas aponta que Trump usou seu poder para pressionar Zelensky a investigar um rival democrata, como também acusa altos funcionários da Casa Branca de agirem para esconder o conteúdo da ligação.

Segundo a denúncia, os funcionários da Casa Branca se deram conta do potencial comprometedor da transcrição da ligação e ordenaram que o conteúdo não fosse armazenado no servidor padrão para esse tipo de material. Em vez disso, a transcrição acabou sendo salva em um sistema separado, reservado para informações de acesso restrito.

A carta, com data de 12 de agosto, foi divulgada pouco antes de uma audiência com o diretor de Inteligência Nacional, Joseph Maguire, no Congresso americano.

No documento, o agente, que não é identificado, afirma que não testemunhou a maioria desses atos, mas que ouviu relatos de várias fontes da comunidade de inteligência, que tem como procedimento padrão monitorar as ligações dos presidentes americanos para líderes estrangeiros e elaborar transcrições. Segundo a carta, pelo menos 12 agentes ouviram a ligação.

O informante afirma ainda temer que as ações de Trump "configurem riscos para a segurança nacional dos EUA e para os esforços para barrar a interferência estrangeira nas eleições do país".

"Vigilância massiva, registo permanente", de Edward Snowden


Jorge Figueiredo

Edward Snowden é o Daniel Ellsberg da nossa época. O analista da Rand que teve a coragem de revelar os "Pentagon Papers" (1971) com o relato dos crimes praticados pelo imperialismo no Vietname é um digno antecessor de Snowden. Ambos caracterizam-se pelo eticismo. Fizeram-no abandonando carreiras confortáveis e assumindo riscos enormes.

O livro "Vigilância Massiva, Registo Permanente", [1] de Snowden, agora lançado em Portugal, é uma auto-biografia intelectual e política. Ela revela a evolução de um homem, extremamente talentoso do ponto de vista técnico e cuja origem social radica nas camadas médias que trabalham para o aparelho de Estado americano. Ele ingressou aos 22 anos na chamada "Comunidade da Informação" (CI) motivado sobretudo pelos sentimentos patrióticos em que acreditava.

Snowden trabalhou para a Central Intelligence Agency (CIA) e para a National Security Agency (NSA), muitas vezes através dos empreiteiros que as serviam. Começou a sua carreira como um jovem técnico desejoso de colaborar para a construção de "um mundo melhor". Acreditava nisso sinceramente e, graças ao seu enorme talento técnico, em apenas sete anos atingiu os mais altos níveis de responsabilidade operacional no aparelho mundial da CI, com acesso às mais classificadas informações.

Pode-se perguntar. O que motivou um homem assim a tornar-se um denunciante? Ele explica. Nos seus primeiros tempos de actuação trabalhou em actividades técnicas específicas do sistema de vigilância mundial do aparelho de espionagem americano. Tinha a ambição intelectual de ver o todo do sistema, no seu conjunto. Mas como as actividades da espionagem são compartimentadas, isso só ia se tornando possível à medida em que subia nos escalões hierárquicos da CIA.

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