sábado, 23 de novembro de 2019

China - EUA e a geopolítica do lítio



Por vários anos, desde o impulso global para o desenvolvimento de veículos elétricos em grande escala, o elemento Lithium passou a se concentrar como um metal estratégico. Atualmente, a demanda é enorme na China, na UE e nos EUA, e garantir o controle do suprimento de lítio já está desenvolvendo sua própria geopolítica, não muito diferente da do controle do petróleo. 

China muda para fontes seguras

Para a China, que estabeleceu metas importantes para se tornar o maior produtor mundial de veículos elétricos, o desenvolvimento de materiais para baterias de lítio é uma prioridade para o período do 13º Plano Quinquenal (2016-20). Embora a China tenha suas próprias reservas de lítio, a recuperação é limitada e a China passou a garantir direitos de mineração de lítio no exterior.

Na Austrália, a empresa chinesa Talison Lithium, controlada pela Tianqi, explora e possui as maiores e mais altas reservas de espodumênio do mundo em Greenbushes, Austrália Ocidental, perto de Perth.

A Talison Lithium Inc. é o maior produtor de lítio primário do mundo. Seu site Greenbushes na Austrália produz hoje cerca de 75% das demandas de lítio da China e cerca de quarenta por cento da demanda mundial . Isso, assim como outras matérias-primas vitais da Austrália, estabeleceu relações com a Austrália, tradicionalmente uma empresa aliada dos EUA, de importância estratégica para Pequim. Além disso, a China se tornou o maior parceiro comercial da Austrália.

No entanto, a crescente influência econômica da China no Pacífico em torno da Austrália levou o Primeiro Ministro Scott Morrison a enviar uma mensagem de aviso à China para não desafiar a região estratégica do quintal da Austrália . No final de 2017, a Austrália, com crescente preocupação com a expansão da influência chinesa na região, retomou a cooperação informal no que às vezes é chamado de Quad, com EUA, Índia e Japão, revivendo uma tentativa anterior de verificar a influência chinesa no Pacífico Sul. A Austrália também intensificou recentemente os empréstimos a países estratégicos das ilhas do Pacífico para combater os empréstimos da China . Tudo isso claramente torna imperativo que a China se torne global em outros sites para garantir seu lítio, a fim de se tornar o ator-chave na economia emergente de veículos elétricos na próxima década.

À medida que o desenvolvimento de veículos elétricos se tornava prioridade no planejamento econômico chinês, a busca por lítio seguro se voltou para o Chile, outra fonte importante de lítio. Lá, a Tianqi da China acumula grande parte da SociedadQuimica Y Minera (SQM) do Chile, um dos maiores produtores mundiais de lítio. Se o Tianqi da China conseguir obter o controle do SQM, isso mudará a geopolítica do controle mundial de lítio, de acordo com relatórios da indústria de mineração .

O suprimento global de metais de lítio, um componente estratégico das baterias de íons de lítio usadas para alimentar veículos elétricos (VEs), está concentrado em muito poucos países.

Para dar uma idéia da demanda potencial de lítio, a bateria do Modelo S da Tesla requer 63 kg de carbonato de lítio, suficiente para alimentar aproximadamente 10.000 baterias de telefones celulares. Em um relatório recente, o banco Goldman Sachs chamou o carbonato de lítio de nova gasolina. Apenas um aumento de 1% na produção de veículos elétricos pode aumentar a demanda de lítio em mais de 40% da produção global atual, de acordo com o Goldman Sachs. Com muitos governos exigindo menor emissão de CO2, a indústria automobilística global está expandindo maciçamente os planos de veículos elétricos na próxima década, o que tornará o lítio potencialmente tão estratégico quanto o petróleo hoje.

A Itália na coligação “antiterrorismo”


Manlio Dinucci*

A Coligação Antiterrorista reuniu-se em 14 de Novembro de 2019 em Washington, a pedido expresso da França, ultrapassada pela reviravolta dos EUA na Síria. Essa reunião não mudou nada no jogo dos Estados Unidos e dos seus aliados, mas permitiu ao Secretário de Estado Mike Pompeo colocar, novamente, os franceses no seu lugar como simples executantes. É também uma oportunidade para Manlio Dinucci fazer um balanço sobre as proezas desta coligação.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio, acolhendo em Roma, os cinco soldados feridos no Iraque, declarou que “o Estado italiano nunca recuará um centímetro diante da ameaça terrorista e reagirá com toda a sua força diante dos que semeiam terror”. Voou, então, para Washington, a fim de participar na reunião de grupo restrito da “Coligação Global contra o Daesh”, do qual fazem parte, sob orientação USA, a Turquia, a Arábia Saudita, o Catar, a Jordânia e outros países que apoiaram o Daesh/ISIS e formações terroristas análogas, fornecendo-lhes armas e treino de combate (conforme documentamos neste jornal).

A Coligação - que inclui a NATO, a União Europeia, a Liga Árabe, a Comunidade dos Estados do Sahel/Sahara e a Interpol, mais 76 Estados individuais - afirma no seu comunicado de 14 de Novembro, “ter libertado o Iraque e o nordeste da Síria” do controlo do Daesh/ISIS», embora seja evidente que as forças da Coligação deixaram, deliberadamente, a mão livre ao Daesh/ISIS [1].

Esta e outras formações terroristas foram derrotadas apenas, quando a Rússia interveio militarmente em apoio às forças do governo sírio.

RU | Jeremy Corbyn aposta no pós-capitalismo


Esquerda inglesa propõe revolução de serviços públicos. Radicaliza agenda ambiental, associando-a à garantia de ocupação para todos. E joga a conta sobre os muito ricos, desafiando a direita a mostrar quem é de fato anti-establishment

Antonio Martins | Outras Palavras

Em época especialmente áspera, quando o neoliberalismo teima em não sair de cena e emerge, ao mesmo tempo, uma ultradireita pronta para capturar o sentimento anti-establishment das maiorias – que espaço resta à esquerda? Fazer concessões à aristocracia financeira? Assumir a defesa da ordem burguesa, ameaçada pelos protofascistas? Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista britânico e personagem incomum na política institucional, acaba de colocar na mesa uma saída audaciosa, que nega as alternativas anteriores. O manifesto que ele lançou hoje (21/11), e com o qual concorrerá às eleições de 12/12, reconhece a indignação das multidões, diante de um sistema que as amedronta e as despossui, e de uma “democracia” que já não lhes dá voz alguma.

Mas em vez de atiçar seu ressentimento, em falatório hipócrita contra o sistema, acena com uma enorme transformação social e ambiental. Quer financiá-lo por meio de uma reforma tributária de dimensões históricas e de uma visão heterodoxa sobre finanças públicas. Corbyn tem apenas três semanas para descontar os cerca de 15 pontos percentuais de vantagem que as pesquisas dão a seu rival conservador, Boris Johnson – uma espécie de Donald Trump inglês. Tem contra si o poder econômico e a mídia. Nestas condições, uma eventual virada – difícil, mas não impossível – terá imensa repercussão internacional e abrirá novos horizontes para os que defendem e constroem lógicas pós-capitalistas.

Brasil | Por que Bolsonaro e os filhos vivem com medo?


Bolsonaro e os três filhos formam a família mais poderosa e mais atormentada do Brasil. A mais acossada desde o Império. Não há filhos mais assombrados por sombras e medos do que os três filhos de Bolsonaro

Bolsonaro e os três filhos formam a família mais poderosa e mais atormentada do Brasil. A mais acossada desde o Império. Bolsonaro simula que manda em quem quiser mandar, mas desconfia do porteiro do condomínio e teme os arquivos do major Olímpio, do delegado Waldir, de Bebianno e de Joice Hasselmann.

Os filhos de Bolsonaro desconfiam de todos que dizem confiar neles. Não há filhos mais assombrados por sombras e medos do que os três filhos de Bolsonaro.

Eles temem traições entre os milicianos. Desconfiam do Queiroz, dos parentes do Queiroz, dos laranjas insatisfeitos com a partilha das rachadinhas, dos robôs das fake news.

Os Bolsonaros desconfiam do vice Hamilton Mourão. Não podem confiar em Rodrigo Maia. Bolsonaro abandonou o próprio partido por desconfiar dos gestores do cofre. E desconfia de Witzel.

Tudo do entorno dos Bolsonaros gera desconfiança. Bolsonaro sempre soube que os grandes empresários não confiam nele, muito menos os banqueiros. Os investidores estrangeiros sabem que ele não sabe de nada.

Resistência anti-golpista e anti-neofascista no Brasil fará um encontro em Lisboa - TV247


Olá pessoal,

A TV 247, canal da mídia alternativa brasileira que mais cresce no Youtube e que desde a primeira hora se posicionou como uma das principais vozes da  resistência anti-golpista e anti-neofascista no Brasil fará um encontro em Lisboa no próximo dia 30 de Novembro para dar uma pincelada sobre a atual situação preocupante que se vive naquele país e na região. Divulguem o evento a potenciais interessados em participar.

Alberto Castro, Londres | Colunista e correspondente internacional

Milhões manifestam-se nas ruas contra o presidente da Colômbia


No âmbito da greve geral e das manifestações que estão a ocorrer na Colômbia desde o dia 21 de Novembro registam-se agora dezenas de prisões. A Colômbia junta-se ao Chile e à Bolívia nos protestos sociais contra o neoliberalismo e o fascismo.

Segundo dados e informações prestados aos órgãos de comunicação social por Diogenes Orjuela da Central Unitária de Trabalhadores foram mobilizados mais de 1000 municípios da Colômbia e em algumas cidades reuniram-se dois milhões de pessoas.

Enquanto o povo se manifesta por melhorias sociais e económicas o Esquadrão de Polícia Móvel da Polícia Nacional afasta os manifestantes com gás lacrimogéneo, há violência e prisões na cidade de Bogotá, entre outras.

O presidente da Colômbia, Duque Márquez, está no poder apenas desde Agosto de 2018 mas já está a ser fortemente contestado pelas forças vivas da sociedade, onde se incluem estudantes, sindicalistas e indígenas, a reivindicar mais saúde e educação, o fim da corrupção nas universidades e o fim da violação dos direitos humanos contra líderes da comunidade indígena.


Leia em Jornal Tornado

Portugal | "Vem aí o diabo!" - Passos Coelho avisou. Afinal ele até sabia...


Ainda na qualidade de deputado Passos Coelho avisou. Alguns dias antes de abandonar o seu desempenho de deputado, exclamou: "vem aí o diabo!". Depois foi à sua vida académica e afastou-se da cena política (que se saiba). António Costa já era o primeiro-ministro. Estava a iniciar-se a chamada "Geringonça".

As boas relações de Passos com André Ventura decerto permitiram a antevisão distante no tempo do caminho que Ventura tomaria quando ainda era vereador pelo PSD, em Odivelas. Demitiu-se do PSD e criou o Chega, neofascista e  declaradamente racista e xenófobo lá mais para a frente no tempo. O tempo o dirá, já que Passos nada mais disse das suas relações com esse tal diabo.

Certo é que o diabo está entre nós. Ativo, sempre oportunista, insistentemente populista e até eleito deputado. Inacreditável. Isso mesmo refere no JN a jornalista Inês Cardoso, em artigo de opinião que transportámos para o PG. Leia a seguir em O diabo entre nós .

PG

Portugal | O diabo entre nós


Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Numa democracia com a memória da polícia política muito presente e o receio de um Estado autoritário à flor da pele, as forças de segurança têm sido, ao longo dos anos, pouco representadas no discurso político.

Na base da manifestação desta semana estão reivindicações legítimas. Com equipamento obsoleto e condições salariais que não acompanham o risco da profissão, os polícias atingiram um limite perigoso de descontentamento. Perante a falta de resposta dos partidos e dos sindicatos, abre-se a porta à influência e captura por grupos sem rosto, como o Movimento Zero.

Se na canalização desse descontentamento para as ruas houve um movimento inorgânico que se sobrepôs aos sindicatos, na meta quem capitalizou foi o deputado do Chega. A sua intervenção está carregada de falácias, fazendo uma confusão propositada entre os partidos de Esquerda na luta sindical e o contexto do seu discurso frente ao Parlamento. Um discurso que ignora as particularidades de uma classe com limitações e responsabilidades especiais no direito de manifestação e que a organização nunca deveria ter permitido.

Portugal | Quinta a fundo


Henrique Monteiro, em HenriCartoon

Hong Kong | Eleições locais de domingo realizam-se sob a forma de 'referendo'


Hong Kong, China, 23 nov 2019 (Lusa) - Os cidadãos de Hong Kong vão às urnas este domingo eleger representantes distritais, em eleições que se esperam sob forte aparato policial com o valor de um 'referendo', numa cidade dividida após cinco meses de protestos.

Cerca de quatro milhões de eleitores, mais de metade da população, são chamados a votar nos mais de 400 membros do conselho distrital, num escrutínio que geralmente passa despercebido, mas que este ano ganhou renovada importância no contexto do movimento pró-democracia.

Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim obteve 298 dos 431 assentos, enquanto o campo pró-democracia obteve 126 e os independentes sete.

Este ano, apesar do proeminente ativista Joshua Wong ter sido impedido de concorrer, uma decisão que o próprio descreveu como "censura política", não faltam candidatos do campo pró-democracia.

Hong Kong-Macau | Região em período de teste para fórmula 'um país, dois sistemas'


Pequim, 23 nov 2019 (Lusa) -- Macau celebra em dezembro 20 anos da aplicação no território da fórmula de governo de Pequim 'um país, dois sistemas", um modelo que confere autonomia administrativa e que é hoje posto em causa por causa de Hong Kong.

A fórmula 'um país, dois sistemas', que garante "alto grau de autonomia" a Macau e Hong Kong, foi originalmente proposta pelo líder chinês Deng Xiaoping, no final dos anos 1970, como solução para reunificar Taiwan.

Taipé, no entanto, continua a operar como entidade política soberana. Em Hong Kong, uma das maiores crises políticas de sempre ameaça a autonomia do judiciário local. Resta Macau como exemplo de sucesso.

No final do século XX, os três territórios, historicamente chineses, permaneciam fora do controlo do Partido Comunista Chinês, que tomou o poder no continente, em 1949, após uma longa guerra contra o Governo nacionalista, que se refugiou em Taiwan.

Segundo a fórmula de Deng, Taipé poderia manter uma administração própria, o modo de vida capitalista e até o seu exército, desde que reconhecesse o governo comunista em Pequim como o único legítimo em toda a China.

Taiwan recusou e tornou-se, entretanto, uma democracia, onde o seu povo se identifica cada vez mais com a condição de "taiwanês", por oposição a uma identidade comum com os chineses do continente.

Mas, reconhecendo que a imposição em Macau e Hong Kong do sistema político chinês, após a transferência da soberania por Portugal e Reino Unido, respetivamente, entraria em choque com as sociedades e sistemas económicos locais, a China recorreu à fórmula 'um país, dois sistemas'.

Único deputado português na Assembleia Legislativa de Macau denuncia atos de censura


José Pereira Coutinho é o único português na Assembleia Legislativa de Macau e falou da censura na Assembleia, a descriminação face a associações africanas e o medo de Hong Kong.

O único deputado português na Assembleia Legislativa (AL) de Macau denunciou à Lusa atos de censura às suas intervenções no plenário, com a última tentativa a visar um parágrafo no qual abordava “escândalos de corrupção”.

“Na semana passada, na intervenção antes da ordem do dia, quiseram censurar a minha intervenção na AL”, acusou José Pereira Coutinho, em entrevista, referindo-se aos serviços da assembleia.

Em causa está o seguinte parágrafo: “Decorridos quase vinte anos após o estabelecimento da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau], não podemos deixar de lamentar a incapacidade e falta de coragem do Governo de apresentar propostas de leis relativas à aquisição de bens e serviços, concursos de empreitadas e construções que têm sido foco dos maiores escândalos de corrupção nos últimos tempos”.

Tal como acontece com as perguntas que são dirigidas ao chefe do Executivo, as intervenções em plenário têm de ser remetidas com antecedência. As primeiras uma semana antes, as segundas com um mínimo de 48 horas “com o argumento de que precisam de ser traduzidas”, explicou o deputado, na Al desde 2005. “O que acontece é que eles recebem as nossas intervenções antes da ordem do dia com 48 horas de antecedência, depois ligam-me, para pedir para cortar determinado parágrafo inteiro”, acusou aquele que é também conselheiro das comunidades portuguesas e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau.

O deputado afirmou que os pedidos são realizados pelos serviços da AL, em que seja adiantada qualquer justificação. “Mas da minha parte sempre recusei”, salientou, destacando que “sempre que se toca em questões como a corrupção, como a situação do chefe do Executivo ou qualquer outro assunto de melindre, é-lhes inconveniente e pedem”.

Esta situação já foi vivida no passado com mais gravidade, nomeadamente em 2018, já que depois da recusa do deputado em eliminar o parágrafo, a versão chinesa do texto surgia sem conter a frase em questão, de acordo com Pereira Coutinho. “O que tem ocorrido no passado, uma ou outra vez, sem repetição, é que a versão chinesa está censurada, não obstante [manter-se] a minha versão portuguesa. Mas depois de eu ter chamado a atenção, deixaram de fazer isso”, ressalvou.

“Nunca senti quaisquer constrangimentos ou pressões ou ameaças nos últimos 20 anos em Macau. Sempre tive margem de manobra para fazer tudo”, ressalvou, contudo, o único deputado de nacionalidade portuguesa na AL. “Mas (…) por interpostas pessoas já me convenceram a refrear-me um bocadinho em determinados assuntos. Mas eu acho isso muito natural. Isto acontece também em Portugal, nos Estados Unidos, em qualquer país ocidental”, referiu. A agência Lusa pediu na quinta-feira, por email, uma reação ao presidente da AL de Macau, sem que tenha obtido resposta até ao momento.

Acesso a informação e fontes em Timor-Leste é grande desafio -- embaixador da UE


Díli, 23 nov 2019 (Lusa) -- O embaixador da União Europeia em Díli disse hoje que o acesso a informação e a fontes em Timor-Leste é um dos maiores desafios dos jornalistas, condicionando a sua capacidade de contribuir para o controlo das finanças públicas.

"A constituição aponta o direito à informação como um dos pilares do Estado. Mas continua a ser um desafio importante o acesso às fontes", disse Andrew Jacobs, no encerramento de uma formação de jornalistas.

"Transparência e direito à informação são pré-requisitos muito importantes para as auditorias sociais e é necessário um regime eficaz de transparência, divulgação proativa, obrigatória e partilha de todos os documentos relacionados com desenvolvimento e gastos públicos", afirmou.

Cerca de 20 jornalistas timorenses concluíram hoje um atelier de jornalismo em assuntos económico-financeiros, organizado no âmbito de esforços de melhoria da capacidade de controlo das finanças públicas em Timor-Leste.

Jacobs destacou a importância da formação para ajudar a fortalecer a capacidade de "supervisão pública da gestão financeira do Estado", defendendo mais ações em conjunto com a sociedade civil para trabalhar na erradicação da corrupção.

"Meios de comunicação social são fóruns onde será discutida a eficácia, transparência e legalidade de políticas de finanças publicas do país", disse, renovando o compromisso da UE em apoiar parceiros estatais e não estatais.

PR timorense condecora jornalista Max Stahl e pede que lhe seja conferida a nacionalidade


Díli, 22 nov 2019 (Lusa) - O Presidente da República timorense condecorou hoje o jornalista britânico Max Stahl, destacando a sua nobreza e coragem em defesa do direito à autodeterminação, e defendeu que lhe seja concedida a cidadania de Timor-Leste.

"Alguém que, com tanta nobreza, arriscou a sua vida em horas de extrema gravidade e que se entregou totalmente ao nosso país, ganhou o direito de ser cidadão timorense", afirmou Francisco Guterres Lu-Olo.

"O nosso irmão Max Stahl é tão timorense quanto nós. Solicito ao Parlamento Nacional a atenção para este caso por uma questão da mais elementar justiça", disse.

Lu-Olo falava depois de condecorar Max Stahl -- jornalista que filmou o massacre de Santa Cruz a 12 de novembro de 1991 -- com o Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto galardão que pode ser dado a um cidadão.

"As imagens de Max Stahl contribuíram muito para alterar as atitudes e ajudar a comunidade internacional a entender que, a manifestação sem medo dos jovens, representava também o desejo profundo de um povo em luta, de um povo que, pelos vistos, sendo corajoso e indomável, soube organizar-se e lutar sob o lema 'Resistir é vencer'", disse o Presidente.

Massacre de Santa Cruz, a fuga para a vida
O decreto de condecoração recorda o papel de Max Stahl, que deu visibilidade da opressão indonésia em Timor-Leste, recolhendo imagens do massacre de Santa Cruz "que influenciaram fortemente a opinião pública internacional" sobre a situação no território.

"A influência no pensamento da comunidade internacional a favor da nossa luta aconteceu graças à filmagem do massacre em Santa Cruz", refere o decreto.

"Max Stahl manifestou a sua coragem apesar de estar em situação de opressão na altura. O massacre de Santa Cruz foi considerado como um ponto de viragem da nossa luta pela libertação da pátria ocupada", nota ainda.

Manifestando "profunda emoção", o chefe de Estado explicou que a condecoração reconhece "tudo o quanto este amigo fez até à data por este país e por este povo que ajudou a libertar da cruel dominação estrangeira".

Lu-Olo recordou os que "lutaram destemidamente e, com determinação por Timor-Leste, movidos pelo dever de servir a pátria e o povo".

Manter-se caído não é opção, a luta por Timor-leste aconteceu e acontece todos os dias
Christopher Wenner, que começou a ser conhecido como Max Stahl, iniciou a sua ligação a Timor-Leste a 30 de agosto de 1991 quando, "disfarçado de turista" entrou no território para filmar um documentário para uma televisão independente inglesa.

Entrevistou vários líderes da resistência e, depois de sair por causa do visto, acabou por regressar, entrando por terra, acabando, a 12 de novembro desse ano por filmar o massacre de Santa Cruz.

"Importa aqui relembrar a sua grande coragem em filmar num dia de indescritível crueldade contra jovens indefesos", recordou Lu-Olo.

"Depois de um interrogatório de 9 a 10 horas na esquadra da polícia de Comoro, Max regressa nesta mesma noite ao cemitério de Santa Cruz, arriscando mais uma vez a sua própria vida, para retirar as cassetes enterradas numa campa recente", disse.

O material que recuperou acabou por ser tirado do país pela holandesa Saskia Kowenberg -- que deverá ser galardoada no próximo dia 28 de novembro, com as imagens a serem emitidas poucos dias depois em todo o mundo.

O Presidente recordou que, desde a independência, Max Stahl tem desenvolvido um amplo projeto para a criação em Timor-Leste de um arquivo audiovisual que ajudará a deixar registos da luta contra a ocupação para gerações vindouras.

"Max Stahl manifestou um desempenho corajoso no percurso da nossa luta. Na época depois da ocupação, Sr. Max Stahl continua a contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste, entre outras coisas, através de uma organização que se chama Centro Audiovisual Max Stahl cujas atividades estão ligadas à preservação, divulgação e desenvolvimento dos arquivos da memória histórica. Os contributos mostrados pelo corajoso jornalista e repórter de guerra merecem ser reconhecidos e valorizados.

Hoje. Max Stahl, um timorense com merecido destaque na perpétua história de Timor-Leste
O chefe de Estado disse que a história mostra que "os timorenses não estavam sozinhos durante os anos da luta" com apoio de cidadãos em vários países.

"Max Stahl veio para filmar, mas entregou-se de corpo e alma ao nosso amado Timor-Leste livre e independente.  Vive hoje em Timor-Leste com a família tendo estado a contribuir, de uma forma inexcedível, para elevar o nível profissional dos nossos repórteres", afirmou.

"Há 28 anos que comunga os nossos ideais e trabalha connosco nas horas boas e nas difíceis! Compartilha connosco as nossas vitórias e fracassos, as nossas emoções, as nossas preocupações e as nossas esperanças num país em estado de consolidação.

Stahl, que vai ter que sair temporariamente de Timor-Leste para tratamentos médicos, já tinha sido agraciado em 2009 com a Ordem de Timor-Leste, na altura com o grau de Insígnia.

ASP // FST

Imagens em Google, legendas PG

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