David Chan | Plataforma | opinião
Após algum esforço conjunto das
equipas de negociação dos dois países, parece que foi possível chegar a um
consenso na primeira fase da criação do acordo económico e comercial entre a
China e os EUA. Donald Trump parece feliz com este desenvolvimento, tendo pela
primeira vez partilhado que "também quer" um acordo. A data para a
nova ronda de tarifas era suposto ser a 15 de dezembro, o que fez com que todo
o mundo estivesse atento às decisões dos dois países. Às 22 horas e 35 minutos
(hora americana) do dia 12 de dezembro, não conseguindo dormir, Trump decidiu
publicar um tweet em que revelou estar perto de chegar a um acordo com a China.
"Eles querem acordo e nós também". Este septuagenário teimoso e
desbocado insiste que a China quer muito um acordo, e acabou assim por revelar
as suas verdadeiras intenções: Eles querem e nós também.
Não foi fácil para Donald Trump
admitir tal coisa, foi a primeira vez que o disse, tanto em público como
online. A guerra comercial sino-americana foi iniciada pelos EUA, e desde o
início que a China tem demostrado oposição e insistido que não existem
vencedores neste tipo de conflitos comerciais. Tanto a China como os EUA sairão
prejudicados, afetando ainda toda a economia mundial. O lado chinês tem tentado
resolver os conflitos através de negociações, todavia o Governo de Trump parece
obcecado em voltar atrás com a palavra, forçando a China a aceitar as
exigências e pondo em causa a dignidade do país. Esta atitude enfureceu
claramente o povo chinês, e em resposta a Washington, a China impôs-se:
"Aberta a negociações; Pronta a lutar até ao fim; Não se deixando
enganar". Agora, mais de uma dezena de negociações depois, os EUA estão a
perder a vantagem económica sobre a China. Os dois lados entraram numa nova
fase que revelou a vantagem política que a China tem sobre os EUA, o que acaba
por destruir a confiança de Trump na reeleição. A confissão de Trump parece por
isso mais urgente para ele do que para a China. O processo de reeleição nos EUA
já teve início, tal como o processo de tentativa de destituição do presidente
americano. Assim sendo, se os EUA não chegarem a acordo com a China, o país irá
sofrer consequências graves a nível interno e externo, incluindo no processo de
reeleição. Aproximando-se a época natalícia, ao longo das negociações entre os
dois países parecia que a imposição de tarifas sobre exportações chinesas no
valor total de 165 mil milhões de dólares seria algo inevitável. Mas trata-se
de produtos essenciais para os americanos. Tanto o Pai Natal como o próprio povo
americano são contra estas taxas, e se Trump for contra a sua vontade, os
eleitores irão revoltar-se. Por isso é que Trump, honestamente, também quer
chegar a um acordo.
Trump passou de afirmar que não
aceitaria nenhum acordo, e de que a China era a única impaciente a negociar, a
aceitar esta primeira fase. Porém queremos ainda ver o presidente americano a
diminuir as defesas gradualmente, pois a China nunca irá pôr em causa a
soberania ou dignidade. O país irá sempre manter a calma, ao contrário de
Trump. E quando a pessoa com quem se negoceia é desbocada e governa o seu país
através do Twitter, é preciso estar sempre alerta. Todavia, mais uma vez, não
existem vencedores numa guerra comercial, nem perdedores num acordo.