Martinho Júnior, Luanda
O Médio Oriente Alargado está a sul da região do Círculo Polar Ártico onde a Federação Russa está mais activa nas explorações de petróleo, gaz e outras riquezas minerais, assim como no delineamento da Rota Marítima do Norte, (Iamália Nenets) precisamente no lado oposto ao Afeganistão e Paquistão (AfPaq) e ao expansionismo turco no Médio Oriente Alargado, na enorme massa continental Euro-Asiática,
Todos os indicadores que emanam da evolução da situação no Médio Oriente Alargado nos atiram para a interpretação de que se está a viver um “momento de viragem”, que será ainda longo mas irreversível, em função das actividades que ocorrem no miolo continental, desde a costa setentrional do Ártico, à Ásia Central e às costas quentes do Índico (e seus braços do Golfo Pérsico e Mar Vermelho), Mar de Aral, Mar Cáspio, Mar Negro e Mediterrâneo Oriental.
A geoestratégia da progressão das Novas Rotas da Seda de leste para oeste, reforçadas agora com o impulso do “Regional Comprehensive Economic Partnership, RCEP”, vão sacudir ainda com mais vigor esse passo de transição decisivo!
Oleodutos, gasodutos, rodovias, ferrovias, rotas marítimas, nós comerciais e nós industriais progridem de tal forma que fazer comércio e não guerra é um processo cuja lógica é imparável apesar dos contraditórios que aqui e ali ocorrem!…
É evidente que em resultado da actividade proactiva é espectável a emanação de contraditórios reactivos, alguns deles formulados a partir de culturas tradicionais de resistência, susceptíveis de serem exploradas pelo império da hegemonia unipolar em função do colonialismo de então e dos radicalismos hoje possíveis de disseminar…
O império da hegemonia unipolar, com suas redes de influência “stay behind” de carácter “radical” não desiste dos projectos “coloridos” e “primaveris” que desembocam na disseminação, de terrorismo, de caos, ou de desagregação!
O império está a ser confrontado com isso de forma disjuntiva: ou alinha com a emergência diluindo os seus interesses de forma “emparceirada”, ou está-se autocondenando e aos seus vassalos, coligados e directos parceiros, no pântano do terrorismo, do caos e da desagregação que tem vindo a semear desde o início da última década do século XX…