quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Ataque armado no centro de Moçambique faz quatro mortos


Primeiro ataque armado no centro de Moçambique, desde que começou o segundo mandato de Filipe Nyusi, termina com mortes e destruição na aldeia de Macorococho. A polícia promete pronunciar-se sobre o caso oportunamente.

No início da noite de segunda-feira (20.01), homens armados não identificados atacaram o centro de saúde de Macorococho, na província de Sofala, em Moçambique. Os atacantes dispararam contra o centro e, depois, atearam fogo ao edifício, deixando quatro pessoas mortas.

Segundo relatos do morador António Chiranga, eles "chegaram mesmo no hospital e começaram a disparar. Lá queimaram o hospital e a casa do senhor chefe que vive lá, queimaram e começaram a atacar as pessoas, no hospital, começaram a atacar outras pessoas", afirmou António.

O morador fugiu para as matas durante o ataque e, esta terça-feira (21.01), teve de procurar refúgio na vila-sede do distrito, Nhamatanda. Segundo fontes locais, os atacantes roubaram vários medicamentos do centro de saúde. Os homens atearam ainda fogo a outras casas, incluindo a do chefe da aldeia.

Primeiro ataque na era Nyusi

O ataque é o primeiro na região centro do país desde a tomada de posse do Presidente Filipe Nyusi, a 15 de janeiro, e segue-se a uma série de incêndios ocorridos na mesma zona, em sedes do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no final de dezembro.

"Começaram por sedes da FRELIMO e depois ficou-se durante quatro semanas e depois começou isto", afirmou Chiranga.

A polícia promete pronunciar-se sobre o caso oportunamente. Até à tarde desta terça-feira (21.01), a região estava inacessível devido às chuvas fortes que se abateram sobre a província. 

Ligações com a RENAMO

Entretanto, na segunda-feira (20.01), dois antigos deputados do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), foram ouvidos pela Procuradoria Provincial de Sofala.

As autoridades suspeitam que Sandura Ambrósio e Manuel Bissopo estejam ligados à autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, um grupo dissidente do partido que é apontado como autor dos ataques no centro de Moçambique. Até agora, as autoridades não divulgaram o que foi falado nas audições.

Arcénio Sebastião | Deutsche Welle

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