O candidato derrotado nas
presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, admitiu hoje (01.01)
impugnar os resultados eleitorais para, segundo diz, garantir que correspondem
à vontade dos guineenses.
"Depois de tudo o que vi,
ouvi e sei não tenho dúvidas que o povo guineense nestas eleições presidenciais
deu-nos a vitória, sim. Eu não tenho dúvidas de que conquistámos a vitória
nestas eleições presidenciais e a minha primeira palavra é dirigida aos milhares
de militantes e simpatizantes do nosso partido", afirmou Simões Pereira,
perante dezenas de apoiantes na sede do partido.
Segundo os resultados
provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) nesta
quarta-feira (01.01), Umaro
Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática
(MADEM-G15) venceu o escrutínio da segunda volta com 53,55% dos votos, enquanto
Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), conseguiu 46,45%.
"Se tenho a convicção que o
povo guineense nos dá a vitória nestas eleições presidenciais significa que os
resultados provisórios agora publicados pela CNE estão profundamente
impregnados de irregularidades, de nulidades, de manipulações, que
consubstancia e une àquilo que consideramos um roubo e não podemos
aceitar", disse.
Impugnação dos resultados
"Nós vamos propor a impugnação
destes resultados", afirmou em crioulo o candidato do PAIGC. Segundo
Domingos Simões Pereira, é preciso não só lutar, mas trazer "limpeza e
clareza a todos os eventuais elementos que contribuem para adulterar e
falsificar aquilo que foi a vontade do povo".
Já em declarações aos jornalistas
em português, Domingos Simões Pereira lamentou que perante as "evidências
que foram produzidas e que questionam a verdade democrática" e dos
resultados que foram divulgados, a plenária da CNE não os tenha tido em conta.
Domingos Simões Pereira disse
ainda que aquela é a sua avaliação e que vai reunir-se com os órgãos do
PAIGC para "ouvir a consistência" dos elementos que estão na posse do
partido e em função disso "tomar uma decisão".
Credibilidade
Questionado sobre quais os
elementos que podem pôr em causa a credibilidade dos resultados, Domingos
Simões Pereira afirmou que são vários e exemplificou com um apoiante do
candidato adversário que decidiu fazer campanha eleitoral no dia das eleições à
frente de assembleias de voto.
"Isto a acontecer
beneficiando de um aparato militar de proteção é um atentado à liberdade de
escolha que os cidadãos devem poder exercer no momento da votação",
afirmou.
Em relação ao próprio ato
eleitoral, Simões Pereira disse que "há ciclos eleitorais em que o
somatório dos votantes ultrapassa o número dos inscritos".
"É demasiado flagrante para
isso escapar à atenção da entidade que está a apurar esses dados", frisou.
Nas declarações aos apoiantes,
Domingos Simões Pereira pediu serenidade e disse que aquela luta era política e
para ser dirimida pelos mecanismos democráticos.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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