sábado, 25 de janeiro de 2020

Uma multidão nas ruas de Bagdade exige a saída das tropas norte-americanas


Milhões de pessoas juntaram-se na capital iraquiana para denunciar a presença militar dos EUA no país. A mobilização é vista como a segunda grande marcha na história do Iraque contra a ocupação estrangeira.

Iraquianos de «todas as províncias» juntaram-se em Bagdade na sexta-feira (24.01), indica a PressTV, referindo-se à informação divulgada pela cadeia iraquiana al-Ahd. Os manifestantes exibiram cartazes e gritaram palavras de ordem contra Isreal e os EUA, e a exigir a expulsão das forças militares norte-americanas.

Sobre o número de participantes na marcha, o comandante da Polícia Federal iraquiana, Jafar al-Batat, afirmou que havia «mais de um milhão de pessoas a manifestar-se nas ruas de Bagdade». Por seu lado, o portal Iraq & Middle East Updates afirmou que a marcha tinha «mais de oito quilómetros de ruas cheias de gente» e referiu-se a «milhões de iraquianos que exigem a retirada total das forças norte-americanas do Iraque».


A mobilização desta sexta-feira surge na sequência do apelo feito na semana passada pelo clérigo xiita Moqtada al-Sadr para que os seus compatriotas realizassem uma «marcha de um milhão, forte, pacífica e unida, para condenar a presença americana e as suas violações».

Dirigindo-se aos iraquianos esta quinta-feira, al-Sadr pediu-lhes que defendam «a soberania e a independência do país», e que expulsem «os tiranos», refere a PressTV.

Recorde-se que o Parlamento iraquiano votou a favor de uma resolução em que se exige a retirada do país árabe das tropas norte-americanas e das demais forças por elas comandadas, no passado dia 5 de Janeiro, dois dias depois de Washington ter assassinado, nas imediações do aeroporto de Bagdade, o general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds dos Guardiães da Revolução Islâmica iraniana, e Abu Mahdi al-Muhandis, subcomandante das Unidades de Mobilização Popular iraquianas (UMP; Hashd al-Shaabi, em árabe).

"Hora zero no confronto com os EUA"

Em declarações ao canal de TV libanês Al-Mayadeen, Jaafar al-Husseini, porta-voz do grupo de resistência Kata'ib Hezbollah (que integra as UMP), disse que serão usados «outros meios» contra as tropas norte-americanas se estas não saírem do país.

Por seu lado, Firas al-Yasser, membro da comissão política do movimento Harakat Hezbollah al-Nujaba, disse numa entrevista à agência iraniana Tasnim que as mobilizações de hoje marcam «um novo capítulo» nas relações do Iraque com os EUA. «Acreditamos que chegámos à hora zero no confronto com os EUA», afirmou.

Qais al-Khazali, líder do Asa'ib Ahl al-Haq, organização da resistência que também integra as UMP, referiu-se às manifestações de hoje como uma «segunda revolução», um século depois da Grande Revolução Iraquiana de 1920. Então, os iraquianos levaram a cabo enormes marchas contra a ocupação estrangeira, exigindo que os ocupantes britânicos saíssem do país.

AbrilAbril | Imagem: Iraq & Middle East Updates

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