sexta-feira, 6 de março de 2020

A AFIRMAÇÃO DO CÍRCULO 4F


Martinho Júnior, Luanda 

Liberdade?

Conhecemos seu ponto de partida, que é um imprescindível e inequívoco ponto de ruptura e um primeiro passo no degrau em busca de vida…

Mas depois, de utopia em utopia, entremeada com tanta coisa que se vai conseguindo a pulso realizar, subindo a escada de degrau em degrau, há uma longa ascendência que nos transporta hoje à necessidade de paz, da sobrevivência das espécies, de respeito pelo planeta, à ampla necessidade de vida por que afinal também a espécie humana está em risco de desaparecer, à mercê da irracionalidade do próprio homem!...

01- As situações que os povos de Angola e da Venezuela Bolivariana têm vivido na sua legítima ânsia de luta pela independência, pela soberania, pela liberdade, pela paz e pela democracia, ainda que em compassos distintos, têm muito energia similar, para além do que evocámos previamente em “O Círculo 4F” a propósito do 4 de Fevereiro afinal um fluido histórico tão em comum! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/o-circulo-4f-martinho-junior.html).

De facto, os dois povos têm experimentado alargados desafios internos e nos espaços de inserção das duas nações, dos dois estados e povos, com amplas implicações continentais e transatlânticas por via do tecido humano de todo o hemisfério sul:

. Angola teve um papel-chave na legítima luta armada de libertação em África, de Argel ao Cabo, por que foi decisiva tanto nas linhas da frente informais (da Tanzânia ao Congo Brazzaville entre 1965 e 1967 e na Zâmbia, sobretudo a partir de 1968 – https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/em-1965-passou-por-africa-um-meteorico.html), como na Linha da Frente contra o “apartheid”, entre 1975 e 1991 e como ainda na luta contra um etno-nacionalismo exacerbado que se tornou cristalizada sequela, entre 1992 e 2002; hoje Angola tem um experimentado papel-chave na pacificação do continente africano, sobretudo na África subsaariana (África Central, Golfo da Guiné e África Austral)! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/o-primeiro-comandante-em-chefe-de.html).

. A Venezuela Bolivariana por seu turno, tem sido decisiva na sua vocação libertária e pacífica aberta a todo o continente americano, segundo os rasgados horizontes de Simon Bolivar para a América, sobretudo desde a ascensão revitalizadora do Comandante Hugo Chávez logo no início do século XXI, há 20 anos (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/as-longas-arterias-abertas-da-patria.html); a luta tem sido feita enfrentando o anátema neocolonial imposto por sucessivas administrações estado-unidenses aos povos latino-americanos, utilizando agora a instrumentalização neoliberal e semeando a barbárie num continente ávido de paz! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/12/alba-itinerante-vulcao-da-america.html).

A trincheira da liberdade tem sido intensa e quantos obstáculos, quantos nocivos enredos, quantas contradições, quantas vicissitudes que amarram os povos a um subdesenvolvimento crónico, quantas tensões e até quantos conflitos foram enfrentados e vão-se ainda ter de enfrentar, por que a luta é longa e o pendor para a barbárie continua a ter um peso de tal ordem que a civilização humana tarda, ainda que o homem, com mais de 7.000 milhões de seres em vida, comece a estar à beira do abismo enquanto espécie em risco de desaparecer!... (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/05/chavez-por-siempre/#.Xl_hnyZCdjohttp://m.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2013/8/37/Legado-Agostinho-Neto-marca-politica-Angola,be8a33d7-d0f3-41b4-898d-fc06b56371cb.html).



02- Em Angola o génio de António Agostinho Neto por duas vezes foi determinante na generalização da luta armada, em nome da afirmação e da vida do povo angolano, assim como em nome da vida e mobilizando os povos da África subsaariana em busca de autodeterminação, independência, soberania, paz, socialismo e liberdade! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/o-primeiro-comandante-em-chefe-de.html).

A necessidade do líder evocar a determinante generalização da luta armada fez-se sentir em épocas de responder aos desafios e resgates impostos pelo colonialismo e pelo “apartheid”, em dois tempos distintos mas sucessivos: (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-i.htmlhttp://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-ii.htmlhttp://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-iii.html).

. Em 1966, na sequência da abertura da Frente Leste (IIIª Região Político Militar), essa vocação de vanguarda impôs-se a uma guerrilha que procurou penetrar tão profundamente quanto foi possível a exíguos recursos, num rumo de Não Alinhamento activo apontado ao momento tático da tomada do poder em Luanda, que apesar de tantas contrariedades, sacrifícios, desafios e riscos, se veio a consumar a 11 de Novembro de 1975!

. De 1975 a 1991, a generalização da luta armada teve de continuar em todo o espaço nacional e solidariamente para fora dele, no âmbito da Linha da Frente, num imprescindível internacionalismo proletário vocacionado para a libertação dos povos do Zimbabwe, da Namíbia e da África do Sul, então bastião da internacional fascista por via do “apartheid”!... (http://paginaglobal.blogspot.com/2016/10/agostinho-neto-um-imprescindivel-na.html).

Na nossa memória estão as constantes palavras de ordem de António Agostinho Neto, respeitadas por todo o povo angolano e povos irmãos, das quais destaco pelo imperativo legítimo da luta e pelo vigor da sua energia vital, as seguintes:

“O mais importante é resolver os problemas do povo”;

“De Cabinda ao Cunene e do mar ao leste, um só povo, uma só nação”;

“Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul, está a continuação da nossa luta”…


03- Na Venezuela Bolivariana o conceito cívico-militar imprescindível para alimentar o empenho da revolução socialista e bolivariana tornou-se essencial para mobilizar as energias populares de forma a, buscando sempre vias da autodeterminação, da paz, da democracia participativa e protagónica, do Não Alinhamento activo, se ganhar o espaço humano e sociopolítico galvanizador das ideias libertárias de Simon Bolivar em consonância com as mais legítimas aspirações libertárias da América e com um universo emergente multipolar! (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-31.html).

Logo no início do século XXI, na sequência do Referendo de que saiu vitorioso que foi realizado nos últimos dias de 1999, o Comandante Hugo Chavez já Presidente da Venezuela Bolivariana, deu início ao plano Pátria 2000, no arranque das extensivas respostas para fazer face ao estendal neocolonial imposto pelo império da hegemonia unipolar a toda a América e particularmente à América Latina! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/26/no-alineamiento-activo-pilar-imprescindible-de-la-paz-global/).

Paulatinamente e tendo em conta não só a transversalidade dos fenómenos neoliberais que alimentam os propósitos neocoloniais, mas também o carácter do próprio neocolonialismo de pendor expansionista na América, o Presidente Hugo Chavez e o Presidente Nicolas Maduro, seu sucessor na imensa saga bolivariana, centraram-se na aplicação do conceito cívico-militar à resistência popular cada vez mais generalizada em defesa dos nobres ideais de Bolivar! (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de.htmlhttp://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/13/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de-merito-em-beneficio-de-toda-a-humanidade-ii/http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de_23.html)

Esse foi um procedimento eminentemente dialético face ao antagonismo dos regimes das oligarquias Latino Americanas que fazem com que a democracia representativa limite o poder reduzindo-o estritamente aos seus próprios interesses e conveniências à sombra do expansionismo secular do império!

Essa visão estratégica e dialética, passou a levar em atenção sobretudo o papel avassalado da oligarquia colombiana que agora, com outros de seus pares e respondendo à hegemonia unipolar do império expansionista, impõe desafios de elevados riscos em termos dos novos conceitos de guerras de geometria variável e da transversalidade dos fenómenos neoliberais!... (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/07/que-es-el-chavismo/#.Xl_f4SZCdjo).

A 8 de Agosto de 2010, a propósito da “Arquitectónica Sul Americana” (Linhas de Chavez – http://www.cubadebate.cu/opinion/2010/08/08/la-arquitectonica-suramericana/#.Xl1-GCZCdjo), o Comandante escrevia assim:

“La piedra fundamental de la libertad suramericana, para decirlo con el padre Bolívar, ya ha sido puesta. No vacilaremos nunca más, porque sería perdernos. Y quién sabe si la historia nos concedería en las próximas edades otra oportunidad tan maravillosa como lo que vivimos ahora mismo en nuestro tiempo.

Necesitamos defender el gran edificio de nuestra liberación: la arquitectónica suramericana que, entre todas y todos, estamos levantando. No desmayaremos, ni un instante, y no nos dejaremos intimidar por la recomposición de fuerzas del imperio en las principales regiones estratégicas del globo terráqueo.

No nos asustan las amenazas de Washington. No estamos solos, quiero reiterarlo, y nuestras acciones, y las de los Pueblos hermanos, nunca están ni estarán al margen de la responsabilidad colectiva que trasciende nuestras fronteras, pero que, a la vez, permite que nos encontremos en la Patria Grande y diversa que conformamos y nos une. Estamos conscientes de que no hay soluciones nacionales: sería una simple ilusión ante el mar de problemas que agobia a la humanidad entera”...


04- As rupturas, tão necessárias quão legítimas, dos povos bolivariano e angolano, face ao colonialismo e ao “apartheid” em África, face ao neocolonialismo de modelo neoliberal na América, foram e são de natureza dialética abrindo caminho à civilização de que tanto carece o homem com e em função da história contemporânea de toda a humanidade. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/14/un-breve-balance-entre-el-valor-y-el-precio-de-la-libertad/).

São colectivas provas de vida que respiram oxigenadas o pensamento estratégico de dois líderes, o Comandante Hugo Chávez e o Presidente António Agostinho Neto que se empenharam a fundo num Não Alinhamento activo capaz de gerar unidade, solidariedade e internacionalismo por todo o sul, por toda a esmagadora maioria de povos, nações e estados membros da Organização das Nações Unidas! (http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/um-movimento-que-vem-de-longe.html).

Sem a consistência cívico-militar, sem a generalização da luta armada, jamais se teria capacidade para vencer os desafios, os riscos e os obstáculos que os dois povos enfrentaram e têm ainda de enfrentar em proveito da civilização urgente para toda a humanidade! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/07/independencia-soberania-e-paz-para.html).

Essa telúrica força transatlântica que une pois a Venezuela Bolivariana a Angola, os progressistas da América aos progressistas do continente berço da humanidade, é fortalecida com o exemplo de outros mais internacionalistas solidários e dignos, como aqueles forjados na heróica Cuba, que com os seus melhores filhos na escala de centenas de milhar de dignos seres humanos, reforçaram em África a luta armada de libertação nacional de Argel ao Cabo e hoje, nos dois continentes, são exemplo nos aportes de educação e saúde que apressam a chegada dos factores éticos, morais e práticos de civilização, ali onde ela é mais que indispensável!

Desde o conceito de libertação irradiado a partir do 4 de Fevereiro de 1961 e do 4 de Fevereiro de 1992, os povos sentem a responsabilidade imensa duma vital herança: (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/02/dois-momentos-taticos-decisivos.html).

Face ao grau de subdesenvolvimento crónico que nos afecta em comum, o que nos une, o que nos une mesmo na imprescindível civilização que nos pode salvar do abismo do fim da espécie humana é ainda, conforme nos ensinam os maiores do Não Alinhamento activo, a ideologia, não a geografia! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/26/no-alineamiento-activo-pilar-imprescindible-de-la-paz-global/).

Imenso respeito pela memória e legado do Comandante Hugo Chavez e do Presidente António Agostinho Neto! (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/05/el-legado-de-chavez/#.Xl_nwCZCdjo).

Gloria al bravo pueblo, que el yugo lanzó, la ley respetando
la virtud y honor!…

Honremos o passado e a nossa história, construindo no trabalho o homem novo!...

Martinho Júnior

Luanda, no 7º Aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chávez, 5 de Março de 2020.

4 imagens do Comandante Hugo Chavez e do Presidente António Agostinho Neto.

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