Martinho Júnior, Luanda
Liberdade?
Conhecemos seu ponto de partida,
que é um imprescindível e inequívoco ponto de ruptura e um primeiro passo no
degrau em busca de vida…
Mas depois, de utopia em utopia,
entremeada com tanta coisa que se vai conseguindo a pulso realizar, subindo a
escada de degrau em degrau, há uma longa ascendência que nos transporta hoje à
necessidade de paz, da sobrevivência das espécies, de respeito pelo planeta, à
ampla necessidade de vida por que afinal também a espécie humana está em risco
de desaparecer, à mercê da irracionalidade do próprio homem!...
01- As situações que os povos de
Angola e da Venezuela Bolivariana têm vivido na sua legítima ânsia de luta pela
independência, pela soberania, pela liberdade, pela paz e pela democracia,
ainda que em compassos distintos, têm muito energia similar, para além do que
evocámos previamente em “O Círculo 4F” a propósito do 4 de Fevereiro
afinal um fluido histórico tão em comum! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/o-circulo-4f-martinho-junior.html).
De facto, os dois povos têm
experimentado alargados desafios internos e nos espaços de inserção das duas
nações, dos dois estados e povos, com amplas implicações continentais e
transatlânticas por via do tecido humano de todo o hemisfério sul:
. Angola teve um papel-chave na
legítima luta armada de libertação em África, de Argel ao Cabo, por que foi
decisiva tanto nas linhas da frente informais (da Tanzânia ao Congo Brazzaville
entre 1965 e 1967 e na Zâmbia, sobretudo a partir de 1968 – https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/em-1965-passou-por-africa-um-meteorico.html),
como na Linha da Frente contra o “apartheid”, entre 1975 e 1991 e como
ainda na luta contra um etno-nacionalismo exacerbado que se tornou cristalizada
sequela, entre 1992 e 2002; hoje Angola tem um experimentado papel-chave na
pacificação do continente africano, sobretudo na África subsaariana (África
Central, Golfo da Guiné e África Austral)! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/o-primeiro-comandante-em-chefe-de.html).
. A Venezuela Bolivariana por seu
turno, tem sido decisiva na sua vocação libertária e pacífica aberta a todo o
continente americano, segundo os rasgados horizontes de Simon Bolivar para a
América, sobretudo desde a ascensão revitalizadora do Comandante Hugo Chávez
logo no início do século XXI, há 20 anos (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/as-longas-arterias-abertas-da-patria.html);
a luta tem sido feita enfrentando o anátema neocolonial imposto por sucessivas
administrações estado-unidenses aos povos latino-americanos, utilizando agora a
instrumentalização neoliberal e semeando a barbárie num continente ávido de
paz! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/12/alba-itinerante-vulcao-da-america.html).
A trincheira da liberdade tem
sido intensa e quantos obstáculos, quantos nocivos enredos, quantas
contradições, quantas vicissitudes que amarram os povos a um subdesenvolvimento
crónico, quantas tensões e até quantos conflitos foram enfrentados e vão-se
ainda ter de enfrentar, por que a luta é longa e o pendor para a barbárie continua
a ter um peso de tal ordem que a civilização humana tarda, ainda que o homem,
com mais de 7.000 milhões de seres em vida, comece a estar à beira do abismo
enquanto espécie em risco de desaparecer!... (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/05/chavez-por-siempre/#.Xl_hnyZCdjo; http://m.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2013/8/37/Legado-Agostinho-Neto-marca-politica-Angola,be8a33d7-d0f3-41b4-898d-fc06b56371cb.html).
02- Em Angola o génio de António
Agostinho Neto por duas vezes foi determinante na generalização da luta armada,
em nome da afirmação e da vida do povo angolano, assim como em nome da vida e
mobilizando os povos da África subsaariana em busca de autodeterminação,
independência, soberania, paz, socialismo e liberdade! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/o-primeiro-comandante-em-chefe-de.html).
A necessidade do líder evocar a
determinante generalização da luta armada fez-se sentir em épocas de responder
aos desafios e resgates impostos pelo colonialismo e pelo “apartheid”, em
dois tempos distintos mas sucessivos: (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-ii.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/09/angola-um-so-povo-uma-so-nacao-iii.html).
. Em 1966, na sequência da
abertura da Frente Leste (IIIª Região Político Militar), essa vocação de
vanguarda impôs-se a uma guerrilha que procurou penetrar tão profundamente
quanto foi possível a exíguos recursos, num rumo de Não Alinhamento activo
apontado ao momento tático da tomada do poder em Luanda, que apesar de tantas
contrariedades, sacrifícios, desafios e riscos, se veio a consumar a 11 de
Novembro de 1975!
. De 1975 a 1991, a generalização
da luta armada teve de continuar em todo o espaço nacional e solidariamente
para fora dele, no âmbito da Linha da Frente, num imprescindível
internacionalismo proletário vocacionado para a libertação dos povos do Zimbabwe,
da Namíbia e da África do Sul, então bastião da internacional fascista por via
do “apartheid”!... (http://paginaglobal.blogspot.com/2016/10/agostinho-neto-um-imprescindivel-na.html).
Na nossa memória estão as
constantes palavras de ordem de António Agostinho Neto, respeitadas por todo o
povo angolano e povos irmãos, das quais destaco pelo imperativo legítimo da
luta e pelo vigor da sua energia vital, as seguintes:
“O mais importante é resolver os
problemas do povo”;
“De Cabinda ao Cunene e do mar ao
leste, um só povo, uma só nação”;
“Na Namíbia, no Zimbabwe e na
África do Sul, está a continuação da nossa luta”…
03- Na Venezuela Bolivariana o
conceito cívico-militar imprescindível para alimentar o empenho da revolução
socialista e bolivariana tornou-se essencial para mobilizar as energias
populares de forma a, buscando sempre vias da autodeterminação, da paz, da
democracia participativa e protagónica, do Não Alinhamento activo, se ganhar o
espaço humano e sociopolítico galvanizador das ideias libertárias de Simon
Bolivar em consonância com as mais legítimas aspirações libertárias da América
e com um universo emergente multipolar! (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/08/rapidinhas-do-martinho-31.html).
Logo no início do século XXI, na
sequência do Referendo de que saiu vitorioso que foi realizado nos últimos dias
de 1999, o Comandante Hugo Chavez já Presidente da Venezuela Bolivariana, deu
início ao plano Pátria 2000, no arranque das extensivas respostas para fazer
face ao estendal neocolonial imposto pelo império da hegemonia unipolar a toda
a América e particularmente à América Latina! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/26/no-alineamiento-activo-pilar-imprescindible-de-la-paz-global/).
Paulatinamente e tendo em conta
não só a transversalidade dos fenómenos neoliberais que alimentam os propósitos
neocoloniais, mas também o carácter do próprio neocolonialismo de pendor
expansionista na América, o Presidente Hugo Chavez e o Presidente Nicolas
Maduro, seu sucessor na imensa saga bolivariana, centraram-se na aplicação do
conceito cívico-militar à resistência popular cada vez mais generalizada em
defesa dos nobres ideais de Bolivar! (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de.html; http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/10/13/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de-merito-em-beneficio-de-toda-a-humanidade-ii/; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/a-vitoria-do-psuv-e-uma-pitada-de_23.html)
Esse foi um procedimento
eminentemente dialético face ao antagonismo dos regimes das oligarquias Latino
Americanas que fazem com que a democracia representativa limite o poder
reduzindo-o estritamente aos seus próprios interesses e conveniências à sombra
do expansionismo secular do império!
Essa visão estratégica e
dialética, passou a levar em atenção sobretudo o papel avassalado da oligarquia
colombiana que agora, com outros de seus pares e respondendo à hegemonia
unipolar do império expansionista, impõe desafios de elevados riscos em termos
dos novos conceitos de guerras de geometria variável e da transversalidade dos
fenómenos neoliberais!... (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/07/que-es-el-chavismo/#.Xl_f4SZCdjo).
A 8 de Agosto de 2010, a
propósito da “Arquitectónica Sul Americana” (Linhas de Chavez – http://www.cubadebate.cu/opinion/2010/08/08/la-arquitectonica-suramericana/#.Xl1-GCZCdjo),
o Comandante escrevia assim:
“La piedra fundamental de la
libertad suramericana, para decirlo con el padre Bolívar, ya ha sido puesta. No
vacilaremos nunca más, porque sería perdernos. Y quién sabe si la historia nos
concedería en las próximas edades otra oportunidad tan maravillosa como lo que
vivimos ahora mismo en nuestro tiempo.
Necesitamos defender el gran
edificio de nuestra liberación: la arquitectónica suramericana que, entre todas
y todos, estamos levantando. No desmayaremos, ni un instante, y no nos
dejaremos intimidar por la recomposición de fuerzas del imperio en las principales
regiones estratégicas del globo terráqueo.
No nos asustan las amenazas de
Washington. No estamos solos, quiero reiterarlo, y nuestras acciones, y las de
los Pueblos hermanos, nunca están ni estarán al margen de la responsabilidad
colectiva que trasciende nuestras fronteras, pero que, a la vez, permite que
nos encontremos en la Patria Grande y diversa que conformamos y nos une.
Estamos conscientes de que no hay soluciones nacionales: sería una simple
ilusión ante el mar de problemas que agobia a la humanidad entera”...
04- As rupturas, tão necessárias
quão legítimas, dos povos bolivariano e angolano, face ao colonialismo e
ao “apartheid” em África, face ao neocolonialismo de modelo
neoliberal na América, foram e são de natureza dialética abrindo caminho à
civilização de que tanto carece o homem com e em função da história
contemporânea de toda a humanidade. (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/04/14/un-breve-balance-entre-el-valor-y-el-precio-de-la-libertad/).
São colectivas provas de vida que
respiram oxigenadas o pensamento estratégico de dois líderes, o Comandante Hugo
Chávez e o Presidente António Agostinho Neto que se empenharam a fundo num Não Alinhamento
activo capaz de gerar unidade, solidariedade e internacionalismo por todo o
sul, por toda a esmagadora maioria de povos, nações e estados membros da
Organização das Nações Unidas! (http://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/um-movimento-que-vem-de-longe.html).
Sem a consistência
cívico-militar, sem a generalização da luta armada, jamais se teria capacidade
para vencer os desafios, os riscos e os obstáculos que os dois povos
enfrentaram e têm ainda de enfrentar em proveito da civilização urgente para
toda a humanidade! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/07/independencia-soberania-e-paz-para.html).
Essa telúrica força
transatlântica que une pois a Venezuela Bolivariana a Angola, os progressistas
da América aos progressistas do continente berço da humanidade, é fortalecida
com o exemplo de outros mais internacionalistas solidários e dignos, como
aqueles forjados na heróica Cuba, que com os seus melhores filhos na escala de
centenas de milhar de dignos seres humanos, reforçaram em África a luta armada
de libertação nacional de Argel ao Cabo e hoje, nos dois continentes, são
exemplo nos aportes de educação e saúde que apressam a chegada dos factores
éticos, morais e práticos de civilização, ali onde ela é mais que
indispensável!
Desde o conceito de libertação
irradiado a partir do 4 de Fevereiro de 1961 e do 4 de Fevereiro de 1992, os
povos sentem a responsabilidade imensa duma vital herança: (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/02/dois-momentos-taticos-decisivos.html).
Face ao grau de
subdesenvolvimento crónico que nos afecta em comum, o que nos une, o que nos
une mesmo na imprescindível civilização que nos pode salvar do abismo do fim da
espécie humana é ainda, conforme nos ensinam os maiores do Não Alinhamento
activo, a ideologia, não a geografia! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/07/26/no-alineamiento-activo-pilar-imprescindible-de-la-paz-global/).
Imenso respeito pela memória e
legado do Comandante Hugo Chavez e do Presidente António Agostinho Neto! (http://www.cubadebate.cu/opinion/2018/03/05/el-legado-de-chavez/#.Xl_nwCZCdjo).
Gloria al bravo pueblo, que el
yugo lanzó, la ley respetando
la virtud y honor!…
la virtud y honor!…
Honremos o passado e a nossa
história, construindo no trabalho o homem novo!...
Martinho Júnior
Luanda, no 7º Aniversário do
desaparecimento físico do Comandante Hugo Chávez, 5 de Março de 2020.
4 imagens do Comandante Hugo
Chavez e do Presidente António Agostinho Neto.
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