Catarina Barros de Sousa, 51 anos, deu muito às crianças de São Tomé |
Após uma missa, portugueses e
são-tomenses rumaram juntos, em cortejo, até ao aeroporto, numa homenagem a
Catarina Barros de Sousa. O velório da portuguesa de 51 anos, que foi
assassinada de forma violenta na segunda-feira, realiza-se sexta-feira às 10.00,
na Basílica da Estrela. Suspeito do crime foi detido.
Foi uma última homenagem que
reuniu portugueses e são-tomenses na Igreja da Sé de São Tomé, onde foi
celebrada uma missa por Catarina Barros de Sousa, a portuguesa de 51 anos que
foi vítima de homicídio na segunda-feira - a Polícia Judiciária local
deteve esta quinta-feira o funcionário de hotel suspeito da autoria do crime. As
pessoas rumaram em cortejo até ao aeroporto, de onde o corpo seguiu para
Lisboa. Esta sexta-feira, o velório decorre às 10.00 na Basílica da
Estrela e o funeral realiza-se às 15.00 no cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
O suspeito do homicídio é um
funcionário do hotel gerido pela vítima e foi detido pela PJ de São Tomé. Será
sexta-feira presente às autoridades judiciais. Terá atuado num quadro de
vingança, após ter sido descontado uma parte do seu salário devido
a ausências ao trabalho.
Esta quinta-feira de manhã, a
catedral da capital do arquipélago encheu. Várias pessoas usaram da palavra
para fazerem o elogio de Catarina Barros de Sousa, a portuguesa que adotou São
Tomé - tinha dupla nacionalidade -, onde vivia há 12 anos. Junto à Sé, houve
manifestações de pesar e homenagem à luso-são-tomense. Foi uma cerimónia
"com grande emoção", descreveu uma portuguesa que participou também
no cortejo fúnebre até ao aeroporto, numa última despedida.
Catarina Sousa foi encontrada
morta na segunda-feira ao fim da tarde no seu gabinete no hotel Mucumbli, uma
unidade de turismo ecológico que administrava há dois anos. O corpo tinha
vários golpes - eventualmente de catana - e estava caído junto à secretária da
portuguesa. Foi um funcionário de segurança do hotel que deu o alerta.
Esta quinta-feira (5 de março)
foi efetuada a detenção, com uma multidão a acompanhar a ação da polícia na rua
e a exigir castigo, tendo o momento sido registado em vídeo que circulou nas
redes sociais. O suspeito, que se encontrava "em parte incerta" desde
o crime, agiu num quadro de vingança, de forma muito violenta gerando revolta e
condenação na população.
Há 12 anos, a portuguesa chegou a
São Tomé numa ação de voluntariado com crianças de rua. Acabou por ficar e era
atualmente uma pessoa muito ativa na comunidade. Todos conheciam Catarina por
"andar sempre de scooter" pela ilha de São Tomé, algo raro para uma
mulher. Depois do voluntariado, trabalhou em várias empresas e instituições,
como a empresa de aviação Africa's Connection. Foi durante anos a guia
turística na Corallo, a empresa de chocolate. Fazia as visitas guiadas "e
era, por isso, conhecida de todos e de muitos turistas que passaram por São
Tomé." Há dois anos foi trabalhar para o Mucumbli, um hotel de
turismo rural e ecológico na zona norte da ilha, propriedade um casal amigo de
italianos.
"Era muito boa, dava-se bem
com toda a gente, estava sempre disponível. Fazia muito voluntariado junto de
crianças, era simpática", disse terça-feira ao DN Tiziano Pisoni, ainda
abalado com a brutalidade do crime para o qual ainda não tem uma explicação.
"A investigação policial ainda decorre."
O governo português falou esta
quinta-feira sobre o caso. "Estamos a acompanhar todos os procedimentos.
Trata-se de uma cidadã luso-são-tomense e aplicam-se as regras próprias nessa
situação", declarou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros,
Augusto Santos Silva. Falando à agência Lusa na capital croata, em Zagreb,
antes de uma reunião dos chefes da diplomacia europeia, o governante português
disse que "a embaixada e a direção-geral [de Saúde] estão a trabalhar em
conjunto e também em coordenação com a respetiva família".
O executivo são-tomense, liderado
por Jorge Bom Jesus, repudiou o crime, "considerado macabro e totalmente
condenável pelo presente Governo, e por toda a comunidade são-tomense" e
transmitiu "os mais sinceros sentimentos de pesar" pela morte da
cidadã.
"O Ministério do Turismo,
Cultura, Comércio e Indústria, juntamente com a Direção-Geral de Turismo e
Hotelaria (...) reafirma o compromisso de preservar a segurança e a calma que
nos tem caracterizado enquanto destino turístico e enquanto país e recusa conviver
com qualquer ação que tente alterar o nosso modo de viver e a nossa forma
calorosa de receber a todos os que nos visitam ou escolhem viver e trabalhar
entre nós", lê-se numa nota do Governo, citada pela imprensa local.
(Atualizado às 22h00 -
05.03.2020)
David Mandim | Diário de
Notícias
Leia em Diário de Notícias:
Sem comentários:
Enviar um comentário