sexta-feira, 20 de março de 2020

Interferón, o medicamento que Cuba desenvolveu com êxito para o coronavírus


– O ocidente silencia o Interferón

Ainda que não exista uma cura eficaz contra a pneumonia viral COVID-19, causada pelo novo coronavírus, as autoridades sanitárias chinesas estão a desenvolver tratamentos eficazes que reduzem tanto quanto possível o número de mortes.

Um dos medicamentos utilizados para tratar os pacientes é o interferón alfa-2b humano recombinante, que é produzido desde o ano 2007 na empresa mista sino-cubana Changchun Heber Biological Technology (ChangHeber), localizada na província nordestina de Jilin.

Li Wenlan, directora executiva da companhia, informou que a Comissão Nacional de Saúde da China incluiu o interferón alfa-2b no seu plano de diagnóstico e tratamento para a pneumonia COVID-19, pelo que aumentou a procura do medicamento.

Fabricação cubana a contra-relógio

De acordo com a directora, não existiam grandes stocks em armazém do referido remédio e o processo de produção original e a seguir do anti-viral terminado demora pelo menos 50 dias. Contudo, se se produzir directamente com o interferón original poupa-se pelo menos dois terços do tempo.

"Ao tomar conhecimento do grave surto do novo coronavírus na China e da necessidade urgente do interferón original para a produção de medicamentos anti-virais, o lado cubano adiou seus pedidos anteriores de importação para a China", informou Li. Além disso, decidiram designar um grupo de peritos cubanos para oferecer ajuda à China.

A ChangHeber iniciou a produção a partir do interferón original de 25 de Janeiro a 14 de Fevereiro, em apenas 21 dias, puseram no mercado do país asiático a primeira partida de interferón alfa-2b humano recombinante. Até o momento estão disponíveis 190 mil unidades, aliviando em certa media a pressão da procura do anti-viral.

A experiência de um hospital de Sevilha

O interferón foi utilizado junto com outros fármacos relativos ao tratamento do VIH/Sida, no Hospital "Virgen del Rocío" de Sevilha.

Conforme explicou o médico do centro sevilhano, Miguel Ángel Benítez, o medicamento foi catalogado como um "êxito", uma vez que os pacientes respondem positivamente ao tratamento experimental.

Trata-se da aplicação de lopinavir e ritonavir – também usado para prevenir o VIH – que junto ao interferón beta, teve êxito na China e continua a ser utilizado por vários países afectados pela epidemia.

O Interferón alfa 2B, indicam os especialistas, possui um mecanismo de actuação diferente dos outros dois fármacos que estão a ser usados, mas é igualmente eficaz. O medicamento cubano é uma proteína que, de forma natural, produzem as células do ser humano quando são infectadas por un virus. "O objectivo é alertar as demais células que desenvolvem assim uma maior resistência à infecção", disseram os médicos.

Cuba foi um dos primeiros países do Terceiro Mundo a desenvolver a sua própria tecnologia para o interferón em fins da década de 1980. A ilha caribenha e o país asiático mantêm diversos projectos de cooperação em matéria de medicina e biotecnologia.

15/Março/2020

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