Díli, 12 mar 2020 (Lusa) -- O
primeiro-ministro de Timor-Leste disse hoje que o país está a "colher o
que semeou" em termos de investimento na saúde ao longo dos anos, cujas
carências são evidenciadas com a pandemia do Covid-19.
"Agora estamos a colher
aquilo que plantámos. Esperamos que daqui para a frente possamos reconduzir
melhor todo o nosso investimento no país", disse Taur Matan Ruak, após ser
questionado pela Lusa sobre as fragilidades do sistema de saúde de Timor-Leste.
Ainda assim, o chefe do Executivo
recordou que a pandemia está a esticar ao limite os sistemas de saúde de países
desenvolvidos e que Timor-Leste está a fazer "os esforços possíveis para
resolver os problemas" que vão surgindo.
"Esta situação não é só em
Timor-Leste. No mundo inteiro estão a montar tendas. Há países com sistemas de
saúde dos melhores do mundo, mas não conseguem resolver o problema, quando mais
Timor que tem um sistema fraco e infraestruturas fracas", disse.
"Itália meteu 60 milhões em
quarentena. Vi na televisão o representante do Governo da Itália a declarar que
tinham um dos melhores sistemas do mundo e que podia enfrentar [o surto] e
semanas depois vem dizer que o sistema está abarrotado", considerou.
Taur Matan Ruak falava depois do
encontro semanal com o Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo, em que a questão
do Covid-19 foi um dos aspetos dominantes da agenda.
Na reunião, explicou, deu a
conhecer as medidas já implementadas e em curso para tentar preparar o país
para o risco do novo coronavírus, numa altura em que há um caso suspeito à
espera de saber os resultados do teste.
"Medidas para tentar
controlar as entradas e para preparar o país para conseguirmos responder se
houver algum caso", disse.
Entre as medidas, o Governo
reforçou na quarta-feira as restrições a entradas no país a cidadãos
estrangeiros que tenham estado na China, Coreia do Sul, Itália e Irão como
prevenção face ao surto do novo coronavírus.
Uma medida que, disse, o Governo
reforçará caso seja necessário.
"Para já estamos a olhar
para um grupo de países com números mais elevados, com grande intensidade do
vírus. Mas se a situação o exigir e tivermos de fechar as fronteiras, estamos
preparados para fechar", sublinhou.
"Atuaremos se houver emergência.
Se a situação obrigar fecharemos as fronteiras. Mas para já a situação não
requer isso", acrescentou.
O Governo determinou já três
locais para processar eventuais casos suspeitos ou confirmados, com a clínica
de Formosa, em Díli, a servir para triagem e a clínica de Vera Cruz, também na
capital, destinada a cuidados intensivos.
"Caso o número aumente
recorremos a Tibar", disse, referindo-se ao espaço a oeste da cidade onde
há condições para receber um maior número de pessoas.
O Executivo está ainda a olhar
para outras alternativas, "com o apoio da comunidade internacional, para
preparar o que for necessário, e para responder ao desenvolver da
situação", explicou.
Taur Matan Ruak disse ainda ter
pedido hoje ao Presidente da República para que dirija uma mensagem ao país
relativamente ao Covid-19.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) declarou a doença Covid-19 como pandemia, devido aos "níveis
alarmantes de propagação e de inação".
A pandemia de Covid-19 foi
detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o
mundo, com mais de 124 mil infetados em 120 países.
Face ao avanço da pandemia,
vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena
inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave
depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que
levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
ASP // JMC
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