segunda-feira, 20 de abril de 2020

Brasil | Liderança indígena do povo Uru-eu-wau-wau é assassinada em Randónia


Ari Uru-eu-wau-wau atuava como vigilante do território no município de Jaru e vinha sendo ameaçado, segundo Apib

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou no final da tarde deste sábado (18) o assassinato do indígena Ari Uru-eu-wau-wau, no município de Jaru, em Randónia. Esse povo é um dos nove – dos quais quatro permanecem isolados – que habitam a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

Segundo a nota da Apib, ele integrava o grupo de vigilantes e protetores do território do seu povo e estava ameaçado pelos criminosos responsáveis pelas invasões e devastações na região. Ainda não há informações sobre as circunstâncias e a autoria do crime.

A Apib destaca que o crime ocorre em um momento delicado para os povos indígenas, em que se busca "intensificar ações de proteção" por conta do risco de contaminação em meio à pandemia do coronavírus no Brasil.

"Não estamos expostos apenas ao coronavírus, os crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensos violando nossos direitos e destruindo nossa natureza."

Desmatamento e invasões

De acordo com um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA), em 2019, a área dos Uru-Eu-Wau-Wau esteve entre os 13 territórios que respondem por 90% do desmatamento em terras indígenas na Amazônia brasileira.

O ISA compilou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para estimar que as derrubadas cresceram 113% em território indígena em relação a 2018.

Matança

Ari Uru-eu-wau-wau foi o segundo indígena morto violentamente em menos de 20 dias. O militante indígena Zezico Rodrigues, do povo Guajajara, foi morto com um tiro de espingarda, no dia 31 de março, no município de Arame, no Maranhão. 

Diretor do Centro de Educação Indígena Azuru, Zezico foi o quinto indígena assassinado no Maranhão em pouco mais de quatro meses. Somente a terra indígena Arariboia, à qual pertencia Zezico, já contabilizava o assassinato do líder Paulino Guajajara, morto por conflitos de terra em novembro de 2019.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | Edição: Rodrigo Chagas

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