sábado, 11 de abril de 2020

O ruído dos autarcas laranja e a chico espertice dos hospitais privados


Jorge Rocha* | opinião

A tendência confirmou-se nos últimos dias: Rui Rio tem pretendido dar ao eleitorado uma aparência de unidade nacional com o governo numa crise que, sendo nacional, exige uma concertação acima dos interesses partidários, mas os autarcas do seu partido andam a portar-se como mastins raivosos investindo contra o governo e contra a direção-geral da saúde, querendo pôr em causa os números diariamente reportados no boletim por esta última emitido. Existe um propósito claro de pôr em causa a liderança desta batalha, criando um inqualificável alarmismo tendente a alimentar a ideia de vivermos uma situação muito pior do que a efetivamente verificada.

Cabe aqui questionar qual a estratégia do PSD: estaremos perante uma manifestação de hipocrisia de Rui Rio, que joga em dois tabuleiros, num afivelando expressão simpática e assertiva para com quem combate o flagelo, mas tendo no outro os seus peões incumbidos de promoverem ataques passíveis de irem demolindo a solidez dessa luta nacional? Se os seus autarcas andam a agir por conta própria, concertados na estratégia de porem em causa as muitas notícias internacionais sobre o sucesso da resposta portuguesa à crise ele só tem de se mostrar um líder interno à altura das circunstâncias e dissociar-se dos que, nesta altura, só se limitam a produzir ruído.

Das notícias do dia também o topete dos hospitais privados que, sem assentimento do SNS, andam a aceitar internamentos de doentes com o covid 19 e intentam mandar a fatura para que sejam os cofres públicos a pagarem as faturas correspondentes. Com admirável determinação a ministra Marta Temido já os mandou aos rebuçados sendo tão flagrante a chico-espertice de compensarem os cortes nas receitas com aquilo em que são especialistas: sugarem o SNS até ao tutano para encherem as carteiras dos seus acionistas.
Acaso o governo não clarificasse rapidamente a situação não faltaria quem transitasse rapidamente dos hospitais públicos para usufruírem das mordomias dos privados sabendo que, no fim, pagariam todos os contribuintes.

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