Adulai
Baldé, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), defendeu o fim
da rede social Facebook na Guiné-Bissau para acabar com ofensas aos líderes
guineenses.
"Se
acabarmos com o Facebook vamos acabar com esta onda de insultos às pessoas de
bem. Insultar o Presidente da República, o presidente do Parlamento, o
primeiro-ministro, ministros e outras figuras, isso é mau demais",
defendeu Adulai Baldé, vulgo Nhiribui, esta segunda-feira (13.07) em
declarações à agência Lusa e RDP-África, para esclarecer o que já havia
defendido na plenária do Parlamento guineense, na semana passada.
O
deputado disse ainda ser vergonhoso ver pessoas a despirem-se no Facebook
"só porque querem ofender" os dirigentes do país. "Eu sou
radicalmente contra insultos, até já o disse aos meus camaradas do meu
partido", declarou o deputado, acrescentando estar pronto para votar
favoravelmente se um dia o Parlamento decidir aprovar uma legislação que acabe
com o Facebook na Guiné-Bissau.
Adulai
Baldé não sabe de quem é a culpa, "se dos donos do Facebook" ou se
das pessoas que publicam as obscenidades, mas não tem dúvidas de que com
aquelas práticas a democracia "nunca mais vai vingar" na Guiné-Bissau.
Vários
dirigentes do atual regime na Guiné-Bissau, nomeadamente o primeiro-ministro,
Nuno Nabiam, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzy Barbosa, e o embaixador
do país em Portugal, Hélder Vaz, foram alvos de ataques verbais por parte de
grupos de guineenses radicados em Lisboa.
Os
grupos acusam aqueles dirigentes de serem os responsáveis pelo estado do país.
O primeiro-ministro guineense também foi alvo de insultos no aeroporto em
Lisboa feito por um grupo de guineenses. Nhiribui afirmou que os grupos de
guineenses que insultaram os dirigentes no aeroporto, fazem-no a mando de
alguém, escusando-se a revelar o nome, por enquanto.
O
também deputado e líder parlamentar do Madem G-15, o jurista Abdu Mané, entende
a preocupação do colega Adulai Baldé, mas apelou aos guineenses para serem mais
contidos na forma de abordagem às figuras públicas, seja no país como no
estrangeiro. "As pessoas devem ter ponderação. Criticar é normal, chamar
atenção é normal, agora palavrões não dignificam a própria pessoa e a todos
nós", defendeu Adbu Mané, frisando que não se pode aceitar a violência
verbal gratuita.
Mané
apontou ainda ser normal aceitar o princípio do escrutínio público de figuras
que representam o Estado, mas já não é aceitável "resvalar para ofensa à
honra" das pessoas, lembrando que "há um limite de
razoabilidade".
O
deputado afirmou que a legislação sobre o assunto não deverá resolver o
problema e pediu aos guineenses que se reconciliem.
Responsabilizar
quem insulta
Abdu
Mané considerou ser "inaceitável e inadmissível" o que alguns
guineenses estão a fazer com Suzy Barbosa, que considerou ser "uma das
melhores figuras" da política atual na Guiné-Bissau.
"Gostando
ou não, a doutora Suzy é das melhores que nós temos", observou Abdu Mané,
antigo procurador-geral da República.
O
Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, anunciou na semana passada que o
Estado vai começar a controlar as comunicações no país, incluindo as redes
sociais.
Em
entrevista à Lusa, em Lisboa, o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam,
explicou que o anúncio do chefe de Estado pretende responsabilizar os cidadãos
pelos insultos feitos a governantes.
"Estamos
numa sociedade praticamente destruída em termos de comunicação e tem de se
responsabilizar as pessoas. Penso que em Portugal, uma sociedade civilizada,
não se vê o tipo de coisas que se veem em Bissau, cidadãos que insultam
governantes sem qualquer consequência", afirmou Nuno Nabiam, salientando
que foi naquela lógica que o chefe de Estado falou.
Deutsche Welle | Lusa
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